Ai Ai Ai
Pandora entra no espaço imitando os passos do tai chi, aikido
e outras artes marciais que aprendeu recentemente. Joga.
Olha para o público. Está feliz. Conheceu um japonês no
Tinder e com uma música conta-nos a sua história. Ele chama-
se Wakato e tem um metro e oitenta de altura, mas ela acha
que ele é muito pequeno, tão pequeno quanto a palma de sua
mão. Ele vem comemorar o ano novo com ela, na sua própria
casa. Ela está muito feliz, animada para recebê-lo, gaba-se de
tudo o que aprendeu sobre o universo japonês: flashes
exó 2 cos e eró 2 cos, dança oriental e também monta uma
mesa especial de origami para ele... Pandora treina o
momento do encontro. Constrói o universo possível do amor
efêmero e o instante trágico do amor bengala. Amor de
palavras e fei 2 ços milenares.
Esse momento que dura uma vida para a alma, e tão pouco
para o tempo. Um ano novo. Uma certeza, um desejo, uma
possibilidade. Pandora monta pouco a pouco uma ilusão de
papel, fugaz e eterna como o riso.Fotografia: André CruzROJO
Uma palhaça sai do interior de uma mala, transforma o
público na sua família e despede-se dele carregada de ilusões
e de muitas tralhas. Mas a viagem será interrompida por um
obstáculo: uma fronteira. Esse é o limite que permi 2 rá o jogo,
a dança e as diferentes formas de encarar aquilo que
atrapalha o nosso caminho.
Durante toda a viagem, o público será parte do espetáculo:
uma mul 2 dão que se despede acenando com lenços brancos,
uma mãe que ajuda a palhaça a ves 2 r-se, um homem que
toma café com ela na vedação de arame farpado, uma mulher
que lhe oferece uma corda para saltar ou algumas crianças
que se transformam nas colunas que sustentam o telhado da
sua casa. No final, e sempre graças à ajuda e à colaboração de
todos, ela alcançará seu obje 2 vo: a liberdade!Fotografia: André CruzLado de Dentro - Mariana e Joana Ricardo - Música
Évora - Portugal
Duas mulheres. Cantam o que gostam, em português.
Conjugando o cancioneiro tradicional português com temas
originais, O Lado de Dentro é um concerto in 2 mista com duas
vozes, um violoncelo, um adufe e um bombo.
Conta histórias vindas do interior para elas próprias, para
quem as ouve, para quem sente, para quem teme, para quem
treme e para quem se quer juntar a cantar. Cantam pela
liberdade de estar perante o outro e revelam um lugar de
onde se sai em passos pequenos e para onde se volta a correr,
de onde a música rouba oferendas para quem canta e para
quem quer escutar.Fotografia: André Cruz