O Estado de São Paulo (2020-03-19)

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A10 Esportes QUINTA-FEIRA, 19 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Ciro Campos


D


epois de passarem os


últimos dois meses


distantes da China


em pré-temporada ou com


os elencos de férias para evi-


tar o novo coronavírus, os


clubes locais começaram


nos últimos dias a voltar para


casa. Se no começo do ano o


país asiático era o epicentro
da pandemia, agora passou a

ser considerado por essas


equipes um local bem mais


seguro do que permanecer


na Europa, por exemplo, on-


de os novos casos da covid-


19 aumentaram exponencial-


mente nos últimos dias.


No mês passado, dos 16 ti-


mes da elite do futebol chi-


nês, 13 estavam em pré-tem-


porada no exterior, espalha-


dos por países como Espa-


nha, Emirados Árabes Uni-


dos, Tailândia e Japão. Em al-


guns casos, os atletas estran-


geiros foram liberados para


voltarem ao seus países e só


seriam chamados de volta


quando a situação melhorasse.


Por isso, nomes como Hulk,


Paulinho e Ricardo Goulart pas-


saram os últimos dias no Brasil.


Hulk, inclusive, marcou pre-


sença no Allianz Parque, no jo-


go em que o Palmeiras venceu o


Mirassol por 3 a 1, válido pelo


Campeonato Paulista. O joga-


dor ainda visitou o centro de


treinamento do clube alviverde


e foi convidado a manter a for-
ma por lá – parte da torcida do

clube chegou a sonhar com a


contratação do atacante.


A China tem registrado que-


da nos casos da doença, porém


continua muito atenta ao surgi-


mento de novos infectados.


Quem retorna ao país encontra


no desembarque um grande


aparato de saúde para medir fe-


bre e avaliar sintomas. Depois


disso, todos são obrigados a pas-


sar 14 dias em isolamento total,


dentro de um quarto, sem po-


der até mesmo encontrar ou-


tras pessoas.


Pelo menos cinco times da eli-


te chinesa manifestaram o inte-


resse de regressar ao país. Um


dos que já retornaram foi o Wu-


han Zall, da cidade epicentro da


pandemia. Desde janeiro a equi-


pe estava realizando sua pré-


temporada na Europa, mais pre-


cisamente na Espanha. O país,
antes usado como refúgio para

os chineses, seguiu o caminho


da Itália e vem registrando au-


mento no número de infecta-


dos dia após dia. Por isso, a dire-


toria do Wuhan Zall considerou


que entre continuar em solo eu-


ropeu em meio aos casos cres-


centes de novo coronavírus e


voltar para China, a segunda op-


ção era a mais segura.


Uma das últimas equipes a


ter desembarcado na China foi


o Chongqing Lifan. O prepara-


dor de goleiros do clube, o brasi-


leiro José Jober, contou ao Esta-


do que a rotina pelos próximos


dias será de confinamento. “Va-


mos ficar 14 dias com uma pes-


soa em cada quarto na sede do
clube, sem poder sair. Para co-

mer, um funcionário vai colo-


car a refeição em frente da nos-


sa porta. Não teremos nenhum


treino”, disse. Antes de voltar, o


time fazia pré-temporada no Ja-


pão.


As equipes que retornam à


China encontram já no avião


um pesado esquema de contro-


le de saúde. Funcionários das


companhias aéreas usam más-


caras e roupas especiais como


uniformes. Além disso, eles fa-


zem um controle da febre. “No


aeroporto tem passageiros que


se vestem com roupas especiais


também. Se estivesse no Brasil,


eu não estaria seguro do mes-


mo jeito. Temos de viver e tra-


balhar, sem desespero nem


pânico”, contou Jober.


Infectado. A China regis-


trou ontem o primeiro caso


de um jogador infectado pe-


lo novo coronavírus. Trata-


se do atacante Dori, ex-Flu-


minense e Náutico. O atleta


de 30 anos atua no Meizhou


Hakka, da segunda divisão lo-


cal, e está internado em um


hospital no sul do país. Dori


estava com o elenco na pré-


temporada na Tailândia e re-


tornou ao país na segunda-


feira. Após a confirmação do


caso, todo o elenco foi coloca-


do em confinamento.


RIO


A Confederação Brasileira de


Futebol (CBF) apresentou on-


tem seus números financeiros


relacionados a temporada de



  1. E o balanço apontou um


novo recorde – a entidade regis-


trou uma receita de R$ 957 mi-


lhões, uma elevação de 43,3%


em comparação ao ano ante-


rior. Em 2018, a cifra foi de R$


668 milhões. Os números fo-


ram divulgados após serem


aprovados, por unanimidade,


na Assembleia Geral da CBF.


Com o anúncio da receita re-


corde, a entidade ampliou sua


arrecadação pelo segundo ano


consecutivo. Antes disso, em


2017, a receita foi de R$ 590 mi-


lhões, uma queda em relação a


2016, quando registrou R$ 647


milhões. Por sinal, 2017 foi o


único ano em que a receita da


entidade caiu nos últimos dez


anos. Para efeito de compara-


ção, em 2010 a cifra era de R$


263 milhões.


A CBF atribuiu o crescimen-


to em 2019 à elevação das recei-


tas recebidas dos patrocínios


da entidade, dos direitos de


transmissão de seus campeona-


tos e ainda do Fundo de Legado


da Copa do Mundo de 2014. A


entidade não revelou as cifras


de cada item. Com a alta recei-


ta, o superávit alcançado foi de


R$ 190 milhões, um aumento de


265% em comparação a 2018, se-


gundo a entidade.


De acordo com a confedera-


ção, a maior parte desta receita,


ou R$ 535 milhões, foi investido


na própria entidade, sendo R$


215 milhões destinados ao cus-


teio das seleções masculina e fe-


minina e também da base. Ou-


tros R$ 320 milhões foram “in-


vestidos na realização de com-


petições e no fomento do fute-


bol em todos os Estados brasi-


leiros”, afirma a entidade.


“A CBF é hoje uma grande em-


presa brasileira, com gestão e re-


sultados na proporção do seu


porte. Chegamos a mais de


meio bilhão de reais investidos


no futebol nacional apenas em



  1. Se considerarmos os últi-


mos três anos, os valores aporta-


dos superam R$ 1,37 bilhão”, de-


clarou o presidente da CBF, Ro-
gério Caboclo.

A confederação ainda reve-


lou que seu ativo total ao fim de


2019 atingiu o valor de R$ 1,


bilhão. No final de 2018, era de


R$ 1,046 bilhão.


Em campo. Números à parte,


o mandatário do futebol brasi-


leiro aproveitou a divulgação


do balanço financeiro para elo-


giar o desempenho esportivo


das equipes do Brasil em várias


categorias do masculino e tam-


bém do feminino.


“Em 2019 tivemos sucesso on-


de mais importa, que é dentro


de campo. As seleções brasilei-


ras foram protagonistas no ano


que passou. Vencemos a Copa


América, a Copa do Mundo


Sub-17, o Torneio de Toulon


(hoje chamado de Torneio Mau-


rice Revello), o Sul Americano


Sub-15, além de outros torneios
de base no exterior e no Brasil.

Os times masculino e feminino


garantiram suas presenças nos


Jogos Olímpicos de Tóquio-



  1. Nossas competições fo-


ram todas concluídas com êxi-


to. O Campeonato Brasileiro te-


ve recorde de público nos está-


dios e tivemos um ano de gran-


des investimentos na seleção e


no futebol feminino”, declarou


Caboclo.


PARIS


O período de férias da Fórmula


1 foi antecipado. Tradicional-


mente agendado para o mês de


agosto, quando as equipes inter-


rompiam as suas atividades por


15 dias no verão europeu, esse


período este ano se dará entre


março e abril em 2020. E tam-


bém terá duração maior, de três


semanas, em função da pande-


mia de coronavírus, como expli-


cou ontem a Federação Interna-


cional de Automobilismo (FIA)


em comunicado oficial.


“À luz do impacto global do


coronavírus que atualmente


afeta a organização dos eventos


do Campeonato Mundial de


Fórmula 1 da FIA, o Conselho
Mundial de Automobilismo

aprovou uma alteração no Regu-


lamento Esportivo da FIA para


a F-1 2020, mudando o período


de pausa do verão de julho e


agosto para março e abril e es-


tendendo-o de 14 para 21 dias. A


mudança foi aprovada por una-


nimidade pelo Grupo de Estra-


tégia da F-1 e pela Comissão da


F-1”, informou a entidade.


Diante do anúncio da FIA, a


Red Bull se manifestou a favor


da decisão e anunciou que as fé-
rias na equipe devem ser inicia-

das em 27 de março. “Atualmen-


te planejamos encerrar em 27


de março por um período de


três semanas, no entanto, devi-


do à natureza sempre mutável


da pandemia, pode haver algu-


ma flexibilidade em torno des-


sas datas”, explicou a equipe


austríaca.


A Red Bull reconheceu que, o


ideal, é que não ela, mas todas


as equipes pudessem voltar aos


autódromos, mas ponderou


que a gravidade da pandemia es-


tá mudando a cada hora e o im-


pacto transcende o esporte.


“Portanto, concordamos com


as medidas que estão sendo to-


madas para reduzir o risco de


transmissão e apoiaremos


quaisquer adiamentos conside-


rados necessários.”


A Fórmula 1 já registrou um


caso de coronavírus, em um fun-


cionário da McLaren, revelado


dias antes da realização do GP


da Austrália, que abriria a tem-


porada no último domingo e


acabou sendo cancelado. As


três provas seguintes também


foram adiadas, ainda sem uma


data, no Bahrein, na China e no


Vietnã. A primeira prova do ca-
lendário que tem a sua data defi-

nida é o GP da Holanda, marca-


da para 3 de maio.


A corrida holandesa está vol-


tando ao campeonato justamen-


te neste ano. Mas também pode


der não ser realizada na data pre-


vista. Isso é admitido pelo pró-


prio CEO da categoria, Chase


Carey. “Entendemos que todos


querem saber o que vem a se-


guir para a Fórmula 1 em 2020.


Atualmente, não podemos dar


respostas conclusivas em fun-


ção da fluidez da situação. Con-


tudo, queremos retornar com a


temporada 2020 assim que for


seguro para fazê-lo”, disse.


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


CIFRAS


DE VOLTA


lCalendário em discussão.


A FIA e as equipes vão discutir


hoje, por e videoconferência, as


adequações necessárias ao


calendário para compensar as


provas que foram adiadas.


Fórmula 1 antecipa e também aumenta período de férias


190 milhões


de reais foi o superávit da CBF


em 2019, um aumento de 265%


na comparação ao ano anterior


535 milhões


de reais da receita da entidade


foi reinvestido no futebol


brasileiro, sendo R$ 215


milhões destinados ao custeio


das seleções masculina,


feminina e nas de base


320 milhões


de reais foram destinados para


a realização de competições


masculinas e femininas e no


fomento do futebol em todos


os Estados do Brasil


1,248 bilhão


é o valor do “ativo” atualizado


da confederação. No final de


2018, esse número era de


R$ 1,046 bilhão


LUCAS FIGUEIREDO/CBF-19/11/

Futebol. Balanço da


entidade mostra uma


elevação de 43,3% na


receita no ano passado


em comparação a 2018


Em novo recorde, CBF tem


receita de quase R$ 1 bi em 2019


Seleção em alta. Brasil faturou a Copa América em 2019


José Jober


PREPARADOR DE GOLEIROS NA CHINA

‘Se estivesse no


Brasil, não estaria


seguro do mesmo


jeito. Temos de


viver e trabalhar’


EDU BAYER/THE NEW YORK TIMES-12/3/

Alívio


APÓS EXÍLIO,


TIMES DA CHINA


RETORNAM


PARA CASA


Trabalho. Jogadores do Wuhan treinam em Marbella, na Espanha: time deixou o país europeu e voltou para a China


Equipes que buscaram refúgio em outros países


agora optam pela volta para evitar o contágio


ALBERT GEA/REUTERS-27/2/

Sensatez. A Red Bull, de Verstappen, aprovou as mudanças


Automobilismo. Com a


impossibilidade de fazer


corridas de acordo com o


calendário, categoria vai


parar por três semanas

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