%HermesFileInfo:B-2:20200319:
B2 Economia QUINTA-FEIRA, 19 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
A pandemia da covid-
impõe sacrifícios a to-
dos. Mas para alguns
setores de atividade o
choque será particular-
mente brutal, exigindo
cuidados especiais das
autoridades. É o caso do turismo, que
contribui com cerca de US$ 8,8 trilhões
para a economia mundial.
O ano de 2020 deveria ser excelente.
Algumas autoridades previam um recor-
de de receita. Em janeiro, mesmo com a
epidemia na China (a maior emissora
de turistas do mundo), a Organização
Mundial do Turismo previa um cresci-
mento de 3% a 4%. Mas, no dia 6/3, an-
tes de a Organização Mundial da Saúde
declarar a pandemia, ela estimou um
encolhimento de 1% a 3%, com perdas
de US$ 30 bilhões a US$ 50 bilhões. O
potencial de piora é evidente. O World
Travel and Tourism Council alertou que
até 50 milhões de empregos estão amea-
çados e que, no pior cenário, o setor po-
derá encolher 25%.
Cerca de 80% a 90% da cadeia produ-
tiva é composta por empresas de peque-
no e médio portes, que costumam rece-
ber poucos benefícios e isenções gover-
namentais, não têm grandes reservas
de caixa e se recuperam mais lentamen-
te de crises graves. Hotéis, operadoras
de turismo, promotores de eventos e,
sobretudo, as companhias aéreas falam
em “colapso total”.
No Brasil, enquanto as companhias
aéreas negociam com o Ministério de
Infraestrutura um pacote emergencial,
as entidades que reúnem empresas de
turismo solicitaram uma série de medi-
das urgentes ao Ministério do Turismo.
Entre elas, linhas de crédito especial na
Caixa e no Banco do Brasil, com carên-
cia de 6 meses; postergação de impostos
relativos à folha de pagamento; libera-
ção do saque do FGTS para funcionários
do setor; parecer favorável do Ministério
da Justiça quanto à remarcação de via-
gens (as empresas alegam não ter condi-
ções de devolver os valores); e alíquota
zero do Imposto de Renda nas remessas
ao exterior feitas por empresas do setor
para quitar serviços turísticos.
O Poder Executivo e, eventualmente,
o Legislativo terão de avaliar em que
medida esses pedidos são viáveis aos
cofres públicos. Mas, assim como as
autoridades sanitárias, as econômicas
precisam distinguir grupos de risco e
tratar diferenciadamente casos graves,
leves e assintomáticos. Em 2019 o turis-
mo movimentou R$ 238,6 bilhões no
Brasil e empregava quase 3 milhões de
pessoas. Mas só em março as taxas de
cancelamento chegaram a 85%. O cho-
que da pandemia no setor é gravíssimo
- para muitos será letal – e exige terapia
intensiva.
Editorial Econômico
O setor de
turismo
na UTI
E-MAIL: [email protected]
TWITTER: @COLUNADOBROAD
C
om a temporada de assembleias de acionistas das companhias de
capital aberto se aproximando, a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), o xerife do mercado de capitais, já recebeu questionamen-
to sobre a possibilidade de adiar esses eventos. A preocupação, é claro, é
em torno da disseminação do novo coronavírus, que está colocando parte
considerável do mundo em quarentena. O escritório Alves Ferreira & Mes-
quita, que representa fundos de investimento estrangeiros nessas reu-
niões, fizeram uma consulta ao regulador perguntando sobre a flexibilida-
de dos prazos, fixados na Lei das S/As. No Brasil, as assembleias – nas
quais são aprovados demonstrativos financeiros do ano anterior e even-
tuais novos conselheiros e – ocorrem por lei entre o fim de março e abril.
O
presidente Bolsonaro está de-
sesperado porque contava
com a aprovação de seu gover-
no a partir do sucesso da economia,
que ele julgava favas contadas. Imagi-
nava que poderia ostentar neste ano
crescimento do PIB de pelo menos
2,0% e, assim, arrancar legitimação pa-
ra si próprio e para os candidatos que
apoiará nas eleições de outubro.
Mas o presidente já não pode contar
com a âncora econômica. Quem proje-
ta crescimento zero para este ano pode
estar sendo otimista demais. Mais pro-
vável é que o País mergulhe na reces-
são. De que amplitude será essa queda
é coisa sujeita a todo tipo de aposta.
Se os shoppings começam a fechar,
se o comércio não essencial vai cerrar
as portas e se as vendas no varejo de
produtos essenciais serão racionadas,
como já decidiram o Pão de Açúcar e o
Carrefour, como ficará o comércio, o
setor de serviços e o resto? Parece inevi-
tável algum socorro às companhias aé-
reas e à rede de hotelaria.
Nesta quarta-feira, o Banco Central
derrubou os juros básicos (Selic) em
mais meio ponto porcentual, para os
3,75% ao ano. Não será decisão que ex-
pandirá o consumo. Sua função real se-
rá proporcionar espaço financeiro pa-
ra alívio dos endividados, especialmen-
te para as empresas que poderão, as-
sim, renegociar seus passivos em me-
lhores bases. Fica a dúvida se um corte
maior dos juros faria diferença.
Também é decisão que tem lá certo
impacto fiscal, na medida em que pode-
rá derrubar as despesas com juros do
passivo do Tesouro em alguma coisa
próxima dos R$ 8,5 bilhões por ano,
nos “cálculos conservadores” do eco-
nomista Fabio Klein, da Tendências
Consultoria. Como, no entanto, as des-
pesas com os juros da dívida federal
não sangram o caixa, porque são incor-
poradas à dívida, não haverá por isso
alívio imediato nas finanças públicas.
Mais importante do que esse tombo
dos juros para patamares inéditos se-
ria a decisão de irrigar a economia com
liquidez, como estão fazendo todos os
bancos centrais das maiores econo-
mias do mundo, providência ainda não
tomada. Nessa calamidade pública, tal-
vez seja a hora de colocar em prática a
recomendação do economista Milton
Friedman: “despejar dinheiro de heli-
cóptero”, como fizeram os grandes
bancos centrais durante a crise finan-
ceira do subprime, em 2008.
Os compromissos financeiros atin-
gem a todos num ambiente de queda
abrupta de faturamento e de renda. Es-
tamos numa economia de guerra, cuja
prioridade é conter a pandemia. Os ine-
vitáveis efeitos colaterais ficam para se-
rem contra-atacados quando der.
A principal questão política está em
aberto. Se Bolsonaro não pode mais
contar com a economia, como tentará
garantir apoio para seguir adiante?
Também não pode sair vitorioso con-
tra o vírus, porque desdenhou da pan-
demia e nega compulsivamente os fa-
tos. Num momento em que o País pre-
cisa de confiança e de liderança, o capi-
tão do barco ignora a tempestade. Ago-
ra vai levando panelaços, fator decisi-
vo na queda da presidente Dilma.
»Outro foco. O voto nas assem-
bleias pode ser feito a distância,
mas elas tradicionalmente contam
com a presença de investidores, ou
seus procuradores, além da própria
administração da companhia. Na
consulta feita à CVM, outro ponto
levantado é que a crise está afetan-
do “o bom funcionamento das com-
panhias” e trazendo desafios às ope-
rações, exatamente no momento
em que a administração precisaria
estar debruçada sobre a documenta-
ção a ser apresentada na assembleia.
O alto comando precisa convocá-la
e levar as propostas aos acionistas
com, no mínimo um mês de antece-
dência de sua realização.
»Dominó. Na semana passada, o
megainvestidor Warren Buffett can-
celou o evento presencial anual da
Berkshire Hathaway com seus inves-
tidores em Omaha, nos EUA. O en-
contro, marcado para 2 de maio, se-
rá transmitido online, sem a presen-
ça do público. Os votos de acionis-
tas poderão ser feitos por procura-
ção. Os idosos estão entre os grupos
mais vulneráveis ao coronavírus.
Buffett completa 90 anos em agosto
e Charlie Munger, seu sócio, 96.
»Índices. O pânico no mercado fi-
nanceiro mundial, com o temor de
recessão mundial causada pelo coro-
navírus, provocou forte aumento
dos negócios com fundos de índices
(ETFs, na sigla em inglês) em Wall
Street e outras partes do mundo. O
volume de negócios com esses pa-
péis bateu no nível recorde de US$
1,4 trilhão nos EUA só na semana
passada, uma das mais tensas para
Bolsas desde a crise de 2008, mos-
tra estudo da BlackRock, a maior
gestora de recursos do mundo.
»Ajuste. A explicação da Black-
Rock para o maior interesse por
ETFs é que investidores, além de
alocar capital nestas aplicações, que
replicam os mais diferentes índices,
usam também como instrumento
de gerenciamento de risco e para
ajuste de posições. De 24 de feverei-
ro a 13 de março, os ETFs responde-
ram por 38% do volume de negó-
cios das Bolsas americanas, ante mé-
dia de 27% em 2019.
»Geral. O aumento das negocia-
ções de ETFs também foi visto em
outras partes do mundo. No Méxi-
co, o volume diário na semana de 9
a 13 de março bateu em US$ 1 bi-
lhão, três vezes a média do mercado
no ano passado.
»Em casa. As empresas poderão
ter de negociar aditivos nos contra-
tos com funcionários para definir
regras para o trabalho remoto, o ho-
me office, caso esse tipo de expe-
diente seja mantido por muito tem-
po, segundo advogados dos escritó-
rios TozziniFreire e Lobo de Rizzo,
além do Ministério Público do Tra-
balho, consultados pela Coluna. Es-
sa modalidade se tornou a principal
alternativa de empresas para mitigar
os riscos de propagação do coronaví-
rus e, ao mesmo tempo, não inter-
romper as atividades. Mas a legisla-
ção trabalhista prevê que as condi-
ções para o home office devem ser
definidas em contrato.
»A regra é clara. A lei prevê um
aditivo contratual esclarecendo, por
exemplo, se há algum tipo de despe-
sa a ser compartilhada entre empre-
gado e empregador (como energia
elétrica ou internet), se há forneci-
mento de equipamento de trabalho
(notebook, impressora, papel), se
haverá alguma forma de controle de
horário, entre outros pontos.
»Jeitinho. Advogados dizem que há
um entendimento da Justiça de que
o home office pode ser colocado em
prática sem tantas exigências neste
momento, enquanto for emergencial
e provisório. Não há prazo legal para
fazer os aditivos, mas se o home offi-
ce deixar de ser provisório e se es-
tender por muito mais de um mês,
eles recomendam fazer ajustes nos
contratos.
FERNANDA GUIMARÃES, ALTAMIRO
DA SILVA JUNIOR E CIRCE BONATELLI
CELSO
MING
CORTE
FONTE: BANCO CENTRAL INFOGRÁFICO/ESTADÃO
EM PORCENTAGEM AO ANO
18
MAR
2020
6
FEV
2019
7
FEV
2018
● Evolução dos juros básicos no Brasil
2,
4,
6,
8,
3,
6,
» O petróleo afunda
O gráfico mostra a derrubada das cota-
ções do petróleo apenas em março. Nes-
ta quinta-feira, o tipo Brent, que serve de
parâmetro para os preços do petróleo
brasileiro, chegou à mínima de US$
24,52 por barril, mas fechou a US$
26,79. Não dá para saber qual o fundo
desse poço. A economia mundial está
parando e o consumo de energia, tam-
bém. A Petrobrás já reduziu em 30,1% os
preços da gasolina e em 29,1% os do die-
sel, cobrados na refinaria. Esses novos
patamares não chegaram aos postos.
lNúmeros
123
Sent eos et quatem es eos di cullore vo-
lo oditate ndanditium quaeperest, ut
quis quiaut quis quia nonu scienet
CONFIRA
Sem âncora da economia
e sob panelaço nacional
coluna do
Acionistas consultam CVM
sobre adiar assembleias
E-MAIL: [email protected]
(MARK LENNIHAN/AP
FABIO MOTTA/ESTADÃO–1/11/
● Preço do barril de petróleo
FONTE: BROADCAST INFOGRÁFICO/ESTADÃO
EM DÓLARES POR DIA
*OBSERVADO ÀS 15H
20,
40,
60,
2
MAR
2020
18
MAR
29,7 6
BARBARA GINDL/AFP
mercados
US$ 1/NY1 Euro/EuropaLondres1 Libra/ BrasilR$ 1/
Dólar americano 1,000 1,0908 1,1614 0,
Euro 0,917 1,0000 1,0647 0,
Franco suíço 0,967 1,0552 1,1234 0,
Libra esterlina 0,861 0,9385 1,0000 0,
Iene 108,006 117,8445125,4300 20,
Venc. Aju. C. Abe. Min. Máx.Var.%
Açúcar NY* MAI/20 10,67 332.952 10,6410,97 -2,
Café NY* MAI/20 108,30 82.570 102,60 114,10 5,
Soja CBOT**MAI/208,26 298.616 8,2238,385 0,
Milho CBOT**JUL/20 3,42368.894 3,3833,508-2,
AS MOEDAS NA VERTICAL:VALOR DE COMPRA SOBRE AS DEMAIS FONTE: IDC
Trabalhador assalariado e doméstica*
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO ALÍQUOTA
Até R$ 1.045,00 7,5%
De 1.045,01 até R$ 2.089,60 9%
De R$ 2.089,61 até R$ 3.134,40 12%
De R$ 3.134,41 até R$ 6.101,061 14%
Maiores altas do Ibovespa INSS - Competência (Março)
R$ Var. % Neg.
CARREFOUR BRON 20,19 1,97 29.
BBSEGURIDADE ON 26,85 0,67 58.
Maiores baixas do Ibovespa
SMILES ON NM 10,30 -37,80 13.
CVC BRASIL ON NM 6,49 -34,77 30.
AZUL PN N2 10,35 -32,04 50.
VIA VAREJO ON NM 4,82 -31,53 147,0K
No mundo Pontos Dia%Mês% Ano%
(^1) Nova York DJIA 19.898,92 -6,30 -21,69 -30,
(^1) Frankfurt - DAX 8.441,71 -5,56 -29,00 -36,
(^1) Londres - FTSE 5.080,58 -4,05 -22,79 -32,
(^1) Tóquio - NIKKEI 16.726,55 -1,68 -20,89 -29,
IBOVESPA: 66.894,95 PONTOS 1 DIA -10,35 (%) MÊS -35,78 (%) ANO -42,16 (%)
Tesouro Direto ()
Venda Dia % Mês % Ano %
Dólar Comercial 5,1960 3,74 16,02 29,
Dólar Turismo 5,3770 3,94 15,96 29,
Euro 5,6660 2,85 14,60 26,
Ouro 243,100 -0,78 6,16 19,
WTI US$/barril 22,4400 -16,27 -50,42 -63,
IBrentUS$/barril 25,3000 -3,52 -49,50 -61,
IGP-M (FGV) 1,0682 IPCA (IBGE)1,
IGP-DI (FGV) 1,0640 INPC (IBGE)1,
IPC-FIPE 1,0364 ICV-DIEESE1,
FATORES VÁLIDOS PARA CONTRATOS CUJO ÚLTIMO REAJUSTE OCOR-
REU HÁ UM ANO. MULTIPLIQUE O VALOR PELO FATOR
DATA TAXA ANOTAXA DIA MÊS% ANO%
CDB (21/30) 3,71 2,20 -10,39 -15,
CDI 4,15 0,00 0,00 -5,
TR/TBF/Poupança/Poupança Selic (%) CDB - CDI
15/3 a 15/4 0,0000 0,30690,5000 0,
16/3 a 16/4 0,0000 0,3208 0,5000 0,
17/3 a 17/4 0,0000 0,30860,5000 0,
Índice Janeiro FevereiroNo ano12 Meses
INPC (IBGE) 0,19 0,17 0,36 3,
IGPM (FGV) 0,48 -0,04 0,44 6,
IGP-DI (FGV) 0,09 0,01 0,11 6,
IPC (FIPE) 0,29 0,11 0,39 3,
IPCA (IBGE) 0,21 0,25 0,46 4,
CUB (Sinduscon) 0,34 -0,01 0,33 3,
FIPEZAP-SP (FIPE) 0,33 0,15 0,49 2,
Inflação (%) Moedas e Commodities
AUTÔNOMO (BASE EM R$) ALÍQUOTA A PAGAR (R$)
De 1.039,00 a 6.101,06 20% De 207,80 a 1.220,
Vencimento 7/4. O porcentual de multa a ser aplicado fica
limitado a 20%, mais taxa Selic.
Agrícolas - Mercado Futuro
VENCIMENTO ()ANO (%) R$
Tesouro IPCA 15/8/2026 4,16 2.551,
15/5/2035 4,58 1.683,
Com Juros Semestrais 15/8/2030 4,36 3.773,
Tesouro Prefixado 1º/1/2023 7,02 828,
1º/1/2026 8,32 630,
Tesouro Selic 1º/3/2025 0,0310.548,
()TÍTULOS A VENDA
Agrícolas - Mercado Físico
Índices de reajuste do aluguel (Março)
() Em cents por libra-peso (**) Em US$ por bushel
Ult. Var. (%)Var. 1 ano(%)
Soja
CEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 94,69 0,13 20,
Boi
CEPEA/ESALQ, R$/@ 187,40 -6,01 21,
Milho
CEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 57,75 -1,12 45,
Café
CEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 558,49 3,78 41,
SERVIÇOS COM
APROVAÇÃO ISO 9001
TERCEIRIZAÇÃO
√ LIMPEZA √ PORTARIA √ RECEPÇÃO √ MOTORISTA
rsterceirizacao.com.br
SÃO PAULO - 11 3803-8853 CAMPINAS - 19 3396-
GUARULHOS - 11 4574-7970 SANTOS - 13 3288-