SONIA RACY
DIRETO DA FONTE
'NÃO EXISTE NENHUMA ATENÇÃO PARA
A CADEIA CULTURAL NESTE MOMENTO'
CORONAVÍRUS
Um dos maiores polos cul-
turais do Brasil, o Sesc –
com 8 mil funcionários e
público semanal de 650 mil
pessoas – fechou todas as
suas unidades até 31 de mar-
ço. Mas o prazo pode ser
estendido. Segundo Danilo
Miranda, salários de funcio-
nários e a saúde financeira
da instituição estão garanti-
dos por hora, “Ainda não se
pode mensurar o impacto
da quarentena no setor cul-
tural como um todo, temos
que considerar os nossos
artistas e instituições liga-
das à cultura, como parte
também da economia. Na
opinião de Miranda, “seria
conveniente que houvesse
injeção de recurso do gover-
no para segurar a situação
daqueles que a essa altura
pararam de produzir e de
trabalhar”. Leia abaixo a
entrevista com o diretor da
instituição.
lDá pra ter uma ideia do im-
pacto do fechamento das uni-
dades a longo prazo?
No longo prazo nós tere-
mos um problema muito
grave se a gente realmente
não puder retornar com as
nossas atividades normais,
porque o que nós fazemos
tem um caráter de essencia-
lidade para população. Aten-
demos cerca de 40 mil ido-
sos por mês, justamente as
pessoas que estão no grupo
de risco. O Sesc, além da
programação cultural, tem
muitos serviços prestados de
alimentação, ligados à saúde,
odontologia e à assistência.
lInicialmente vocês ficam fe-
chados até 31 de março. Acha
que pode se estender?
Olha, o nosso primeiro mo-
mento é por 15 dias, até o dia
31 de março. Faremos uma
reavaliação mais próxima no
final do mês, para saber se
nós vamos estender mais um
pouco ou se realmente vamos
retomar. Se vamos retomar
tudo ou se vamos retomar par-
cialmente, tudo isso vai ser
resolvido mais pra frente. En-
tão, por enquanto, diante da
emergência se atua de manei-
ra emergencial.
lNo pior cenário, se todas as
unidades ficarem fechadas por
cerca de dois meses, isso teria
um impacto econômico grande
na instituição?
Eu diria que do ponto de vista
econômico e financeiro não é
um impacto tão relevante, por-
que grande parte das nossas
atividades, ou quase todas,
são subsidiadas e não rentá-
veis. Quanto a salários, isso
não vai ter nenhuma implica-
ção prática. Os funcionários
estão recebendo normalmen-
te e seguem com o trabalho.
Muita gente está trabalhando
em casa, aqueles que podem
fazer isso.
lE quanto aos espetáculos que
foram cancelados?
Sim, tem o prejuízo para os
artistas. Uma parte dos ar-
tistas que estavam progra-
mados não terão a sua ativi-
dade. Isso significa um pre-
juízo grande para os funcio-
nários dessa cadeia toda.
lO que o governo poderia fa-
zer para minimizar o impacto
dessa crise no setor cultural?
Os cancelamentos de peças,
teatros fechados, cinemas e
museus...
Olha, é difícil, mas assim
como existe toda uma preo-
cupação de incentivo para a
economia, deveria existir
para as instituições, empre-
sas e os profissionais envol-
vidos na cadeia cultural. Eu
não tenho a fórmula resolvi-
da, mas certamente, agora,
temos que considerar os
nossos artistas e institui-
ções ligadas à cultura como
parte também da econo-
mia. Não existe nenhuma
atenção para a cadeia cultu-
ral neste momento. Seria
conveniente que houvesse
injeção de recursos do go-
verno para segurar a situa-
ção daqueles que a essa al-
tura pararam de produzir e
de trabalhar em função do
coronavírus. Sem dúvida
nenhuma, essa me parece a
primeira solução. Incentivo
à atividade agora não dá,
porque nesse momento es-
tamos retidos.
lVocê conversou com outras
pessoas relacionadas a insti-
tuições culturais?
No começo da situação tro-
quei figurinhas com pes-
soas do Instituto Cultural
Itaú, Tomie Ohtake, CCBB
e Secretaria da Cultura para
pensarmos em coisas práti-
cas, como o momento certo
de fechar, mas não articula-
mos nenhum plano futuro.
Esse processo vai ser grada-
tivo à medida em que a si-
tuação se agrava ou melho-
ra. A situação do Sesc é
mais complexa, não somos
um simples conjunto de sa-
las de espetáculos. São 8
mil funcionários, servíamos
17 mil refeições, prestáva-
mos assistência odontológi-
ca e atendíamos a muitos
idosos, crianças.
lVocês serviam 17 mil pes-
soas diariamente. O que fazer
com esses alimentos estoca-
dos? Vocês vão perder parte
da comida?
Nós temos um sistema de
refrigeração e com câmeras
frigoríficas em todas as nos-
sas unidades que podem
conservar boa parte dos pe-
recíveis dentro das normas
sanitárias. Aquilo que even-
tualmente não pudermos
estocar, vai ser distribuído
da melhor maneira possível
para população.
lComo você, pessoalmente,
está lidando com o problema?
Estou lidando com as ques-
tões do Sesc todo pelo tele-
fone. E recomendo para to-
do mundo que constitui
grupo de risco, como eu,
que tenho 77 anos, que fa-
çam isso. Temos que ficar
atentos agora. Por outro
lado, tenho esperança que
esse problema não demore
muito e a gente retorne ra-
pidamente à normalida-
de./MARCELA PAES
Colaboração
Cecília Ramos [email protected]
Marcela Paes [email protected]
Sofia Patsch [email protected]
- Alex Allard entre
Tati e Zé Victor
Oliva no jantar que
o casal ofereceu
em torno de João
Kepler. 2. Galvão e
Desirée Bueno. 3.
Paula Bezerra de
Mello. 4. Glenda
Kozlowski, o home-
nageado e Hortên-
cia. Dia 10, no Jar-
dim Guedala.
Blog: estadão.com.br/diretodafonte Facebook: facebook.com/SoniaRacyEstadao Instagram: @colunadiretodafonte
SONIA RACY/ESTADÃO
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O “ex” atento
De poucas palavras, como de
hábito, em conversa com a
coluna ontem, Michel Te-
mer se absteve de analisar o
governo Bolsonaro. Entre-
tanto, elogiou Henrique
Mandetta. “O trabalho con-
tra o coronavírus é bom”. Se-
gundo Temer, o ministro da
Saúde esta preparando o “sis-
tema nacional, estadual e mu-
nicipal de saúde, para enfren-
tar essa crise”, observou o
ex-presidente.
Temer lembra que na sua ges-
tão, colocou no Orçamento
de 2019, R$ 10 bilhões a mais,
tanto para a saúde bem como
para educação. “O mais pru-
dente agora é acompanhar as
recomendações de quem é
técnico no assunto”.
Novos tempos
Dias Toffoli, do STF, cance-
lou ontem toda sua agenda
de audiências até abril bem
como viagens a quatro esta-
dos. Até o fim do seu manda-
to, ele iria visitar todos os tri-
bunais do país – já foi a 65
deles em 17 Estados.
Antes de Toffoli anunciar as
sessões no plenário virtual,
Ricardo Lewandowski se
antecipou e foi o primeiro a
avisar que trabalharia de ca-
sa. O WhatsApp, aliás, tem si-
do a ferramenta principal en-
tre os ministros do STF.
Novos tempos 2
O Supremo também criou
ferramenta específica para
que as partes envolvidas em
um processo possam enviar
suas sustentações orais por
meio digital. A solução é tem-
porária, mas Toffoli pediu
um aplicativo definitivo.
Curiosidade: no Supremo, já
tinha advogado fazendo sus-
tentação oral de máscaras.
Novos tempos 3
Na Câmara, onde há dois de-
putados com corona, Rodri-
go Maia também pediu pro-
vidências ao setor de TI para
criar um aplicativo que per-
mita o trabalho remoto. No
Senado, Antonio Anastasia
assume as funções do presi-
dente Davi Alcolumbre,
confinado no quarto, na resi-
dência oficial em Brasília,
após contrair a covid-19.
E Randolfe Rodrigues pro-
tocolou pedido a Mandetta
sugerindo aferição de tempe-
ratura de passageiros nos ae-
roportos.
FOTOS LUCIANA PREZIA
IARA MORSELLI/ESTADÃO
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C2 Caderno 2 QUINTA-FEIRA, 19 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO