2 | São Paulo, 19 de março de 2020
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Conectividade impulsiona agronegócio
O desafi o para levar a internet ao campo
D
e acordo com dados da
Agência Nacional de Te-
lecomunicações (Anatel),
87% dos municípios brasileiros
têm 4G. Mas essas informação
se refere às áreas urbanas, já que
o último censo agropecuário do
Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) apontou que
72% dos estabelecimentos rurais
brasileiros não têm nem um ponto
de acesso à internet. “O agro tem
que ser visto como uma grande
engrenagem, e a conectividade se-
ria o lubrificante para que a loco-
motiva se mova da melhor forma”,
disse Joaci Franklin de Medeiros,
coordenador técnico do Instituto
da Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA).
Situada em Pradópolis (SP), a
usina São Martinho é a prova de
como a conectividade faz toda a di-
ferença. O case da empresa foi um
dos destaques do Fórum Estadão
Think – Conectividade no Campo.
“A unidade tem 700 equipamen-
tos, e sentimos a necessidade de
investir numa melhor maneira de
acompanhar esses maquinários em
campo”, disse Mário Ortiz Gandi-
ni, diretor Agrícola e de Tecnolo-
gia da São Martinho. Em 2013, a
usina buscou parceria e conseguiu
apoio do Banco Nacional de De-
senvolvimento Econômico e Social
(BNDES) para um projeto de três
anos, orçado em R$ 60 milhões,
para a instalação de uma rede de
internet privada 4G, adaptada para
a faixa de frequência de 250 mega-
hertz (MHz).
Com seis torres de telecomu-
nicações foi possível cobrir toda a
área agrícola da São Martinho, ou
seja, 135 mil hectares. Para me-
lhorar a gestão logística da fazen-
da, foram instalados os terminais
veiculares inteligentes (TVIs) nos
caminhões e demais equipamen-
tos agrícolas. Esses terminais – via
computador de bordo – permitem
aos veículos receber informações
sobre as melhores rotas entre a
fazenda e a indústria.
CASES DE SUCESSO
LEGISLAÇÃO
Rede de internet 4G privada ajudou a usina São Martinho a reduzir custos
Parlamentares discutiram o assunto no Fórum Estadão Think
O agro tem que ser
visto como uma
grande engrenagem,
e a conectividade
seria o lubrifi cante
para que a
locomotiva se mova
da melhor forma”
JOACI FRANKLIN DE
MEDEIROS, coordenador
técnico do Instituto
da Confederação da
Agricultura e Pecuária
do Brasil (CNA)
No primeiro ano,
tivemos uma
diminuição de
13% na cana-de-
-açúcar queimada
acidental ou
criminalmente
com as câmeras de
alta precisão, que
detectam fumaça”
MÁRIO ORTIZ GANDINI,
diretor Agrícola e de
Tecnologia da São Martinho
“A Anatel fez a
consulta pública
e está cuidando
da auditoria dos
bens reversíveis. O
valor desses bens
será transformado
em recursos para
investimento [em
infraestrutura de
telecomunicações]
no campo”
DANIELLA RIBEIRO,
senadora (PP/PB)
Conectar um país de dimen-
sões continentais como o Brasil
não é tarefa fácil. De acordo com
os dados do último censo agrope-
cuário do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o
Brasil rural tem 195 milhões de
hectares sem conexão, uma área
equivalente a sete países da Euro-
pa. Isso implica desafios e neces-
sidade de um esforço conjunto das
esferas pública e privada para en-
contrar soluções. “Precisamos fri-
sar que seis dos 10 produtos que
o Brasil mais exporta são do agro:
café, soja, farelo de soja, milho,
carne bovina e carne de frango.
Este é o futuro do nosso País e, do
lado legislativo, vamos trabalhar
para que o agro 5.0 seja de fato
uma realidade”, disse Vinicius
Poit, deputado federal (Novo –
SP), um dos palestrantes do painel
“Desafios e soluções para o Futu-
ro”, do Fórum Estadão Think –
Conectividade no Campo.
O parlamentar é autor do pro-
jeto de lei (PL) 1.481 de 2007,
que permite o uso de recursos
do Fundo de Universalização dos
Serviços de Telecomunicações
(Fust) para a ampliação da banda
larga em escolas públicas. Aprova-
do na Câmara dos Deputados em
dezembro do ano passado, o PL
muda a lei de criação do fundo –
que era para a universalização da
telefoniafixa – para permitir que
seus recursos sejam usados para
a expansão da telefonia móvel.
Além disso, o PL em questão cria
um conselho gestor dos recursos
do fundo, o que deve levar a deci-
sões mais certeiras quanto à apli-
cação do dinheiro arrecadado.
“Se o PL for aprovado no
Senado, vai ser extremamente
importante para o setor, porque
quem está levandofibra ótica para
muitos lugares do Brasil são os
pequenos provedores regionais,
que têm uma limitação por falta de
garantias que precisam ser ofere-
cidas às instituições de crédito”,
disse Hélio Maurício Miranda da
Fonseca, gerente de Projetos do
Departamento de Banda Larga
do Ministério da Ciência, Tecno-
logia, Inovações e Comunicações
(MCTIC). No desenho do proje-
to, os recursos do Fust poderão
ser utilizados em três modalida-
des: reembolsável, não reembol-
sável e fundo garantidor.
Uma preocupação entre os
parlamentares é a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC)
dos Fundos, a PEC 187/19 do
ministro da Economia, Paulo
Guedes, que propõe a extinção
dos fundos públicos da União.
“Entrei com um projeto para que
SEGURANÇA E ECONOMIA
Se o operador desvia da rota, ul-
trapassa a velocidade ou infringe
qualquer outro parâmetro esta-
belecido, alarmes e alertas são
exibidos no computador de bordo
do caminhão, e tudo é controlado
pela Central de Operações Agrí-
colas (COA) da usina. “Isso já nos
proporcionou uma economia de
5% no consumo de diesel”, diz
Gandini. E os ganhos não param
aí. “No primeiro ano, tivemos
uma diminuição de 13% na cana-
-de-açúcar queimada acidental ou
criminalmente com as câmeras de
alta precisão, que detectam fuma-
ça”, acrescenta.
Os investimentos em conec-
tividade também estão no radar
dos indianos. Durante o fórum,
o chefe da missão em exercício
da Embaixada da Índia em Bra-
sília, S. Koventhan, falou dos
planos do governo de seu país
para levar internet wi-fi a todas
as vilas agrícolas. De acordo
o Fust seja ressalvado com o com-
promisso e comprometimento de
os recursos serem investidos em
tecnologia”, disse a senadora Da-
niella Ribeiro (PP/PB).
A parlamentar também desta-
cou a importância de o Congresso
Nacional acompanhar a regula-
mentação da lei 13.879, o marco
legal das telecomunicações, que
foi aprovado no ano passado. “A
Anatel fez a consulta pública e está
cuidando da auditoria dos bens re-
versíveis. O valor desses bens será
transformado em recursos para
investimento [em infraestrutura
de telecomunicações] no campo”,
explicou Daniella.
O deputado José Mário
Schreiner (DEM/GO) abordou
a importância de levar a conec-
tividade às pessoas do campo.
“Quem não tem acesso à inter-
net, ao mundo virtual, está excluí-
do”, diz. Segundo o parlamentar,
mais do que interligar as máqui-
nas, a conexão no mundo rural
vai impedir o êxodo de jovens,
favorecer a sucessão familiar nas
propriedades, bem como ajudar
na segurança no meio rural.
com ele, a medida vai possibili-
tar grandes avanços em termos
de competitividade digital, o
que contribui para a meta go-
vernamental de dobrar a renda
do produtor rural até 2022.
Segundo o encarregado, os
agricultores estão organizados
em cooperativas conectadas ao
eNAM, uma espécie de platafor-
ma com dezenas de aplicativos
(apps) voltados à agricultura. Em
um deles, o produtor pode ofertar
seu produto, ter uma avaliação da
mercadoria e concluir a compra,
tudo remotamente. “Há também
um app de commodities, em que o
produtor rural obtém informações
sobre as exportações e pode obter
respostas em tempo real sobre
suas dúvidas”, diz Koventhan.
Companhias como IBM e Mi-
crosoft fornecem aos agricultores
informações sobre o clima, que
ajudam na tomada de decisão.
Também possuem um algoritmo
de previsão de safra.
Este material é produzido pelo Media Lab Estadão com patrocínio da Anfavea e da CNA Senar.
O chefe da
missão em
exercício
da Embaixada
da Índia em
Brasília,
S. Koventhan,
durante painel
no Fórum
Estadão Think
- Conectividade
no Campo