%HermesFileInfo:A-9:20200319:
O ESTADO DE S. PAULO QUINTA-FEIRA, 19 DE MARÇO DE 2020 A
Esportes
O Melhor da TV
● Atletas e entidades se mobilizam no combate ao coronavírus
DOAÇÕES
INFOGRÁFICO/ESTADÃO
FUTEBOL
R$ 106,
milhões
BASQUETE
R$ 10
milhões
FÓRMULA 1
R$ 55
milhões
BEISEBOL
R$ 5
milhões
TOTAL
R$ 176,
milhões
Solidariedade. Atletas de futebol, basquete, tenistas e clubes
fazem doações para pesquisas e para ajudar atingidos pela covid-
Colaboração. Fifa destinou US$ 10 milhões para a Organização Mundial da Saúde (OMS)
Por causa da pandemia do novo
coronavírus, praticamente to-
dos os grandes eventos esporti-
vos do mundo estão paralisa-
dos. No futebol, o calendário te-
rá de se readequar para a conti-
nuidade dos campeonatos. As
entidades analisam possíveis
datas para os jogos que não es-
tão sendo disputados agora. O
Conselho da Fifa se reunirá ho-
je por videoconferência para
avaliar algumas medidas.
O presidente Gianni Infanti-
no disse esperar que a situação
mundial esteja melhor até o fim
de abril. Não há certeza de que
isso ocorrerá. O Brasil não tem
data para retornar, mas a parali-
sação avança no calendário.
A Eurocopa e a Copa Améri-
ca, que seriam realizadas em ju-
nho, foram adiadas para o meio
de 2021. O Mundial de Clubes
da Fifa, com o novo formato, te-
rá de ser disputado no fim de
2021, em 2022 ou 2023 – ele
aconteceria no meio do ano que
vem na China.
“Particularmente no futebol,
é imprescindível encontrar so-
luções adequadas e justas em ní-
vel global. Isso requer unidade,
solidariedade e um senso de res-
ponsabilidade compartilhado,
e precisamos pensar em todos
aqueles ao redor do mundo po-
tencialmente impactados por
nossas decisões”, afirmou o pre-
sidente da Fifa.
A entidade se preocupa sobre-
tudo com os jogos das elimina-
tórias da Copa do Catar, que ti-
veram suas primeiras rodadas
adiadas, por exemplo, na Améri-
ca do Sul.
No Brasil, quase todos os Es-
taduais estão parados. Eles ter-
minariam no fim de abril, a
maioria no dia 26, data em que
ainda é improvável que a bola
role no País. Em praticamente
todos os campeonatos regio-
nais, restam mais seis datas re-
servadas para as partidas. Ou se-
ja, se a bola voltar a rolar a partir
de maio, os Estaduais vão termi-
nar apenas em junho, empur-
rando o Brasileirão, que tem iní-
cio previsto para 3 de maio e fim
em dezembro, para frente.
O torneio Nacional tem 38 ro-
dadas, 380 jogos. Ele teria de ser
encavalado com outras dispu-
tas, como Libertadores e Sul-
Americana, submetendo os clu-
bes a grande maratona. Outra
possibilidade é refazer a fórmu-
la de disputa, mudando o regula-
mento. Mas essa hipótese é me-
nos provável no momento.
Sem datas para todos os jo-
gos, não está descartada a possi-
bilidade de decretar campeões
pelos resultados já jogados. Em
São Paulo, por exemplo, o San-
to André é o time com mais pon-
tos no somatório geral. Empata
com o Palmeiras, mas é melhor
nos quesitos de desempate.
A Copa Libertadores da
América também está paralisa-
da por tempo indeterminado.
Os jogos da terceira rodada da
fase de grupos seriam disputa-
dos nesta semana e foram adia-
dos. Sem data. A quarta e quinta
rodadas estão marcadas para
abril. Não devem acontecer.
Como a Copa América foi can-
celada, a tendência é de que da-
tas reservadas para o torneio de
seleções sejam utilizadas pelos
clubes em junho. Essa mesma
lógica serve para os torneios na
Europa em relação ao cancela-
mento da Eurocopa 20.
A final da Libertadores está
marcada para o dia 21 de novem-
bro, no Maracanã, no Rio. Esti-
ma-se que não mude. A Copa do
Brasil é outro torneio que já te-
ve jogos adiados. No calendário
inicial, a decisão da Copa do Bra-
sil está marcada para 16 de se-
tembro. Não deve acontecer.
Guilherme Amaro
A pandemia do novo corona-
vírus levou atletas e entida-
des esportivas de diversas
modalidades a se mobiliza-
rem para ajudar no combate
ao avanço da doença. Até ago-
ra, foram doados pelo menos
R$ 170 milhões para hospi-
tais, Organização Mundial da
Saúde (OMS) e funcionários
que estão sem trabalhar por
causa da paralisação das com-
petições. A quantia deve au-
mentar nos próximos dias,
com mais esportistas engaja-
dos na luta contra o vírus. Há
ainda valores de doações não
divulgados ou que ainda não
podem ser calculados.
No futebol, o presidente da
Fifa, Gianni Infantino, anun-
ciou na terça-feira a doação de
US$ 10 milhões (R$ 50 mi-
lhões) para a OMS. Além disso,
abriu a possibilidade de criação
de um Fundo Global de Assis-
tência ao Futebol para ajudar
membros da modalidade que es-
tão sendo afetados pela crise
causada pelo coronavírus.
O zagueiro Leonardo Bonuc-
ci, da Juventus, doou ¤ 120 mil
(R$ 660 mil) para o hospital
Città della Salute, em Turim.
Os médicos deste hospital fo-
ram os responsáveis por uma ci-
rurgia no filho do jogador, Mat-
teo, então com dois anos em
- De acordo com a unidade
de saúde, “os recursos serão alo-
cados na compra de duas máqui-
nas de ultrassom portáteis e
também para a compra de cerca
de 50 máscaras de filtro de cir-
cuito de ar, reutilizáveis, com o
material de reposição por cerca
de dois meses de trabalho”. O
capitão do Napoli, Lorenzo In-
signe, doou ¤ 120 mil (R$ 550
milhões) para hospitais da re-
gião de Nápoles.
Não são apenas atletas que se
mobilizaram. Torcedores do
Napoli doaram a um hospital da
região o valor do reembolso dos
ingressos que haviam sido com-
prados para a partida de volta
contra o Barcelona, na Espa-
nha, pela Liga dos Campeões.
Antes, torcedores do Atalanta
já tinham se mobilizado para
doar o valor recebido pelas en-
tradas da partida contra o Valen-
cia, que foi realizada sem públi-
co na Espanha.
Ainda na Itália, país europeu
mais afetado pelo coronavírus,
o ex-presidente do Milan e ex-
primeiro-ministro país, Silvio
Berlusconi, doou ¤ 10 milhões
(R$ 55 milhões) para hospitais
de Lombardia, na região norte.
O dinheiro será usado para a
construção de unidades com
400 leitos de terapia intensiva.
O meia francês Paul Pogba,
do Manchester United, foi
além: lançou uma campanha pe-
la internet para arrecadar fun-
dos e prometeu que, se as doa-
ções ultrapassassem ¤ 30 mil
(R$ 170 mil), contribuiria com a
mesma quantia.
Basquete. Primeiro jogador da
NBA a ser diagnosticado com
coronavírus, o pivô francês
Rudy Gobert doou US$ 500 mil
(R$ 2,5 milhões) para ajudar no
combate à doença. “Eu sei que
as pessoas foram afetadas de in-
contáveis maneiras. Essas doa-
ções são um pequeno gesto que
refletem meu apreço e meu
apoio a todas essas pessoas e
são o primeiro de vários passos
que pretendo dar para fazer a
diferença de um modo positi-
vo”, disse.
Gobert distribuiu o valor de
maneira a atender setores que
ele considera importantes. As-
sim, US$ 200 mil (R$ 1 milhão)
foram destinados a trabalhado-
res do ginásio em que o Utah
Jazz manda seus jogos e foram
afetados pela suspensão das
partidas; famílias afetadas pela
pandemia em Utah e famílias
de Oklahoma City repartirão
US$ 100 mil (R$ 500 mil) em
cada localidade; e outros US$
100 mil vão ser enviados à Fran-
ça para socorrer vítimas da pan-
demia no seu país natal.
Karl-Anthony Towns, pivô
do Minnesota Timberwolves,
fez uma doação de US$ 100 mil
(R$ 500 mil) a uma clínica que
começou a implementar testes
para detectar o coronavírus.
Como a temporada da NBA
está paralisada, os funcionários
dos ginásios estão sem traba-
lhar e consequentemente sem
receber. Por isso, jogadores se
mobilizam para ajudar financei-
ramente os profissionais que
trabalham nas arenas.
O primeiro foi o ala-pivô Ke-
vin Love, do Cleveland Cava-
liers, com doação de US$ 100
mil (R$ 500 mil). A atitude foi
seguida por outros jogadores,
como Giannis Antetokounm-
po, do Milwaukee Bucks, que
doou a mesma quantia.
A lenda do basquete e hoje do-
no do Charlotte Hornets, Mi-
chael Jordan anunciou que vai
fazer doações junto dos jogado-
res da equipe para os funcioná-
rios, mas não especificou os va-
lores.
Franquias como o
Milwaukee Bucks, Golden Sta-
te Warriors e o Minnessota Tim-
berwolves também se engaja-
ram à campanha. O Milwaukee
anunciou que vai igualar cada
pagamento realizado por al-
gum jogador aos funcionários
dos ginásios e o Golden State e
o Minnessota doaram US$ 1 mi-
lhão (R$ 5 milhões) cada.
Outros esportes. As doações
também estão vindo da Fórmu-
la 1 – a família dona da Ferrari
anunciou a doação de ¤ 10 mi-
lhões (R$ 55 milhões) para o go-
verno italiano investir em equi-
pamentos médicos e no auxílio
aos infectados pela pandemia –,
de tenistas como a romena Si-
mona Halep e o espanhol Rafael
Nadal e de astros do futebol
americano e do beisebol.
Russell Wilson, quarterback
do Seattle Seahawks, vai doar 1
milhão de refeições para pes-
soas que foram afetadas de algu-
ma maneira pela pandemia. A
Major League Baseball e a MLB
Players Association (associa-
ção dos atletas) também se jun-
taram na luta contra a fome e
doaram US$ 1 milhão (R$ 5 mi-
lhões) para instituições que li-
dam com a causa.
l 10h Redação SporTV
Debate, SporTV
l 11h Jogo Aberto
Informativo, Band
l 12h45 Fox Sports Rádio
Debate, Fox Sports
l 14h Sportscenter
Informativo, ESPN Brasil
l 15h Bate-Bola Debate
Debate, ESPN Brasil
l 18h05 SporTV News
Informativo, SporTV
l 20h Central Fox
Informativo, Fox Sports
l 20h Sportscenter
Informativo, SporTV 3
l 21h Troca de Passes
Informativo, SporTV
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
lA história do futebol brasilei-
ro mostra que vários campeona-
tos começaram em um ano e,
por diversos motivos, termina-
ram em outro. O mesmo pode
acontecer em 2020 com o Cam-
peonato Brasileiro por causa da
pandemia do coronavírus.
Em 1954, o Paulistão só termi-
nou no ano seguinte, por causa
das comemorações pelo 4.º Cen-
tenário de São Paulo. Com isso, a
competição, que teve o Corin-
thians como vencedor, só aca-
bou em fevereiro de 1955.
Com início apenas em outubro
de 1977, o Campeonato Brasilei-
ro, então com 62 clubes, foi “em-
purrado” até março de 1978 e
teve o São Paulo como campeão,
ao bater o Atlético-MG, no Minei-
rão, na disputa de penalidades,
após empate sem gols no tempo
normal e na prorrogação.
Já o Campeonato Paulista de
1978, por causa da disputa da
Copa da Argentina no mesmo
ano, só foi ter início em outubro.
A decisão só ocorreu em junho
de 1979 e o Santos foi campeão.
No ano seguinte, o presidente
Vicente Matheus, do Corinthians,
se recusou a colocar o time em
campo para a disputa de uma
rodada dupla no Morumbi.
O campeonato foi paralisado e
só retomado em 1980. O Corin-
thians eliminou o Palmeiras na
semifinal, com um gol de canela
de Biro-Biro, e depois bateu a
Ponte Preta.
Em 1986, por causa da Copa
do México, o Brasileiro só foi ter-
minar em fevereiro de 1987,
quando o São Paulo bateu o Gua-
rani nos pênaltis.
Em 1987, a Copa União, reuniu
os 16 maiores clubes do Pais no
Módulo Verde. O vencedor (Fla-
mengo) enfrentaria o ganhador
do Módulo Amarelo (Sport). Em
1988, os cariocas se recusaram
a disputar a partida, que jamais
ocorreu. / WILSON BALDINI JR.
Futebol quebra a cabeça para readequar o calendário
AÇÃO
Combate ao vírus
ganha apoio de
atletas e entidades
História mostra
vários campeões
nos anos seguintes
No mundo inteiro, muitas
competições estão
paralisadas e, quando
retornarem poderão
invadir o próximo ano
Intenção. Itália espera terminar seu campeonato em junho
US$ 500 mil
foi o valor doado pelo pivô
francês Rudy Gobert, do Utah
Jazz, para ajudar no combate e
nos efeitos do novo coronavírus.
Ele foi o primeiro jogador da
NBA a ser diagnosticado com o
vírus e dividiu o valor doado
entre vários segmentos que
estão sendo afetados pelos
efeitos da pandemia
RUBEN SPRICH/REUTERS – 17/12/
DANIELE MASCOLO/REUTERS – 8/3/