O Estado de São Paulo (2020-03-20)

(Antfer) #1
MENTE

Daniel Martins de Barros

O novo


normal


S


extou! Finalmente hoje é
dia... de ficar em casa. Bem-
vindos a março de 2020.
Sim, sempre haverá gente
achando que ficar em casa é exage-
ro, sempre haverá gente do con-
tra. Em tempos de redes sociais
tudo é motivo para polêmica. Mas
em tempos de redes sociais não
há mais como ficar indiferente
aos exemplos ao redor do mundo.
Como tem sido repetido, se fizer-
mos tudo direito, as medidas pare-
cerão exageradas. Melhor isso do
que, no futuro, nos lamentarmos
por não terem sido suficientes. A
não ser para uma parcela pequena

de mais teimosos, portanto, não há
mais dúvida de que é preciso que fi-
quemos em casa. Até mesmo às sex-
tas-feiras, sábados e domingos. Pre-
cisamos lidar com isso, não tem jei-
to. O que não nos impede de ficar
estressados com a situação toda.
Nem todos sofrerão com a mesma
intensidade, claro. Na diversidade
de seres humanos que existe, alguns
ficarão desesperados, enquanto ou-
tros ficarão é felizes. Pois, embora
existam os extremos dos dois lados –
gente que sempre foi reclusa e não
aguenta uma festa, e gente extrover-
tida a ponto de se angustiar ao ficar
cinco minutos consigo mesma –, a
maioria de nós está em algum ponto
intermediário. Consegue aproveitar
um bom happy hour da mesma for-
ma que sabe desfrutar de momentos
sossegados em casa. Então, não é o
sair ou ficar que mais nos aflige. É a
sensação de que as coisas não estão
normais. Que nossas opções foram
reduzidas contra nossa vontade. E
sair do modo automático. Seguir na
inércia, fazendo todos os dias o que
sempre fazemos é uma enorme eco-

nomia de energia. Mudar é estressan-
te. E custa esforço.
No entanto, é possível pensar em al-
gumas formas de reduzir esse estresse.
Em primeiro lugar, aceitar os fa-
tos. Uma grande fonte de desgaste
emocional é a frustração de lutar inu-
tilmente para escapar de uma situa-
ção sem saída. Já passamos por coi-
sas assim: quando estamos presos
em uma viagem que não gostaría-
mos de ter feito, por exemplo. É mui-
to pior ficar lá reclamando e contan-
do os dias para o fim do que entregar
os pontos. “Se sou obrigado a estar
aqui, paciência. Logo passa” – é uma
postura que, quando conseguimos
adotar, traz bem menos sofrimento.
É como uma história atribuída aos
filósofos estoicos, de um cachorro
amarrado na carroça. Quando ela se
dirige para um lado que o cão não
gostaria de ir pouco adianta ele latir,
morder, travar as patas. Isso só irá
desgastá-lo sem impedir que, no fi-
nal, ele acabe indo para aquela dire-
ção de qualquer jeito. Sábio seria o
cachorro que compreendesse isso e
fizesse sua vontade coincidir com as

forças do destino.
Ou seja, se temos de ficar o fim de
semana em casa, o pior que podería-
mos fazer seria passar o tempo re-
voltados contra a situação. A irrita-
ção certamente iria contagiar as ou-
tras pessoas, os ânimos se acalora-
riam, a hostilidade cresceria. Daí
para discussões é um pulo – o que só
ajudaria a piorar o que não estava
bom. A sabedoria dos estoicos vem
bem a calhar nesses momentos.
Por um tempo, as coisas estarão
diferentes. Em vez de buscar o ro-
teiro de cinemas, revirar o catálo-
go das plataformas de streaming.
No lugar de decidirmos onde ir
comer, entrar em acordo sobre a
refeição que vamos preparar. Se a
ideia era assistir uma peça, talvez
ler um romance. Pelo menos por
enquanto, esse é o novo normal.
E essa palavra é uma chave fun-
damental para lidar com nossa
ansiedade. As coisas estão diferen-
tes, mas agora isso é normal. Pois
quando nos convencemos que as
coisas estão normais (ao menos
por ora) ficamos mais tranquilos.

for cadastrada em consumidor.gov.br,
existe a opção de fazer a reclamação
nessa plataforma. Confira a lista de
companhias no site; entre as aéreas,
segundo a Anac, todas as que voam pa-
ra o Brasil estão na plataforma criada
em 2015 pela Secretaria Nacional do
Consumidor (Senacon), do Ministério
da Justiça, e monitorada por Procons,


Defensorias Públicas, Ministérios Pú-
blicos e Agências Reguladoras. Em am-
bos os canais, as companhias têm até
dez dias para responder às reclamações.





Não consigo falar com a empre-
sa de turismo. O que eu faço?
Tente buscar por coronavírus no site
da empresa. Muitas companhias es-

tão criando áreas para o tema. Deco-
lar, por exemplo, concentra dúvidas
e orientações sobre viagens na pági-
na decolar.com/coronavirus. Busque
ainda por aplicativo da empresa.





Vale aproveitar as promoções
para futuras viagens? Diversas
companhias aéreas e de cruzeiro estão

com ofertas para reservas futuras – a
maioria das promoções vai até o fim
de março. Fique atento às regras de
cancelamento. Na Norwegian, quem
comprar cruzeiro com saída até 30 de
setembro pode cancelar até 48 horas
antes da partida e receber o valor pago
como crédito para usar em qualquer
roteiro da empresa até o fim de 2022.

Tudo parado.

1. Atrações, como a parisiense Torre Eiffel,
fechadas. 2. Navios estacionados nos Estados
Unidos. 3. Fila de aviões em solo na Alemanha


CARLOS BARRIA/REUTERS

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MICHAEL PROBST/AP

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O ESTADO DE S. PAULO 9
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