O Estado de São Paulo (2020-03-20)

(Antfer) #1

A


lemanha e Itália tra-
varam um duelo du-
ro na noite da segun-
da-feira, em mais
um capítulo da luta
mundial contra os
efeitos do novo coro-
navírus. Em campo, o jogo terminou
sem gol. Apesar do resultado, a partida
de futebol de botão entre pai e filho
cumpriu a missão de espantar o té-
dio do isolamento imposto pe-
la pandemia.
Ficar em casa por dias se-
guidos, sem botar o pé na
rua, não chega a ser uma
situação inédita para um
casal de jornalistas que,
desde 2015, trabalha on-
de mora. Acrescente a essa
combinação um filho hoje
com 11 anos (foi aniversário de-
le ontem!). Como toda criança da sua
idade, Joaquim navega com desenvol-
tura pelo mundo digital, se arriscando
até a youtuber nas horas vagas, mas
sem abrir mão da diversão analógica
quando nos juntamos em família.
Quanto maior a criança, mais desafia-
dor é manter o interesse por atividades
desconectadas de uma tela. Impossível
não é. Exige de nós, pais, fazermos o
mesmo. Parece mais difícil do que pe-
dir isso para eles? Tudo bem, segredo


cá entre nós. Pense que serve para uma
quebra na rotina computador-TV-celu-
lar, tão comum no nosso dia a dia.
Nós adoramos um jogo em família. Ti-
ramos o momento para aproveitar a
companhia um do outro. Esquecemos
ganhar ou perder, se o resultado da ativi-
dade ficou feio ou bonito, se a história
inventada em conjunto é maluca. Só
existe uma regra para toda e qualquer
brincadeira: relaxar, juntos.
Sem poder ir à escola nem
descer para brincar com os
amigos do prédio, Quim
passou a terça-feira parti-
cipando de outra ativida-
de em família (tão vinta-
ge quanto as sugestões
que damos aqui): fazer jor-
nal. Neste caso, de verda-
de. Para escrever este texto,
relembramos brincadeiras que
passaram por nós – “lembra quando
ele descobriu as palavras e tinha mania
de forca?” – e as que ficaram, como que-
bra-cabeças (gosto herdado da mãe) e
futebol de botão (jogo com o pai na me-
sa da sala).
Ah, cuidado extra por causa da covid-
19: futebol de botão, dardo e baralho exi-
gem que a família toda lave muito bem as
mãos – no tempo de cantar Parabéns pa-
ra Você – e que os adultos higienizem os
itens da brincadeira com álcool (para lim-

par objetos, usamos o convencional).
Terminamos perguntando ao Quim
por que ele gosta de fazer atividades em
casa em família. “Isso constrói relações
e memórias felizes, que provavelmente
nunca vou esquecer”, disse, logo emen-
dando: “Ficou muito filosófico, né?
Nem vão achar que fui eu que falei”. Tu-
do bem, Quim, nós sabemos que foi. Is-
so não importa. A principal regra do jogo
em família você aprendeu, filho.

Forca
Como muitas das brincadeiras das anti-
gas sugeridas aqui, é suficiente ter papel
e caneta. A ideia de adivinhar a palavra
pensada por um dos jogadores é excelen-

te para testar o vocabulário. Para os pe-
queninos, dê uma chance extra, definin-
do um tema para a escolha de palavras.
Quim: Quando era pequeno, sem-
pre botava palavras grandes (Aus-
trália, ventilador). Já botei até
uma frase! “O pato viu o sapo que
viu o gato.”

Jogo da velha
É mais velha do que o nome. Simples, é
bem útil, especialmente para distrair os
novinhos. Em casa, já usamos muito. Pa-
ra a garotada que nunca brincou disso, é
uma ótima oportunidade de apresentar
outra utilidade para a hashtag.
Quim: Hoje em dia eu jogo muito

Sem tédio,


com criança


em casa


Simplicidade.
Muitas atividades
exigem pouco
mais do que papel
e caneta

divirta-se


Vintage. Brincadeiras em família, sem eletrônicos,


ajudam a distrair a família toda durante o isolamento


Nathalia Molina e Fernando Victorino
ESPECIAIS PARA O ESTADO


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O ESTADO DE S. PAULO
20/3/2020 A 26/3/2020
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