Valor - Eu & Fim de Semana (2020-03-20)

(Antfer) #1
Sexta-feira,20demarçode2020|Valor| 23

DIVULGAÇÃO

Oprestígio conquistado naquelaépocale-
vouprofissionaisdeoutrasáreasaabandonar
suas carreiras com o intuitode ganharavida
atrásdo fogão. Não era assim no fim dos anos
80, quando a gaúcha Roberta Sudbrack, por
exemplo,avisouafamília que iriaabandonar
afaculdadedeveterináriaemWashingtonpa-
ravirarcozinheira,aos21anos.
Mais recentemente,apósparticipar da pri-
meiraedição do “MasterChef Brasil” (Band),
em 2014,a carioca Cecilia Padilha jogoupara
o alto a carreira de analista financeira e prati-


camentesó ouviu incentivos. No currículo
dela consta um MBAda Swiss Business Scho-
ol epassagenspela Bloomberg epelos ban-
cos HSBC e Pactual. Como chef e influencia-
doradigital da área, ela diz ganharmais do
que na época do mercadofinanceiro.
Os “reality shows” culinários tiraram um
poucodo glamourassociadoàgastronomia.
“Talvezpor necessidadede audiência, eles fa-
zemquestão de mostrar as dificuldadesea
enormepressãoqueexistepertodosfogões,o
queespelhamelhorarealidade da profissão e

afasta quemacha que o dia a dia nas cozinhas
éum mar de rosas”, afirmaachef carioca Re-
nataBraune,quecoordenaocursodepreparo
eproduçãonoLeCordonBleuSãoPaulo.
Instaladano primeiroandarde um pré-
dio na Vila Madalena, a unidadepaulistana
dalendáriaescoladegastronomiafrancesa,
inaugurada há 125 anos,abriuas portasem
maiode 2018(a filial carioca,emBotafogo,
passouafuncionarcincomesesdepois).
Os cursosmaisbaratos,que duramcinco
horas,partemde R$ 790. Oprogramamais
caro, que dá direito ao Le GrandDiplôme,
tem duraçãode ao menosnovemesese
custamaisde R$ 140 mil (ou R$ 15,6 mil
por mês).“Nossoquadrode alunosnão é
compostosópor pessoascomalto poder
aquisitivo”, afirmaRenata.
Aformaçãoda chef na matrizdo Le Cor-
donBleu,háquase30anos,foicusteadapela
Sadia.Depoisde largarapedagogia,cujo di-
plomaobteveem 1989,Renatacomandou
em São Paulo por cercade 18 anosobistrô
ChefRougee, em seguida,o La Reina,que
duroupoucomaisde um ano.“Hoje amaio-
ria das pessoasque procuraagastronomia
querde fato cozinhar,não buscasó ogla-
mour”, diz. “Essa é aprincipaldiferençaem
relaçãoadécadasrecentes.”
Hojecom 32 anos, o carioca AntonioMen-
des acredita que provavelmentenão se matri-
cularia em administração de empresas só pa-
raaplacarosânimosdafamíliaseestivesseem
épocade vestibular. “Embora eu quisesse tra-
balharcom gastronomia, julgavam mais im-
portante que eu tivesse uma formação tradi-
cional”,diz.“Hojeaaceitaçãoémuitomaior.”
Crescido em BotafogoeSão Conrado,no
Rio,Mendes aproveitouocurso de adminis-
traçãona UniversidadeCandidoMendes,que
abandonouno últimoano,para dar vazão à
veia empreendedora.Criouuma versão gour-
metdacoxinhaepassouavendê-laparaosco-
legasdafaculdade,alémdeempadinhas.
Em seguida,ele se matriculou no Senace
partiupara uma temporadade oito anos na
Europa.Em Paris, cursoua renomadaÉcole
Ferrandie trabalhouem restaurantesque
ostentamestrelasdo“GuiaMichelin”, como
oTailleventeoZeKitchenGalerie.
De volta ao Brasil, ondecomeçou a namo-
rar ablogueira AnnaFasano, filha do “restau-
rateur”Rogério Fasano, deu início ao projeto
Ap 201, com o qual promove jantares sofisti-
cadosa domicílio,para pequenos gruposde
seucírculo.Nofimdoanopassado,quandofi-
cou conhecido do público por participardo
“reality show” “Top Chef”,da Record,inaugu-
rou oPapilaDeli. Sediadono ItaimBibi, o res-
taurante é especializadoem poke (prato ha-
vaiano)esóatendepormeiodeentrega.■

Antonio Mendes
cursouadministração
antes deestudarno
Senace partiupara
temporadadeoito
anosnaEuropa;em
Paris,cursoua École
Ferrandi e trabalhou
emrestaurantes

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