REVISTA VOO LIVRE - EDIÇÃO 29 - DEZEMBRO DE 2022

(MARINA MARINO) #1

Acorde. Suporte. Sustente. Pelo
sim,pelonão.


A fé é altruísta. Persistente.
Teimosa.Costumaacompanharmesmo
quem não acredita no poder da fé.A
adesãoabsolutadoespíritoégratuitae
tudopodesetornarrealidade.


Onipresente.
Aféestánoperfumedacorbelha
de flores, no pesar do caixão, na
tristeza enasolidão.Noramalhetedo
namorado sem dia e sem hora para
amar.Nobuquêdanoivaqueaguardaa
portadaigrejaabrir.Fénocasamento.
Navida.Ubiquidadetotal.


Afénuncamorre.
Desacreditada, abandonada,
rejeitada, ultrajada, considerada
ultrapassada, nos acompanha na lida,
no chão batido do peregrino, no jogo
malemolente da carroça intrusa na
avenida da cidade grande, no ônibus
lotado, na escala do avião e na mala
perdida.


A fé explode em flocos no
invernoeembrasasnoverão.Alaranja-
senooutonononortedohemisférioe
fica invisível nas asas do beija-flor na
primavera. Espreguiça-se fluorescente
nas auroras. Invade os espaços sem
pedirlicença.


Acansadahumanidadeesnoba-a
como crendice ou princípio religioso,
mas aféexpandeocorpoeo espírito
livresdeseitas,cultosousantos.Não


precisa de altar, templo, redoma. Nem
versículos, basílicas, mesquitas. Não
precisa de dinheiro. Precisa de alguém
queaqueira.Queatenha.
GalCosta,babymeninabaianadiana,
insinuava a falada fé na música Vapor
Barato:“oh,sim,estoutãocansada,mas
nãopra dizerqueeunão acreditomais
emvocê”.
Acrediteemvocê.
Afécrênaspessoas.
Émisericordiosa.
Bumerangue moto-contínuo.
Semprevolta.
UmNovoAnoFeliz.
Comfé.
Porquenãocostumafaiá,comodiz
Gil,irmãodefédeGal.
Olaiá.

@paulo.maua

@livrospaulomaua
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