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A8 Política DOMINGO, 22 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
ELIANE
CANTANHÊDE
O
s mortos pelo novo corona-
vírus já passam de 11.500 no
mundo. Chegaram até on-
tem a 18 no Brasil, 220 nos Estados
Unidos, em torno de 500 na França,
1000 na Espanha, 1.400 no Irã e
4000 mil na Itália, além de mais de
3100 na China. O número de conta-
minados nem dá mais para contar. E
muitos deles vão morrer.
Em sã consciência, é impossível
chamar tudo isso de “gripezinha” e
defender realização de cultos reli-
giosos, como fez o presidente da Re-
pública Federativa do Brasil, depois
de ter reduzido tudo a uma “fanta-sia”, criticar a “histeria”, estimular ma-
nifestações (aliás, contra o Congresso
e o Supremo) e tocar mãos e celulares
de centenas de pessoas mesmo ainda
sujeito a novos testes para o vírus. Co-
mo não criticar esses absurdos?
Quanto mais a doença se abate sobre
a humanidade, mais os cidadãos bus-
cam o melhor de si para reforçar a empa-
tia, a solidariedade, o patriotismo, a re-
sistência. Arrasada, a Itália nos brinda
com exemplos comoventes de artistas
cantando óperas e distribuindo gentile-
za e esperança pelas janelas e varandas.
O Brasil segue o exemplo e faz panela-
ços em agradecimento ao bravo pessoalda saúde. Não vamos estragar isso, pre-
sidente. Só o uso de máscaras inúteis
não resolve nada nem do ponto de vista
simbólico nem do epidemiológico.
O ministro Henrique Mandetta pre-
vê “colapso na Saúde” logo ali, em abril,
enquanto o governo anuncia transmis-
são comunitária em todo o País e Câma-
ra e Senado providenciam às pressas vo-
tações remotas e aprovam o estado de
calamidade pública. O teto de gastos e a
tão suada e fundamental Lei de Respon-
sabilidade Fiscal foram devidamente jo-gados pela janela para abrir espaço ao
principal: o combate ao coronavírus.
Nesse quadro de guerra, de respon-
sabilidade, é preciso pensar antes de
falar, ter cuidado com o outro, respei-
tar a dor das famílias dos mortos de
hoje e de amanhã. E não custa lembrarque, neste momento, o presidente é
uma ilha cercada de contaminados: os
chefes do GSI, da Secom, da Seguran-
ça, da Ajudância de Ordens e do Ceri-
monial, que integram a incrível lista de
22 pessoas da comitiva presidencial
que trouxeram o coronavírus dos Esta-
dos Unidos (e não da China...).
Entre as vítimas mais sensíveis, está
a economia. A previsão do governo pa-
ra o crescimento de 2020 era de 2,4,
caiu para 2,1% e já está em 0,02% que,
tira daqui, põe dali, significa zero, na-
da, estagnação. E é considerada otimis-
ta. A FGV já trabalha com um tombaço
de 4,4%. Recessão das brabas.
Levantamento feito pela Cielo,
maior credenciadora de cartões do
País, mostra que as vendas do varejo
caíram 5,4% nos primeiros 19 dias de
março em relação a fevereiro e essa
queda vem piorando de semana a sema-
na. O setor mais afetado é exatamente
o de serviços, onde se encaixa o turis-
mo: queda de nada mais nada menos
que 25,5%. As pessoas, trancadas emcasa, não viajam, não consomem.
Lojas estão fechadas, não lucram.
Empresas param, não produzem.
Um ciclo maldito, cujo resultado fi-
nal, em tese, é quebradeira, queda
de empregos e renda. Dor.
Em meio a tudo isso, o Brasil se-
gue os EUA e a Europa e começa a
testar cloroquina em pacientes de
Covid-19 em situação gravíssima,
mas o presidente da Anvisa, médico
e contra-almirante Antonio Barra
Torres, faz um apelo dramático:
“Não comprem cloroquina!”
Segundo ele, 1) os testes para o co-
ronavírus ainda são muito prelimina-
res; 2) há risco sério de efeitos colate-
rais; 3) o medicamento pode faltar
(aliás, já está faltando) para os que
realmente precisam: os que têm Lu-
pus, malária, artrite e outras doenças
reumáticas. É preciso ouvi-lo. Auto-
medicação é uma praga. Numa pan-
demia, uma praga ainda mais perigo-
sa. Como a irresponsabilidade e a dis-
plicência nos momentos graves.E-MAIL: [email protected]
TWITTER: @ECANTANHEDE
ELIANE CANTANHÊDE ESCREVE ÀS TERÇAS E
SEXTAS-FEIRAS E AOS DOMINGOSMortes, contaminação,
calamidade, colapso,
recessão. Não é ‘gripezinha’PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
Daniel BramattiO apoio de quatro grandes ca-
ciques da política brasileira a
algum candidato a prefeito
de São Paulo mais atrapalha-
ria que ajudaria, segundo pes-
quisa Ibope, em parceria com
o Estado e a Associação Co-
mercial de São Paulo. “Caso
um candidato a prefeito, inde-
pendentemente de quem se-
ja, tivesse o apoio do presiden-
te Jair Bolsonaro, isso aumen-
taria, diminuiria ou não afeta-
ria a sua vontade de votar nes-
se candidato?”, questionou o
Ibope a 1.001 paulistanos. O
respaldo presidencial teria
efeito negativo para 47% dos
eleitores e positivo para 22%.
Para 41%, uma declaração de
apoio de Bolsonaro “diminuiria
muito” a intenção de votar no
candidato favorecido, e para
6% “diminuiria um pouco”. Ape-
nas 17% responderam que “au-
mentaria muito”, e 5% que “au-
mentaria um pouco”.
O Ibope também avaliou o po-
tencial de transferência de vo-
tos do governador de São Pau-
lo, João Doria (PSDB), do ex-go-
vernador Geraldo Alckmin
(PSDB) e do ex-presidente pe-
tista Luiz Inácio Lula da Silva.
No caso de Doria, quase meta-
de dos eleitores encararia o
apoio como algo negativo: 40%afirmam que isso diminuiria
muito sua intenção de votar no
candidato respaldado, e 9% afir-
maram que “diminuiria pouco”.
O ex-presidente Lula, que em
novembro do ano passado dei-
xou a prisão, depois de passar
580 dias cumprindo pena por
corrupção, é considerado um
bom cabo eleitoral por um ter-
ço dos paulistanos: 26% e 6%,
respectivamente, afirmam que
seu apoio a um candidato au-
mentaria “muito” e “um pou-
co” a vontade de votar nele. O
efeito negativo, porém, seria
maior: para 36% e 6% dizem que
isso reduziria “muito” ou “pou-
co” a intenção de voto na pes-
soa respaldada pelo petista.
Alckmin é que menos teria in-
fluência na decisão de voto: 35%
dos entrevistados afirmam que o
apoio do ex-governador não afe-
taria a vontade de votar ou não
em um determinado candidato.
Além disso, 34% e 10% dizem que
reduziria muito e pouco, respec-
tivamente, a intenção de voto.No caso de Bolsonaro, os seg-
mentos que menos o consideram
um bom cabo eleitoral são o dos
mais pobres e o das mulheres.
Quase metade dos eleitores do se-
xo feminino e parcela similar dos
que se encontram na base da pirâ-
mide de renda veriam como nega-
tivo o apoio do presidente.
Já os mais arredios a uma de-
claração de apoio de apoio de
Doria seriam os eleitores mais
escolarizados: 47% dos com cur-
so superior dizem que o aval do
governador diminuiria muito
sua intenção de voto no candi-
dato apoiado.Lógica municipal. Para Marcia
Cavallari, diretora executiva do
Ibope, a resistência dos eleito-
res ao apoio de caciques políti-
cos na campanha municipal tem
a ver com os resultados práticos
que eles esperam nos próximos
quatro anos. “A esfera munici-
pal é a mais próxima do cidadão,
e é por isso que ele é mais exigen-
te e crítico.”
O Ibope constatou que é for-
te o desejo de mudanças nos ru-
mos da administração da capi-
tal, o que pode dificultar a reelei-
ção do prefeito Bruno Covas.
Dois terços dos eleitores espe-
ram que o próximo ocupante da
prefeitura mude “totalmente”
ou “muita coisa” na administra-
ção municipal.Presidente é alvo
de novo panelaço
● Foram realizadas 1.001 entrevistas entre os dias 17 e 19 de marçoLEVANTAMENTOFONTE: IBOPE/ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO/‘ESTADO’ INFOGRÁFICO/ESTADÃO36 %
31 %
15 %
14 %
4 %
Transferência de votos
Se o candidato, independentemente de quem seja, tivesse o apoio de um dos nomes a seguir, aumentaria, diminuiria ou não afetaria sua vontade de votar neste candidato?Jair Bolsonaro
(sem partido)PRESIDENTE DA
REPÚBLICAAumentaria muitoAumentaria um poucoDiminuiria um poucoDiminuiria muitoNão afetaria sua vontade de
votar neste candidato
Não sabe/não respondeu17%5%6%41%29%3%João Doria
(PSDB)GOVERNADOR DE
SÃO PAULO9%6%9%40%34%2%26%6%6%36%25%2%Lula
(PT)EX-PRESIDENTE
DA REPÚBLICA10%9%10%34%35%3%Geraldo
Alckmin
(PSDB)EX-GOVERNADOR
DE SÃO PAULOMARGEM DE ERRO: 3 PONTOS PORCENTUAIS PARA MAIS OU PARA MENOS; NÍVEL DE CONFIANÇA: 95%; REGISTRO ELEITORAL: SP-04052/Expectativa de continuidade
Gostaria que fosse eleito para
prefeito de São Paulo um
candidato que:Mantivesse só alguns
programas, mas
mudasse muita coisa
Mudasse totalmente a
administração do
municípioFizesse poucas mudanças
e desse continuidade para
muita coisaDesse total continuidade
à administração atual
Não sabe/não
respondeuIbope aponta mais prejuízo do que ajuda a candidaturas em eventual
manifestação de alinhamento pelo presidente, Lula, Doria e Alckmin
Colapso
PROGRAMA LEILÕES
Rua dos Inconfidentes, 260 • Londrina-PR • CEP 86067-200 • Tel.: 43 3373-http://www.programaleiloes.comAGENDADA
SEMANA
Data Horário Evento Transmissão22 MAR
DOMINGO9h VIRTUAL FAZENDA LAÇOS DA PEDRAGirolando • Virtual Canal Rural13h LEILÃO VIRTUAL TOUROS NAVIRAÍNelore PO • Virtual Canal Rural24 MAR
TERÇA20hLEILÃO VIRTUAL EMBRIÕES CANAÃ
Nelore - Brahman • Virtual Canal Rural20h30 LEILÃO VIRTUAL GIR LEITEIRO FAZENDA VILA RICAGir Leiteiro • Virtual Terraviva29 MAR
DOMINGO9hLEILÃO VIRTUAL MEGA 1.000 FÊMEAS
FAZENDA SERTÃOZINHO
Nelore PO - Nelore LA - Nelore CL • VirtualCanal Rural13h30 MEGA TOUROS VERÃO AGRO MATA VELHANelore PO - Nelore Nova Importação • Virtual Canal do Boi23 MAR
SEGUNDA20h30 LEILÃO LIQUIDAÇÃO DE PLANTEL NELORE GRAN FILÉNelore PO • Virtual Canal Rural25 MAR
QUARTA 20h8° LEILÃO ALTA PERFORMANCE TUFUBARINA
Senepol PO • Virtual Canal Rural26 MAR
QUINTA20h30 LEILÃO 10 MARCAS – EDIÇÃO VIRTUALGado de Corte • Virtual Canal RuralDE 22 A 29 DE MARÇO28 MAR
SÁBADO13h 2° LEILÃO VIRTUAL VILA REAL PREMIUMNelore PO • Virtual Canal Rural14hLEILÃO VIRTUAL CRIADORES BARRA DOS
BUGRES E REGIÃO
Gado de Corte - Mato Grosso • VirtualTerraviva21h LEILÃO CABANHA DO PARQUE – SONHO DE CRIADORCrioulo • Sede da Cabanha do Parque - Canela - RS Canal RurallPesquisa
O Ibope ouviu 1.001 eleitores de
16 anos ou mais entre os dias 17
e 19 de março. O nível de confian-
ça utilizado é de 95% e a margem
de erro é de três pontos porcen-
tuais para mais ou para menos.Lorem ipsum matem Dolor. Pág. XX }
Após associar o novo coronaví-
rus a uma ‘gripezinha’, o presi-
dente Jair Bolsonaro, que vol-
tou a ser alvo de panelaços, afir-mou ontem, em seus perfis nas
redes sociais, que reconhece a
“seriedade do momento” e o te-
mor de muitos brasileiros ante
à ameaça da doença. Ele tam-
bém disse que se solidariza com
as famílias que perderam paren-
tes por conta da pandemia – on-
tem, o número de mortes pelacovid-19 no País chegou a 18 até
a conclusão desta edição.
Em Brasília e seis capitais – São
Paulo, Rio, Salvador, Belo Hori-
zonte, Curitiba e Fortaleza – hou-
ve manifestações contrárias ao
presidente, no dia em que ele
completou 65 anos. Foi o quarto
protesto em uma semana.Para 47%, apoio
de Bolsonaro em SP
atrapalha candidato