O Estado de São Paulo (2020-03-22)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:B-1:20200322:B1 DOMINGO, 22 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


E&N


Novatos na Bolsa passam por teste de


estresse com derretimento do mercado


ECONOMIA & NEGÓCIOS


Bolsa dobrou o número de investidores em dez meses, e foram eles que movimentaram o mercado de ações no ano passado; com


a crise, há quem diga que agora têm ‘estômago para o risco’, outros fogem da aplicação, e os especialistas recomendam cautela


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


Paula Sauer, professora em finanças comportamentais da FIA






Os investidores vão fugir
da Bolsa?
Sim, a emoção se so-
brepõe e muitos investidores
se desesperam, não toleram o
prejuízo momentâneo, porque
absolutamente não pensavam
que fosse possível (perder di-
nheiro). Depois de uma crise
assim, parte dos investidores
sai com pavor do mercado de
renda variável e vai tentar re-
cuperar a perda nas aplicações
de renda fixa.






As pessoas que compra-
ram ações sabiam o que
estavam fazendo?
A maioria delas não, outras
achavam que sabiam.






Não é fácil falar agora?
O brasileiro é um oti-
mista, e acha que na
sua vez nada de mal pode lhe
acontecer, maximiza as chan-
ces de ganho e minimiza, faz
vista grossa para os riscos.
Pensa que no final tudo vai
dar certo.





Passada essa crise, eles
voltarão para a renda
variável?
Alguns podem voltar quando
a Bolsa subir novamente. Mas
uma grande parte, não. Mui-
tos vão ficar com a sensação
de perda e isso pesa, indepen-
dentemente da lógica, dos pre-
ços e da oportunidade.

Ibovespa tem maior queda entre índices semelhantes em 2020. Pág. B3}


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Renato Jakitas


O advogado Walter Vechiato
sempre guardou parte do salá-
rio para a aposentadoria.
Conservador, gostava da ca-
derneta de poupança, dos tra-
dicionais CDBs oferecidos pe-
los bancos grandes e, de vez
em quando, arriscava-se em
uma Letra de Crédito Imobi-
liário (LCI), produto isento
de Imposto de Renda. Mas,
nos últimos tempos, ele pas-
sou a se interessar pelo risco.
A taxa básica de juros (Selic),
que baliza os retornos das apli-
cações de renda fixa, começou a
cair a níveis antes inimaginá-
veis, e no instante em que ele
percebeu que o seu dinheiro es-
tava rendendo menos, passou a
prestar atenção na rentabilida-
de do lado mais “agressivo” do
mercado financeiro, o da renda
variável. “Fiz alguns cursos pre-
senciais, que os bancos me ofe-
receram, e comprei minhas pri-
meiras ações em novembro do
ano passado”, diz. “Sabia que
era um investimento de risco,
de longo prazo, mas ninguém
poderia imaginar que hoje esta-
ríamos vivendo a crise que esta-
mos vivendo.”
Vechiato ingressou no merca-
do de ações numa fase em que o
interesse pelo tema cresceu
muito. Uma combinação de
três fatores – a taxa de juros na
mínima histórica, a expectativa
com o crescimento da econo-
mia brasileira e o esforço dos
bancos e corretoras para atrair
clientes para opções além da ve-
lha poupança – fez com que, em
abril de 2019, a B3 (a Bolsa pau-
lista) atingisse o primeiro mi-
lhão de CPFs cadastrados. Dez
meses depois, a Bolsa tinha
mais 945 mil novos aplicadores,
somando quase 2 milhões de
CPFs. O investidor pessoa físi-
ca vinha sendo o principal res-
ponsável pela valorização do
Ibovespa, que em 2019 acumu-
lou alta de 31,58%, até encostar
em históricos 120 mil pontos an-
tes do carnaval.
Da Quarta-feira de Cinzas pa-
ra cá, a história é conhecida: a
escalada da pandemia do coro-
navírus, que paralisa a econo-
mia, provocou uma sucessão de
circuit breakers na Bolsa (meca-
nismo que interrompe as nego-
ciações no mercado para impe-
dir quedas muito bruscas). Nas
últimas duas semanas, houve


perda de R$ 1,16 trilhão em va-
lor de mercado das 354 empre-
sas com ações listadas no País.
“Eu confesso que fiquei assusta-
do, pensei em tirar todo o dinhei-
ro e sair da Bolsa, mas mudei de
ideia. As coisas precisam melho-
rar”, afirma Vechiato, que disse
que agora, acredita ter “estôma-
go para volatilidade”.
Mas nem todos têm esse estô-
mago. O professor Gerson Amo-
rim, por exemplo, percebeu que
sofre mais. No fim de fevereiro,
ele não resistiu e liquidou meta-
de dos R$ 450 mil que estavam
em ações. “Depois eu me arre-
pendi, mas perdi quase R$ 100
mil. A outra parte ficou lá e está
encolhendo.”
Para a professora de finanças
comportamentais da FIA, Pau-
la Sauer, essa é a pior decisão de
um investidor. Mas é a mais co-
mum. “É um clássico do efeito
manada: corre primeiro e per-
gunta depois”, diz. Segundo ela,
com interesse maior em torno
da Bolsa, boa parte dos novos
aplicadores que ingressaram
não sabia o que estava fazendo.
Em Santos, o casal de apo-
sentados Cesar e Sandra Buosi
estava, de fato, otimista. Eles
sempre gostaram de diversifi-
car, mas dentro da renda fixa.
De repente, começaram a tes-
tar as ações. “Eu estava com
tempo mais livre e a gente foi
comprando mais na renda va-
riável”, afirma Sandra, que ago-
ra não tem mais nenhum centa-
vo em ações. “Quando as
ações começaram a cair na
Quarta-feira de Cinzas, eu fa-
lei, chega, vou voltar para o
CDB”, diz Cesar.

Liquidez. Para o especialista
em planejamento financeiro Jo-
sé Raymundo de Faria Júnior, o
casal Buosi, apesar de ter perdi-
do um pouco do patrimônio, to-
mou a decisão certa, na hora cer-
ta. “Naquele momento, a Bolsa
ainda não tinha caído tanto”,
diz. Para ele, o cenário é difícil
para os investimentos. Ele ain-
da recomenda aportes em ren-
da fixa de longo prazo, por
achar que a curva de juros pode
subir daqui a pouco, e não consi-
dera que a Bolsa chegou ao fun-
do do poço – ela pode descer
para 53 mil pontos, diz. “O lugar
do dinheiro novo é parado, num
(título) de Tesouro Selic, espe-
rando para ver o que acontece.
O futuro é muito incerto.”

WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Choque. Conservador nos investimentos, Vechiato diz que sabia dos riscos, mas que não imaginava a dimensão da crise

4 PERGUNTAS PARA...


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