O Estado de São Paulo (2020-03-22)

(Antfer) #1

O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 22 DE MARÇO DE 2020 Economia B5


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PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


guma coisa. Os europeus estão
desmoronando. Muitos países
europeus estão respondendo
de modo nacionalista, sem soli-
dariedade. O Japão está lidan-
do bem. Isso porque já teve a
experiência com a Sars antes.
Mas, se olharmos para a Euro-
pa e para os EUA, é assusta-
dor. Na crise financeira (de
2008), tínhamos o G-20 traba-
lhando junto de modo eficien-
te. Eles produziram um plano
comum que funcionou bem pa-
ra o setor financeiro e em ter-
mos de política fiscal. A recu-
peração pode não ter sido co-
mo se esperava, mas havia qua-
lidade de lideranças. Houve
muita colaboração nos primei-
ros encontros do G-20. Essa
imagem é muito diferente da
que temos hoje. Então, é fácil
tudo dar muito errado. Não sei
como essas pessoas vão coope-
rar. Já pararam de comerciali-
zar itens vitais, como ventila-
dores e máscaras.

lO sr. acredita que o presidente
brasileiro, Jair Bolsonaro, está
preparado para o desafio?
Não conheço pessoalmente o
sr. Bolsonaro, que parece ser
um populista de extrema direi-
ta, ignorante e preconceituo-
so. Como Trump, mas um pou-
co pior. Apesar disso, sua equi-
pe econômica parece compe-
tente e inteligente. São prova-
velmente muito mais Chicago
do que preferiria. Mas as refor-
mas que estão fazendo eram
necessárias. Como eles vão
funcionar nessa crise, dado
que o Brasil não está numa po-
sição econômica forte e não
pode aumentar seus gastos fa-

cilmente, realmente não sei.
Será um desafio grande para o
Brasil. É preciso uma capacida-
de do governo para gastar
mais e rapidamente, o que é di-
fícil para o Brasil, que já está al-
tamente endividado. Vai ser
um desafio grande para o Bra-
sil e para muitos emergentes.

lO sr. mencionou que o Brasil já
está bastante endividado. E o sr.
também tinha escrito que os go-
vernos deveriam prover solvên-
cia ao sistema. Se o Brasil não
pode fazer isso, como fica a situa-
ção do País?
Vai ser difícil para o Brasil con-
seguir financiamento em moe-
da estrangeira. Talvez a ques-
tão seja quanto o governo con-
seguirá emprestar domestica-
mente. Provavelmente, preci-
sará da ajuda do Banco Cen-
tral. Mas, dada a história brasi-
leira de inflação e altas taxas
de juros, vai ser muito difícil fa-
zer isso sem criar pânico no
mercado financeiro. O Brasil
terá de realocar gastos existen-
tes, o que pode ser difícil politi-
camente. Politicamente, é qua-
se impossível mudar os gastos
nessa situação. Mas essa pare-
ce ser a coisa lógica a se fazer.
Gastar com o que realmente é
prioridade. Mas, para ser ho-
nesto, para um país como o
Brasil responder de forma efe-
tiva a essa emergência, vai ser
um desafio gigantesco. Se você
comparar o Brasil com a Chi-
na, a China obviamente tem
vantagens enormes em termos
de recursos financeiros e de
poder de organização e contro-
le social. A maioria dos países
emergentes não tem esses ati-

vos. Os próximos dois anos
vão ser muito difíceis para os
mercados emergentes.

lUma das medidas que o gover-
no brasileiro anunciou foi a autori-
zação para empresas reduzirem
jornadas e salários dos trabalha-
dores. É uma boa opção?
Na Alemanha, que é um país ri-
co, o governo financia o traba-
lhador de meio período. O go-
verno diz para a empresa redu-
zir o número de horas que o
funcionário trabalha e cobre a
diferença de salário. Mas o go-
verno alemão tem solvência,
pode emprestar a taxas de ju-
ros negativas. Se o governo bra-
sileiro não tem condições fi-
nanceiras de fazer isso, então
o que está sugerindo me pare-
ce fazer sentido. Caso contrá-

rio, as pessoas ficarão desem-
pregadas e em um problema
terrível. Acho que não é uma
má ideia se for algo organiza-
do. Para mim, o problema no
Brasil é que a maioria das pes-
soas não trabalha em uma
grande empresa. A maioria
tem empregos informais. O
que o governo vai fazer para
ajudar essas pessoas?

lVai dar R$ 200 por pessoa por
mês nos próximos três meses.
Não parece muito. Isso é sufi-
ciente para viver no Brasil?

lNão.
O problema é que, em um país
pobre como o Brasil, o gover-
no não tem os recursos para
proteger as pessoas. No Brasil,
a grande questão não é salvar
o setor organizado, é proteger
a população. É preciso encon-
trar um jeito que possibilite
que as pessoas sobrevivam.
Ajudar o trabalhador informal
a manter sua renda é a priori-
dade número um.

lO sr. já disse também que esta-
mos em uma situação de guerra
e que os países devem gastar o
quanto for preciso para incenti-
var a economia. Eles estão agin-
do nessa direção?
Os Estados Unidos estão fa-
zendo isso. Eu não ficaria sur-
preso se alguns países tiverem
um déficit neste ano e no
próximo de 10% do PIB ou
mais. Não estou prevendo is-
so, mas era onde estávamos na
crise financeira. Os principais
países desenvolvidos, com ex-
ceção da Itália, podem fazer is-
so de forma fácil sem gerar

grandes problemas. Se você
empresta na sua própria moe-
da, tem o Banco Central para
ajudar e com as taxas de juros
da dívida do governo próximas
a zero, que é basicamente on-
de estão agora, não é problema
aumentar a dívida. O proble-
ma fiscal vai ser negligenciá-
vel. Em muitos países emer-
gentes, como discutimos an-
tes, o problema é que vai ser
mais difícil conseguir dinheiro
no mercado global por causa
da aversão ao risco.

lEntão, os brasileiros devem se
preparar para uma recessão pro-
funda neste e no próximo ano?
A economia global vai ter uma
desaceleração massiva, possi-
velmente uma recessão. O Bra-
sil não é superdependente dos
mercados globais como outros
emergentes, mas obviamente
isso vai afetar os negócios bra-
sileiros significativamente. Em-
presas importantes exportam
e têm ativos no exterior. Deve
haver um efeito deflacionário.
As condições no mercado de
crédito para o Brasil ficarão
muito apertadas e as empresas
brasileiras também terão mais
dificuldade para emprestar
nos mercados globais. Essa é
uma segunda razão para haver
recessão. Outra é que, aí, pes-
soas também vão ficar em casa
e haverá um choque de oferta.
Esperaria que a economia desa-
celerasse consideravelmente,
e já está em uma taxa de cresci-
mento muito lenta. Se o País
for muito bem mesmo, o PIB
será próximo de zero. Mas fica-
rei incrivelmente surpreso se
não for negativo.

Brasil tem pico de tráfego na internet. Pág. B10}


“Esquece o teto dos gastos,
agora é preciso cuidar dos
doentes”, diz o economista
Paulo Leme, que já comandou
o Goldman Sachs no Brasil.
Para ele, dada a gravidade da
situação, cumprir uma meta
fiscal deixou de ter prioridade
e a resposta para a emergência
econômica é política fiscal.
“Reconheço que o pacote fis-
cal apresentado pelo governo
é significativo, são 2,3% do
PIB. Mas acho melhor errar
por fazer demais, porque temo
que ainda possa ser insuficien-
te.” O economista afirma que

os R$ 11,8 bilhões que o gover-
no destinou para a Saúde, é
pouco. “Duplicaria, triplicaria
esse valor para, por exemplo, a
construção de hospitais.” Le-
me afirma ainda que o gover-
no deveria ampliar linhas de
crédito tanto para pequenas e
médias empresas, como para
algumas maiores, como as aé-
reas, e usar o BNDES para
comprar debêntures de compa-
nhias. Do lado do consumidor,
outra rodada de liberação de
recursos do FGTS deveria ser
providenciada. “O jogo é ser
gigantesco e rápido.”

lTrump e Bolsonaro

O ex-ministro da Fazenda Maíl-
son da Nóbrega avalia que o
governo Bolsonaro errou ao
insistir que acelerar as refor-
mas estruturais solucionaria a
crise econômica decorrente da
pandemia do coronavírus. “O
governo tardou em agir na
área econômica. Quando a si-
tuação começou a se agravar,
insistia no discurso equivoca-
do de que era preciso fazer re-
formas. Se aprovadas, elas te-
rão impactos daqui a anos. A
crise precisa de algo emergen-
cial.” O economista destaca
que é preciso aumentar o orça-

mento da Saúde para evitar
mortes e providenciar um alí-
vio de caixa para empresas e
famílias. Ele sugere ainda que
a contribuição previdenciária
seja dispensada temporaria-
mente. “É preciso colocar di-
nheiro no bolso das pessoas.”
Maílson admite que o déficit
primário do Brasil vai aumen-
tar neste ano, mas defende que
o teto dos gastos não seja elimi-
nado. “O governo pode propor
a abertura de um crédito ex-
traordinário para cobrir despe-
sas de calamidade pública, que
não é contabilizado no teto.”

Para Zeina Latif, o plano do
governo de conceder R$ 200
por mês, durante três meses,
aos trabalhadores informais
não apenas é insuficiente para
essa população como também
é um projeto de difícil execu-
ção. Ela destaca que o gover-
no se preparou mal para a cri-
se e subestimou o problema, o
que torna tudo mais comple-
xo agora. Segundo Zeina,
quando o Ministério da Saúde
colocou o alerta em nível um,
ainda em janeiro, era preciso
ter começado a traçar um pla-
no emergencial. “O governo é

desarticulado. Isso agrava a
situação. As medidas anuncia-
das ainda estão na borda do
problema. Como executar me-
didas para ter capilaridade e
para que recursos cheguem
aonde é preciso rapidamen-
te?”, questiona. Para Zeina,
deve-se aumentar os gastos
agora – “não fazer isso é um
equívoco” –, mas o teto de gas-
tos precisa ser respeitado.
“Acho que tem de fazer um
esforço para manter o teto. “A
questão é reduzir o sofrimen-
to e tentar fazer com que a
crise não seja tão forte.”

JFDIORIO/ESTADÃO - 27/3/2018

‘É melhor


errar por fazer


demais’


Paulo Leme, professor de Finan-
ças na Universidade de Miami

“O problema é que, ao
contrário da crise financeira
(de 2008), as principais
economias do mundo hoje
são incapazes de colaborar
umas com as outras. Trump
é um ignorante nacionalista
que não entende como lidar
com esse tipo de problema.”

“Não conheço
pessoalmente o sr.
Bolsonaro, que parece ser
um populista de
extrema-direita, ignorante e
preconceituoso. Como
Trump, mas um pouco pior.
Apesar disso, sua equipe
econômica parece
competente e inteligente.
São provavelmente mais
Chicago do que preferiria.”

FELIPE RAU/ESTADÃO - 6/3/2017

‘Governo tardou


em agir na área


econômica’


Maílson de Nóbrega,
ex-ministro da Fazenda

FELIPE RAU/ESTADÃO - 6/3/2017

‘Desarticulação


do governo


agrava situação’


Zeina latif, consultora e doutora
em Economia pela USP

WALTER DUERST/WORLD ECONOMIC FORUM - 1/1/2019
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