UM NOVO TEMPO
Com o fim da Idade Média, os grandes Estados
europeus foram, um a um, criando governos
fortes e centralizados, sobrepondo-se às nobre-
zas regionais. Países como Espanha e França
agora se viam como potências independentes,
não apenas como membros da cristandade.
Cada vez mais se difundia a ideia de que era
preciso separar o poder político do poder reli-
gioso para que um governo moderno funcio-
nasse bem.
Em 1789, a Revolução Francesa mostrou que
a antiga ordem vigente na Europa estava mes-
mo com os dias contados. No lugar dos reis,
pôs representantes do povo. No lugar da reli-
gião, pôs a razão. O Exército quase imbatível
da França revolucionária, sob o comando de
Napoleão Bonaparte, invadiu a Itália em 1796
e, três anos depois, tomou o Vaticano. O papa
Pio VI foi levado prisioneiro. Consta que ele
teria pedido para morrer em Roma, ao que o
general francês Berthier respondeu: “Para mor-
rer, qualquer lugar serve”. Arrastado até Va-
lence, na França, Pio VI não teve nem a honra
de um enterro católico: “Óbito do cidadão
Braschi (Giovanni Braschi era o nome de ba-
tismo de Pio), profissão: pontífice”, dizia o
registro de sua morte na prefeitura.
O papado só não acabou de vez porque uma
coalizão de monarquias conseguiu derrotarINVEJA
Em busca do cargo
máximo da Igreja, alguns
pontífices são acusados de
ter mandado matar seus
antecessores. O caso mais
impressionante é o de
Bonifácio VII, que nem
precisou de intermediários.
Em 974, ele mesmo
estrangulou Bento VI para
tomar seu lugar.
IRA
Durante o Renascimento,
papas não só declaravam
guerra como partiam
pessoalmente para a briga.
Um exemplo foi Júlio II, que
chegou a bater até em
seus aliados. Certa vez,
espancou cardeais que
não quiseram segui-lo
numa cavalgada pela neve.SOBERBA
Em 1870, o Concílio
Vaticano I (reunião de
cúpula da Igreja) declarou
que o papa seria infalível
em questões de ética e fé.
Ao se pronunciar sobre
esses dois temas, ele
jamais erraria. Os críticos
disseram que a decisão
tinha a ver apenas com os
objetivos políticos de Pio IX,
o primeiro papa “infalível”.LUXÚRIA
No início do cristianismo,
os papas podiam se casar
e ter filhos. Mais tarde, se
tornaram grandes defenso-
res do celibato na Igreja.
Isso não impediu que, no
século 16, o pontífice
Alexandre VI tivesse pelo
menos nove filhos com três
mulheres e ostentasse
publicamente a amante
Giulia “A Bela” Farnese.O papa Pio
VI foi levado
prisioneiro