YANG PASSOU DE UM LADO PARA OUTRO NA GUERRA POR REDAÇÃO AH
FOTO NATIONAL ARCHIVES AND RECORDS ADMINISTRATION
O SOLDADO DE
TRÊS EXÉRCITOS
Y
ang Kyoungjong era um cara azarado. Ou
seria o contrário? O destino começou a
testar a sorte dele em 1938, durante a ocu-
pação japonesa da Coreia (período que se es-
tendeu de 1910 até 1945). Convocado pelo Exér-
cito nipônico, o jovem coreano de 18 anos
deixou sua terra natal para lutar na Segunda
Guerra Mundial.
Não bastasse ser obrigado a servir às Forças
Armadas de um país que não era o seu, pouco
mais de um ano depois de ser recrutado, Kyoun-
gjong foi capturado pelo Exército Vermelho e
enviado a um campo de trabalho. Foi por lá que
a URSS passou para buscar novos soldados em
1942, em uma tentativa de contornar a escassez
de recursos humanos e reforçar a tropa para o
embate contra os nazistas. Yang e outros milha-
res de prisioneiros foram forçados a se juntar às
Forças Armadas soviéticas.
Não demorou muito para Yang se ver de novo
frente a frente com forças inimigas. O soldado
errante foi capturado novamente no ano seguin-
te, agora pelo Exército de Hitler, na Ucrânia. Teve
de mudar de time mais uma vez. Em 1944, tra-
jando o uniforme alemão, o jovem foi enviado
para a França ocupada para servir ao batalhão
da base localizada na Península do Cotentin.
Kyoungjong chegou a tempo para o Dia D, quan-
do foi rendido pelos soldados norte-americanos.
O veterano relutante dos Exércitos japonês,
soviético e alemão foi parar em uma prisão do
Reino Unido. Sua estadia por lá foi curta. Ele
acabou sendo transferido para um cativeiro em
solo norte-americano. Mesmo sendo usado
como um peão durante a guerra, Yang sobrevi-
veu ao xeque-mate. Seu aprisionamento só du-
rou até o final do conf lito mundial, quando foi
libertado – um destino afortunado em uma
guerra que matou tantos milhões de pessoas.
Com carimbos suficientes no passaporte, Yang
criou raízes nos Estados Unidos e viveu em Illi-
nois até a sua morte, em 1992.
SURREAL
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