O Estado de São Paulo (2020-03-24)

(Antfer) #1

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H2 Especial TERÇA-FEIRA, 24 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


SONIA RACY


DIRETO DA FONTE


‘PRECISAMOS GARANTIR QUE A COMIDA CHEGUE AOS BRASILEIROS’


DEMANDA

Lorival Luz, presidente da
BRF, está preocupado não
só em garantir a segurança
de seus funcionários. Está
olhando com lupa para o
funcionamento da distribui-
ção dos produtos da empre-
sa nas 37 unidades produto-
ras do Brasil e 47 centros de
distribuição (20 no País e
27 no exterior). Atuando
em 140 países, a maior ex-
portadora de frango do
mundo e maior produtora
de frango e suíno do Brasil,
a BRF trabalha para não pro-
vocar desabastecimento no
País e no exterior.

Para que o processo se tor-
ne mais claro, Luz, em con-
versa com a coluna, expli-
cou como funciona sua ca-
deia produtiva, que começa
no grão, passa pelas granjas,
fábricas, centros de distri-
buição, roda quilômetros
por estradas para chegar ao
mercado e à mesa da popu-
lação. “É caminho longo
que não pode ter empeci-
lhos”.

Existem hoje gargalos nesse
processo? “Ainda estamos
operando quase que a capa-
cidade plena, mas em al-
guns municípios a gente co-
meça a ter dificuldades por
desencontros de informa-
ções e posturas de sindica-
tos. Até agora, na medida
do possível, estamos contor-
nando essa situação”. O fa-
to, como o próprio executi-
vo diz, “é possível não tro-
car um carro ou não com-
prar uma roupa. Ficar sem
comer já se torna algo com-

plicado. A cadeia do alimento,
para Luz, é tão importante
quanto a da saúde. Para se ter
uma ideia, só a BRF opera com
mais de 250 mil clientes, qua-
tro mil produtos, 90 mil cola-
boradores (de 92 nacionalida-
des diferentes), 14 mil fornece-
dores e 12 mil produtores inte-
grados. Somam quatro milhões
de toneladas de alimentos pro-
duzidos por ano – dados de


  1. “Temos que garantir que
    a comida chegue ao prato dos
    brasileiros”. Veja os principais
    trechos da conversa.


Como funciona a cadeia do ali-
mento?
É uma cadeia que, tal como o
setor de saúde, é absolutamen-
te primordial. Isso porque to-
dos nós, incluindo os pro-
fissionais de saú-
de que estão den-
tro dos hospi-
tais, precisam
se alimentar. E
se alimentar
adequadamen-
te. No nosso
caso, lidamos
com uma ca-
deia muito ex-
tensa e lon-
guíssima. Co-
meça lá no
grão de fato
até chegar na
mesa do consumi-
dor. Para isso, a
gente tem de ofere-
cer segurança e ga-
rantir a saúde dos
colaboradores e de
suas famílias.

lO começo da ca-
deia é o grão?

Exatamente. A primeira etapa
é o grão, principalmente o mi-
lho, a matéria-prima principal,
tanto para frangos, como os
suínos. Esse milho é colhido,
tem que ser transportado do
campo até as fábricas de ra-
ção. Como elas não ficam no
mesmo estado e muito menos
no mesmo município, esta car-

ga precisa trafegar. Na fábri-
ca de ração chegam os ou-
tros insumos.

lDepois da ração?
Ela tem que ser distribuída
e esse processo é comple-
xo. Vai para todos os aviá-
rios, incubatórios e granjas.
Para você ter ideia, na BRF
nós temos mais de 10 mil
produtores integrados que
recebem essas rações para
alimentar os animais.

lNos 27 estados?
Não. São produtores de to-
dos os estados do Sul, Mi-
nas Gerais, temos produção
e unidades no Mato Gros-
so, Mato Grosso do Sul e
Goiás. Ou seja, são pontos
distantes, por onde as ra-
ções trafegam, passando
por estradas federais,
estaduais, munici-
pais e vicinais. Daí a
importância de ter
coordenação nos
estados, porque
se o governo fe-
deral garante o
trânsito na fede-
ral ok, não po-
de parar em
algum estado
específico. O
processo deve
ser contínuo.

lMontaram
equipe pra monito-
rar o tráfego de ali-
mentos pelo País?
Sim, temos um time
que fez esse trabalho.

lE onde entram as fábri-
cas neste processo?

Após as rações chegarem
nas granjas, os animais cres-
cem e precisam ser trans-
portados para as nossas
fábricas, onde temos hoje
cerca de 60 mil funcioná-
rios. Neste ambiente, já é
padrão da nossa atividade
um processo enorme de hi-
gienização, porque lidamos
com alimentos. Indepen-
dente do coronavírus, as
pessoas chegam, vão para
vestiário, onde recebem a
roupa embalada, higieniza-
da, calçam botas, colocam
touca, luvas e outros.

lAntes da pandemia já era
assim?
Sim, tudo muito higieniza-
do. Mas por conta do vírus,
criamos há dois meses, um
Comitê de Acompanhamen-
to Multidisciplinar com a
participação do infectologis-
ta Esper Kallás e executivos
da BRF das mais diversas
áreas. Este grupo é quem
olha tudo que está aconte-
cendo para poder tomar as
medidas com antecipação.

lComo os insumos chegam
às embalagens?
É outro ponto nevrálgico.
Do mesmo jeito que che-
gam os animais e as demais
matérias primas, precisa-
mos receber a embalagem
para poder acondicionar o
produto. Com o alimento
pronto, entra no processo
enorme número de trans-
portadoras e caminhões. Se
dirigem aos centros de dis-
tribuição. De lá saem os pe-
didos para as grandes cida-
des ou para o interior. Des-

de grandes varejistas até os
mercados pequenos de bair-
ro. A carga tem que chegar
ao ponto de venda.

lQuais gargalos nesse proces-
so?
Ainda estamos operando
quase que a capacidade ple-
na, mas em alguns municí-
pios a gente começa a ter
dificuldades por desencon-
tros de informações e postu-
ras de sindicatos. Na medi-
da do possível, estamos con-
tornando essa situação.

lOs governantes deveriam
unificar as normas quanto ao
fechamento de estradas?
Não sou do governo para
opinar, mas posso aqui elo-
giar os ministros Tarcísio
de Freitas e Tereza Cristina.

lA demanda está igual?
De forma agregada, está le-
vemente acima. Temos dois
tipos de mercado: o Food
Service, composto por res-
taurantes, lanchonetes, cozi-
nhas industriais, cujos pedi-
dos estão caindo cerca de
60% a 70% e o varejo.

lNão é uma queda grande?
É natural neste cenário. Os
restaurantes estão fechados.
Por outro lado, os grandes
varejistas estão vendendo
mais. As pessoas estão em
casa e naturalmente consu-
mindo mais alimentos. Uma
pessoa não consegue esperar
uma semana para comer. É
possível não trocar um carro
ou não comprar uma roupa.
Ficar sem comer já se torna
algo complicado.

Colaboração
Cecília Ramos [email protected]
Marcela Paes [email protected]
Sofia Patsch [email protected]

Reforço


A Embrapii (Empresa Brasilei-
ra de Pesquisa e Inovação Indus-
trial) ampliou o financiamento,
com recursos não reembolsá-
veis, de projetos de inovação
que tenham relação com o com-
bate ao corona vírus. O modelo
tradicional da instituição arca
com até 1/3 do valor de cada pro-
jeto, mas a partir de agora, o estí-
mulo será maior, avaliado de
acordo com a necessidade de ca-
da proposta.

Além da verba, a instituição vai
fazer o acompanhamento dos
projetos e oferecerá sua rede de
institutos de pesquisa distribuí-
dos pelo País para o desenvolvi-
mento de soluções.

Show em casa


Em virtude da quarentena, a gra-
vadora Biscoito Fino vai dispo-
nibilizar gratuitamente vários
shows lançados originalmente
no formato DVD físico. São re-
gistros ao vivo como A Pele do
Futuro, de Gal Costa, hoje, e Ca-
ravanas ao Vivo, de Chico Buar-
que. Quando? Dia 28. Todos ví-
deos estarão disponíveis no ca-
nal do YouTube da gravadora,
sempre a partir do meio dia.

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(finsdesemanaetodososdias).Imagensmeramenteilustrativas.

2.


  1. Alexandre
    Birman criou o
    movimento
    #SouEsperan-
    ça – a iniciativa
    tem o objetivo
    de encorajar as
    pessoas a en-
    frentar as incer-
    tezas e desa-
    fios do cenário
    gerado pelo
    corona vírus.
    “A ideia é que,
    às segundas,
    as pessoas se
    mobilizem com
    a causa usan-
    do verde, utili-
    zando a
    hashtag
    #souesperan-
    ça, para dar-
    mos início a
    semana de for-
    ma positiva e
    otimista”, expli-
    ca o empresá-
    rio. Já aderi-
    ram: 2. Isabel-
    la Fiorentino,

  2. Antonia Fre-
    ring e 4. Schy-
    naider Garnero,
    entre outros.


Blog: estadão.com.br/diretodafonte Facebook: facebook.com/SoniaRacyEstadao Instagram: @colunadiretodafonte

4.

1.

3.

Disciplinado


Dias Toffoli não pretende fa-
zer o teste da covid-19, se con-
tinuar sem sintomas. Vai es-
perar pelo menos até comple-
tar 14 dias de quarentena, em
1º de abril. Não quer usar um
kit em vão. Isolado no quarto
de casa em Brasília, o presi-
dente do STF não tem conta-
to pessoal nem com a filha,
que mora com ele. Hoje, faz
videoconferência com Pau-
lo Skaf e mais de 40 empresá-
rios do País.

Novos testes


Antonio Anastasia cance-
lou todas as agendas presen-
ciais e viagem a seu Estado,
Minas Gerais. Também redu-
ziu a estrutura do gabinete,
de onde despacha com seis
servidores. No fim de sema-
na, comandou novos testes
no sistema do Senado, que a
partir de hoje colherá votos
online sem precisar chamar
senadores um a um.

Na sessão remota de hoje, vo-
tam a MP 899, que regulamen-
ta a negociação de dívidas
com a União. Se não votar até
amanhã, perde a validade.

MARCELO COELHO
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