O Estado de São Paulo (2020-03-24)

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H8 Especial TERÇA-FEIRA, 24 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Um bom homus é um creme unifor-
me e aveludado de grão-de-bico. Vo-
cê pode ajustar os temperos de
acordo com seu gosto ou até incluir
outros ingredientes, como pimen-
tão e beterraba, por exemplo. Sim,
você pode usar grão-de-bico em
conserva, basta escorrer a lata.

lIngredientes
(10 porções)
250g de grão-de-bico
100g de tahine
2 colheres (sopa) de suco de limão
1 colher (chá) de sal
1/2 xícara (chá) de água
2 dentes de alho picados

lPreparo


  1. Deixe os grãos-de-bico de molho
    por um dia. Escorra, transfira para
    uma panela com água e ferva até
    ficar macio.

  2. Descasque os grãos ainda mor-
    nos um a um e passe no processa-
    dor até virar uma pasta.

  3. Tempere com tahine, limão, sal,
    água e alho e
    misture até
    obter uma
    pasta homo-
    gênea.

  4. Coloque
    na geladeira
    por 5 minutos
    antes de servir.


Prato-cabeça


Molhos, condimentos, pastas,
temperos... Você não precisa
comprar tudo isso pronto, ultra-
processado e embalado nos
mercados. É muito mais fácil (e
saudável) do que você imagina
preparar essas receitas em casa.


Selecionamos algumas que
você pode – e deve – se arriscar a
fazer. Além de ficarem mais gos-
tosas, você pode, ainda, brincar
com os sabores, com a vanta-
gem de saber quais são todos os
ingredientes que está consu-
mindo. Quer mais sugestões de
receitas para a quarentena? En-
tre no site do Paladar e confira
(bit.ly/receitaspaladar).

Molho de tomate é como receita de
bolo. Todo mundo tem o seu. Ago-
ra, imagine um molho encorpado,
de vermelho intenso, sabor adoci-
cado e acentuado de tomate, com
aroma fresco do fruto ou de tempe-
ros adicionados com excelência, co-
mo o manjericão. É fácil fazer e o
segredo é ter paciência, pois é pre-
ciso cozinhar por duas horas, sem
tampar a panela. Muitos chefs pre-
ferem os tomate do tipo italiano.
Outros não abrem mão do Débora.
O fundamental é que o fruto esteja
maduro, saudável, bem vermelho e
firme – não pode estar a ponto de
estragar. Para ter certeza, corte-o
ao meio e veja como está por den-

tro: o ideal para fazer molho é ter
bastante polpa e pouca água. Ao
provar, não pode estar muito ácido.
Com bons tomates, você estará a
meio caminho de fazer o molho per-
feito.
lIngredientes
(4 porções)
1 kg de tomate tipo Débora
1 punhado de manjericão fresco
12 colheres (sopa) de azeite extra-
virgem
5 dentes de alho
1 colher (sopa) de sal

lPreparo


  1. Escolha os tomates maduros,
    bem vermelhos e firmes. Lave um
    a um em água corrente. Em segui-
    da retire a “tampa”.
    2. Os tomates têm de ser cortados
    em quatro, como pétalas de rosa.
    Retire qualquer parte escura ou
    danificada. Se estiver verde por
    dentro, não serve para molho.
    3. Coloque os tomates em uma
    panela e leve ao fogo por aproxima-
    damente 15 minutos, apenas para
    amolecer. Tampe a panela e mexa
    de vez em quando. Reserve.
    4. Em outra panela, coloque o azei-
    te extravirgem. O azeite ajuda a
    conservar o molho por mais tem-
    po, depois de pronto.
    5. Descasque os dentes de alho e
    faça cortes verticais, sem parti-los
    ao meio. Eles vão tirar a acidez do


molho. Coloque-os na panela e
deixe dourar.


  1. Lave bem e seque as folhas fres-
    cas de manjericão. Coloque na
    mesma panela já com o azeite e o
    alho. Mexa e desligue o fogo.

  2. Com a ajuda de uma máquina de
    passar tomate ou uma peneira,
    retire toda a polpa do fruto. Semen-
    tes e pele não serão usados. Não
    use o liquidificador.

  3. Coloque toda a polpa na panela
    com o azeite, alho e manjericão,
    acerte o sal e cozinhe por duas ho-
    ras, sem tampar a panela. Paciên-
    cia é a palavra-chave para fazer
    um bom molho.


Fazer maionese em casa requer ba-
sicamente três coisas: ingredientes
nas proporções certas, respeito à
técnica e fé. Essa é uma daquelas
receitas que parece que nunca vai
dar certo, mas você deve continuar
batendo e colocando o óleo aos pou-
cos para a emulsão se formar e a
maionese dar certo, pode acreditar.
Para acertar sempre, siga as dicas
abaixo – e aprenda como dar um jei-
tinho se as coisas desandarem.


lIngredientes
(200g)
1 gema
1 colher (sopa) de suco de limão
(ou vinagre de vinho branco)
1 pitada de sal
250 ml de óleo


lPreparo



  1. Em uma vasilha e com a ajuda
    de um batedor, misture bem a ge-
    ma com o suco de limão (ou o vina-
    gre de vinho branco) e uma pitada
    de sal. Você também pode utilizar
    um mixer, uma batedeira ou o liqui-
    dificador. O método não faz diferen-
    ça, mas os eletroportáteis funcio-
    nam melhor para fazer grandes
    quantidades.

  2. Quando primeira mistura estiver
    bem homogênea, adicione o óleo,
    aos poucos. Primeiro, quase em
    gotas, depois em fio. E vá batendo
    sem parar.

  3. Continue despejando o óleo em


fio e batendo para emulsionar e
dar estrutura ao molho. Conti-
nue lentamente e não pare de
bater. É isso que vai criar a tex-
tura certa.


  1. Assim que a mistura ficar
    espessa, pare de bater. Prove e,
    se for necessário, acerte o sal.
    Caso queira deixar a maionese
    um pouco mais fluida, basta
    adicionar uma colher (sopa) de
    água, suco de limão ou vinagre
    com ela já pronta.


lO que faz a maionese
desandar?
São cinco principais causas:


  1. Ingredientes fora da propor-
    ção.

  2. Ingredientes frios demais ou
    quentes na hora de preparar a
    emulsão.

  3. Adicionar o óleo rapidamente
    ou de uma só vez.

  4. Usar ovo velho.

  5. Não bater o suficiente.


lE quando desanda, dá para
consertar?
Nem sempre dá para salvar a
mistura. A primeira opção é adi-
cionar uma colher (de sopa)
rasa de água. Harold McGee
ensina outro truque em seu li-
vro Dicas Para Cozinhar Bem:
“Pegue uma gema fresca, vá
batendo e acrescentando a ela,
aos poucos, o molho talhado”.
Se isso não der certo, o jeito é
recomeçar.

l]


Esqueça as versões industrializadas. Dá para


fazer muita coisa do zero na sua cozinha


Fazer granola em casa é fácil, mais
saudável e permite muitas adapta-
ções. Você não precisa seguir a re-
ceita usando as mesmas castanhas
e frutas secas, se não quiser. É pos-
sível trocar e escolher as que prefe-
rir. Mas, para dar certo, a granola
tem de ser feita com flocos de mi-
lho natural, sem açúcar, flocos de
aveia, coco ralado médio, um pouco
de óleo e bastante mel de agave. Aí,
é só decidir os sabores que você
quer, do azedinho do damasco à do-
çura da passa.
Depois de assar, você pode tirar a
granola da assadeira “em placas”,
caso queira comer os pedaços. Ou
quebrá-la, para deixar com o jeito
das granolas tradicionais.
Antes de levar a assadeira ao forno,
é muito importante forrá-la com pa-
pel-manteiga e pincelar bastante
óleo. E atenção à temperatura, para
não queimar o fundo.

lIngredientes
(1 pote grande)
2 xícaras de flocos de milho sem
açúcar
2 xícaras de flocos de aveia
1 xícara de coco ralado médio ou
fino (evite o muito grosso)
1/2 xícara de amendoim torrado
sem pele
1/2 xícara de pistache esmigalhado
1/2 xícara de amêndoa tostada
1/2 xícara de castanha-de-caju
1/2 xícara de uvas passas
1/2 xícara de cranberry passa
2 colheres (sopa) de óleo
1 xícara de mel de agave

lPreparo


  1. Misture tudo e coloque em uma
    vasilha grande, usando as mãos,
    para integrar bem as castanhas e
    as frutas.

  2. Ponha duas colheres de óleo e
    mexa bem. Acrescente o agave. A
    mistura deve ficar bem grudenta.
    3. Forre uma assadeira grande
    com papel-manteiga e pincele
    bastante óleo.
    4. Ponha a granola na assadeira
    e espalhe bem, achatando com
    a ajuda de uma espátula. Se
    quiser comer a granola em pe-
    daços, tente nivelar a superfície,
    apertando com cuidado e juntan-
    do os ingredientes para dar liga.
    5. Preaqueça o forno a 180°C.
    6. Asse a granola em forno bai-
    xo (180°C), por aproximadamen-
    te 40 minutos. Não confie no
    relógio. A partir dos 30 minutos,
    vá olhando regularmente para
    não queimar. Essa granola é
    fácil de queimar no fundo e aí
    não tem salvação.
    7. Espere esfriar e ponha em
    um pote bem fechado. Dura uns
    15 dias (se não acabar antes).


Homus


Molho de tomate


Paladar


C


ozinhar em casa é a maneira
mais sustentável e segura pa-
ra enfrentar a pandemia.
Sim, receber entrega de comida po-
de ajudar, mas não resolve, pois pa-
ra as cozinhas funcionarem é preci-
so pessoas trabalhando juntas.
Lembremos: o principal objetivo
não é apenas aquele de se safar da
infecção individualmente, mas sim
o de controlar o fenômeno social-
mente. Só assim poderemos voltar a
uma vida normal e limitar o prejuízo
econômico, que atinge a todos.

Cozinhando em casa se reduz o risco
social, pois, mesmo nos países que já
atingiram o pico da crise, o único co-
mércio que segue liberado é o de ali-
mentos. E uma compra semanal é sufi-
ciente para qualquer contexto fami-
liar, se bem aproveitada, o que reduz
expressivamente o volume de conta-
tos em relação a qualquer outra opção.
Ao mesmo tempo, nos países que se
anteciparam nas medidas mais restriti-
vas, cozinhar se revela uma grande saí-
da criativa para enfrentar a angústia do
isolamento, quando não da solidão. A

Administração de Saúde Federal dos
EUA alertou na semana passada que os
impactos da inação na solidão são equi-
valentes aos de 15 cigarros/dia, em ter-
mos de morbidade e mortalidade indu-
zidas: até mesmo baixando a imunida-
de que limita os impactos da doença.
Permitir-se o luxo de cozinhar – em
tempos em que não se pode viajar, ir a
um cinema ou nem sequer passear – é
mais do que uma opção de lazer: contri-
bui para o equilíbrio psíquico essen-
cial na condição vindoura, de vulnera-
bilidade emocional por reclusão.

E como cozinhar, nesse quadro? Sa-
bemos que o tempo é um dos princi-
pais ingredientes da boa comida, cuja
escassez muitas vezes vira a principal
razão para as pessoas deixarem de cozi-
nhar. De repente, torna-se abundante:
mesmo que possamos trabalhar ou es-
tudar de casa, passaremos bom tempo
em proximidade de nosso forno e fo-
gão. Além disso, temos de alongar a
vida útil dos ingredientes frescos.
Mundo afora volta a moda do chama-
do pantry cooking, ou algo como “cozi-
nha de despensa”, que valoriza o pré-
preparo de molhos, caldos, conservas,
bases... tudo aquilo que pode dar op-
ções de diversidade e requer presença
perto do preparo ao longo do tempo.
É o momento daquela costela de co-

zimento no bafo, do porco confita-
do em baixa temperatura, daquela
carne de panela de que se perdeu na
memória desde a infância, das bata-
tas coradas com uma crostinha dou-
rada. Deixar borbulhar por cinco ho-
ras um caldo de ossos ou vegetais
vira tarefa simples para quem fica
em casa.
Que tal preparar pestos de ervas e
deixá-los num vidro cobertos de
azeite para uso ao longo da semana?
Ou uma base de feijoada a ser porcio-
nada e congelada, para se resgatar
depois com um arroz e couve feitos
na hora? Aliás, sabem de que me deu
vontade agora? Daquele saboroso ar-
roz cateto integral que demora uma
hora pra cozinhar...

TEM COMO


FRANCESCO TONELLI

MEREDITH HEUER

GABRIELA BILÓ/ESTADÃO

DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

FAZER EM


CASA


Granola


Maionese


Comida como solução


Roberto Smeraldi

i
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