Valor Econômico (2020-03-24)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 3 da edição"24/03/20201a CADB" ---- Impressa por ivsilvaàs 23/03/2020@21:09:


Te rça-feira, 24demarçode (^2020) | Valor|B
Empresas
|
Indústria
MetaisLídernaproduçãodenióbio
tevereceita,lucroeEbitdarecordes
CBMM cresce
em 2019, mas
crise mundial
gera incerteza
Alex Amorim,diretor financeiro (à esquerda) e RicardoLima,vice-presidenteexecutivodaCBMM:muitos desafiosem 2020 , apósresultadosrecordesnoanopassado
ANAPAULAPAIVA/VALOR
Ivo Ribeiro
DeSãoPaulo
ACompanhia Brasileira deMe-
talurgia e Mineração (CBMM),
maiorfabricantemundialdepro-
dutosindustrializados de nióbio,
fechou 2019 como um dos me-
lhoresresultadosemsuahistória:
lucro líquido de R$2,9 bilhões e
aumentode16%nareceita.Aem-
presa divulga obalanço em meio
aumcenário em queeconomias
domundointeiroestãoentrando
em grande dificuldades devido
aosimpactosdacovid-19,doença
viral que atingiu inicialmentea
Chinaeseespalhapelomundo.
A China, seu maior cliente, ca-
minhaparasuperarosurtodeco-
ronavírus, masas medidas drásti-
cas que tomou deixaram marcas
na economia—quedaforte da
produção industrial.AEuropa,
tambémumagrande consumi-
dora de nióbio,enfrenta aproli-
feração do coronavírus. Ao mes-
mo tempo, outrospaíses da Ásia,
do Oriente Média,Américas do
NorteeAméricaLatina.
A CBBMainda mantém a previ-
são de 2020 não revisada,mas
certamente terá de fazer ajustes
no orçamento de 2020. Oplano
traçado projetavendas de 100mil
toneladasde produtos de nióbio,
ante91,3 mil do ano passado. A
Chinalevou35 mil toneladasdes-
se volumepara abastecer princi-
palmente suas usinas de aço.
Ricardo Lima, vice-presidente
executivo da CBMM, disseaoVa-
lorqueacompanhiaacompanha
minuciosamente os desdobra-
mentos da covid-19, em contatos
constantes compessoas nessas
regiões. “A China, porinforma-
çõesquetemosdeclientes,come-
ça aretomaranormalidadedas
atividades. Da nossa parte, esta-
mos tomando ações para mitigar
potenciaisproblemas”.
Limainforma que foi feitoum
reforçonos estoques das subsi-
diáriasnosEUA,EuropaeÁsiaem
maisde 20 armazéns nessasre-
giões ao longo dos últimosme-
ses. “São suficientes para o perío-
do de três meses”, disse. Segundo
o executivo, isso foi possível por-
que a empresa operou com 10%
acima da capacidade nominal de
suasunidadesem 2019 ,produ-
zindo110miltoneladas.
Isso já foi uma estratégiade re-
posição e reforço de estoques de
produtospara um cenário de de-
manda em alta. “Estamos tranqui-
los no que diz àentrega de produ-
tos aos clientes”, afirma Lima, ad-
mitindoqueoc enárioatualémui-
tocomplicadomundialmente.
Na semanapassada, oescritó-
rio central,em São Paulo, eas
áreas administrativas em Araxá
(MG)passaramatrabalharemre-
gimede homeoffice. Até aquele
momento, afirmou, não havia
plano de contingência para as
operações das minasde nióbioe
de metalurgia das ligas, localiza-
daspróximasdacidadedeAraxá.
Umapreocupação adicionalé
com aalta do dólar frenteao real,
mesmoaempresasendoeminen-
temente exportadora. Alumínio,
cotado na moeda americana, éo
principal insumo da CBMM, usa-
do nas unidade de metalurgia
das ligas peloprocesso de alumi-
notermina. Na parte financeira,
estima se pequeno impactocam-
bial sobre a dívida da empresa,
que é baixaeemgrande partena
moeda japonesa, comenta Alex
Amorim,diretorfinanceiro.
Acompanhia, controladapela
família Moreira Salles, e 30% de
doisconsórciosasiáticosdeconsu-
midores de nióbio etradings, fe-
chouo ano com caixade R$ 1,
bilhão edívida líquida de R$ 500
milhões. Aempresa registrou au-
mentode16% na receita líquida,
paraR$ 8,6 bilhões, puxadapor
câmbio —aCBMMvende95% no
exterior —emaiorvolume vendi-
do.OEbitdafoiaR$5,4bilhões,al-
tade8,5%diantedoanoanterior.
Oganhofinal, na última linha
do balanço, cresceu 6,1%, compa-
rado comdesempenhode um
ano atrás. O valorde R$ 2,9 bi-
lhões já édescontado do paga-
mento feito àestatal mineira Co-
demig pela exploração de sua re-
serva de nióbio em Araxá, contí-
gua àda CBMM. A estatal embol-
souR$1,2bilhão(valorbruto).
As vendas, em volume, soma-
ram 91,3mil toneladas no ano
passado, com 3% de alta sobre o
volumede2018,umaanoemque
a China havia ampliado suas
compras em 26% em decorrência
de ampliação do uso do nióbio
em aços estruturais (utilizados
emobrasdeconstrução).
Omercado chinês absorveu 35
miltoneladasdasvendasde
da CBMM e outros países da Ásia
(Japão eCoreiado Sul, principal-
mente) ficaram com pouco mais
de 18 mil toneladas. Oterceiro
maior mercado éformadopor
EuropaeOrienteMédio—29%.As
Américas,puxadasporEUAeBra-
sil,responderampor16%.
Na estratégia de crescer em no-
vos negócios, comoode baterias
para carros elétricos,entre outras
aplicações, aCBMM,disseram Li-
ma e Amorim,vai concluir no se-
gundo semestre seu planode ex-
pansãoda capacidade, que cresce-
rá50%,a150miltoneladasdepro-
dutosde nióbio (ligas de ferronió-
bio eoutras,com níquel ealumí-
nio, por exemplo). Nesse projeto
foraminvestidos R$ 450 milhões
apenasnoanopassado,dototalde
R$ 597 milhõesdesembolsado.
“Comisso, teremoscapacida-
de paraatender o mercadoaté
2023/2024ou, se houveralguma
desaceleraçãoeconômica mun-
dial, por causados problemasdo
surtode coronavírus,até 2025—
um ano de atraso, cremos”, afir-
mouovice-presidentedaCBMM.
Segundoos doisexecutivos, a
empresa definiu maisR$ 570 mi-
lhõesparaesteano.Oplanoabran-
ge, alémda maior capacidade de
produção, melhorias de processos
industriais eprogramas de tecno-
logia, cujo orçamentosobe a cada
ano.Atualmente,odinheiroaloca-
dojáédeR$200milhõesanuais.
A razão é que o foco da empre-
sa continuano desenvolvimento
de novas tecnologias do nióbio,
mesmodentro do negócioside-
rurgia, o carro-chefe. Hoje, 90%
da receita vem da vendade ferro-
nióbio. Em dez anos,aprevisão é
queoutrosnegóciossejam40%.
O programa maisavançado é o
que estáem cursocom aToshiba,
no Japão,de uma bateria àbase de
lítio para carro elétrico que leva
uma placa com liga de nióbio.Só
nesseprogramasãoR$40milhões.
Já estána fase de testeseem 2022
deverá começar o primeiro volu-
medevendaparamontadoras.
Ao mesmotempo, trabalhaem
várias iniciativas —em parcerias
com empresas, instituiçõeseuni-
versidades—einveste em novas
áreas, como a de grafeno,para de-
senvolver ligastambémcomnió-
bio. Neste segmento, adquiriu 26%
da 2DM, de Cingapura, eprevê a
comprade outra startup,nos EUA,
nesteano. “O crescimento susten-
tável da CBMM passa pela inserção
tecnológicadonióbio”, dizLima.
Para Volks, ‘roda precisa voltar a girar’em um mês
Veículos
Marli Olmos
DeSãoPaulo
Ontem, no primeiro dia de li-
nhasdesligadas nas quatrofábri-
cas da Volkswagen noBrasil, opre-
sidente do grupona América Lati-
na, Pablo Di Si, mantinha a espe-
rançade o trabalhoser retomado
na segundaquinzena de abril,
quandoterminaráoperíododefé-
rias coletivas. Elereconhece, po-
rém,queasincertezasquerondam
apandemiada covid-19 não per-
mitemmuitas projeções. “A roda
precisa voltar a girar daqui três ou
quatro semanas.Se issonão acon-
tecer teremos um outro tipo de
problema”,afirma.
O fluxode caixadas empresas,
principalmente as pequenase
médias, que integram,em parte,
a cadeiade fornecimentode gi-
gantes como a Volkswagen,é
uma preocupação para Di Si. Éo
momento,diz ele, de pensarem
soluçõescomoelevaraparcela
de liberaçãodos depósitos com-
pulsórios parainjetarmaisre-
cursosna economia,reduziro
ImpostosobreOperações Finan-
ceiras(IOF)— “paraevitarque fi-
que maisalto que taxasde juros”
—econtarcommaislinhasde
empréstimosdoBNDES.
No casode empresascomoa
Volkswagen,amaior fabricante
de veículosdo país,por enquan-
to,para DI Si, há maispara ofere-
cer do que reivindicar. Ontem,a
montadorafechouacordocom
governos de São Paulo e Paraná,
ondeestãoas suas fábricas, para
emprestar,em regimede como-
dato, 100 veículosda sua frota.
Caberáaosgovernosadministrar
o uso, seja paralevarmedica-
mentos a um hospital,reforçara
frotapolicialou mesmotrans-
portarum enfermo. “A logísticaé
um dos maioresproblemasno
Brasil”,destacaDiSi.
“O momentoédedoar; não de
pedir”, destacou Di Si ontem à
tarde, depois de sair de umavi-
deoconferência de executivos
com o governadorde São Paulo,
João Doria (PSDB). O presidente
daVolksintegraocomitêexecuti-
vo empresarial paulista, um gru-
po criado por Doriapara juntar
forçasentrepoderpúblicoesetor
produtivo para combateradisse-
minação do novo coronavírus.O
comitê fará duas reuniões sema-
naisatéofimdeabril.
Alémdedoações, aesse grupo,
que reúne dezenasde grandes em-
presas,Doriapediuumesforçopa-
ra evitar demissões etentar pro-
longar ao máximo mecanismos de
afastamentode pessoal, como fé-
rias coletivas. Na sexta-feira, o gru-
po Caoarecuou da decisão de dis-
pensar59trabalhadoresdafábrica
daCheryemJacareí(SP).
AVolks terá condições de con-
cluir o programa de investimen-
tosdeR$ 7bilhões,que termina
neste ano, e queprevia o lança-
mentode20modelosdeveículos.
Masopróximoprograma,quees-
tava em discussão com a matriz,
na Alemanha, foi suspenso, por
enquanto. “Não estamoscance-
landoinvestimentos, masestá tu-
docongeladoporqueprecisamos
de liquidez etemosque esperar
atéquetudosenormalize”,diz.
AVolks tambémesta em conta-
tocomgovernosestaduaisemuni-
cipais para,segundoDi Si, pedir
que permitam ofuncionamento
das oficinasdas concessionárias
paragarantiroconsertodosveícu-
losnesseperíodoemergencial.
Di Si,que éargentino etam-
bém dirigeas operações da Volks
nopaísvizinho, elogiouadecisão
dopresidenteAlbertoFernández,
de decretar quarentena nacional
e fazer um rígido controlena cir-
culaçãodas pessoasnas ruas.“É
uma decisão difícil paraumpaís
que enfrenta uma crise econômi-
ca comoa Argentina;mas eles
olharamoque aconteceu na Itá-
lia eentenderam que a situação
podeficarforadocontrole”.
Praticamentetodas as monta-
dorasde carros, caminhões eôni-
bus vão interrompera produção
nos próximos dias, comprevisão
de retornos entre meados e fim de
abril. Ontemfoi a vez de Hyundai,
NissaneLandRover anunciarem
paralisações. Ao todo,serão 34 fá-
bricas do Sudeste, Sul, Centro-Oes-
te e Nordeste,envolvendo quase
100miltrabalhadores.
A Nissan foi, ontem, aúltimaa
aderirà decisão da indústriaauto-
mobilística de interromper apro-
dução. Os 2,5 mil empregados da
montadorajaponesa em Resende
(RJ), incluindoterceirizados, vão
para casa amanhã e retornarão ao
trabalhoem22deabril.Aempresa
vai conceder afolga por meio de
fériascoletivaset rêsdiasdobanco
de horasque farão pontecom ofe-
riadode 21 de abril. Pormeio de
nota,aNissanexplicouquesetrata
de umamedida que“se somaao
esforçodetodosparaconterapro-
liferação da pandemia de covid- 19
e priorizaobem-estar dos colabo-
radores,fornecedores, suas famí-
lias e sociedade em geral, alémde,
também,ajustar os estoques à no-
varealidadedademandalocal”.
Em Piracicaba, no interiorde
São Paulo, os empregados da co-
reanaHyundaijá não foramtra-
balharontem.Eles ficarãode fol-
ga até amanhãe na quinta-feira
entrarãoem fériascoletivas. Ao
todo,2,5 mil funcionáriosda fá-
bricade Piracicabae200 do es-
critório,emSãoPaulo,ficarãoem
casa até 9 de abril.Apenasativi-
dadesessenciaisna fábricae es-
critórioserãomantidas.Já afá-
bricada LandRover,em Itatiaia
(RJ), vai pararde funcionarama-
nhã, com previsãode retornoem
27 de abril.Com300 funcioná-
rios, o grupoinglês,que produz
utilitáriosesportivosde luxo, vai
usar o sistemade bancode horas
parasuspenderaprodução.
ANAPAULAPAIVA/VALOR
PabloDi Si,presidentedaVolkswagen:“Omomento é dedoar;nãodepedir”
IMPACTOSDO
CORONAVÍRUS
Curtas
Romipara atividades
ARomidecidiususpenderto-
dasasoperaçõesnoBrasilaprincí-
pioatéodia21deabril,atravésde
férias,bancodehorasetrocadefe-
riados.Asuspensãoteráinícioho-
jeparaogrupoderiscoenapróxi-
masegunda-feiraparaosdemais
funcionários.Asequipesdeassis-
tênciaevendadepeçasdereposi-
çãoforamreforçadas,atuandoem
regimeespecialdeformaremota.
Osclientesqueatuamemsetores
essenciaisàsaúdepúblicaeao
controledapandemiaterãoaten-
dimentoprioritário.
PARTICIPAÇÃODEFALECIMENTO
(1921-2020)
EvoraS.A. eInstitutoLing comunicam compesar ofalecimento
de seufundador ocorridoem19demarço,emPorto Alegre.
Sheun Ming Ling
Ocorridoem19demarço,emPorto Alegre.
AEsposaLydia Wong Ling,filhos,noras,genro
enetos comunicamcom pesarofalecimentode
(1921-2020)
Sheun Ming Ling
Canal Unico PDF - O Jornaleiro

Free download pdf