Valor Econômico (2020-03-24)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 4 da edição"24/03/20201a CADB" ---- Impressa por CGBarbosaàs 23/03/2020@21:09:


B4|Valor|Te rça-feira, 24demarçode 2020


Empresas


|
Indústria

CréditoimobiliárioBancoseincorporadorasdiscutemmodeloalternativodurantefechamentodecartórios


Saída para liberar financiamento de imóvel


Ta litaMoreira e Chiara Quintão


DeSãoPaulo


Bancose incorporadorasdis-


cutem um modelo alternativo


paraquealiberaçãoderecursos


de financiamento habitacional


seja mantidadurante a crisedo


coronavírusmesmose os cartó-


rios não tiverematendimento


presencial. Quandoum imóvelé


vendido,orepassedocréditosóé


feitopara o cliente depoisque o


registro da transação é feitoem


um cartório. A propostaagoraé


que os bancospossamapresen-


tar umaversãoem PDF dos con-


tratospara que eles sejamproto-


colados de formaeletrônica pe-


loscartórios,apurouoValor.


Umprimeiropassofoidadono


domingo, quando a Corregedo-


ria Nacional de Justiça emitiu


provimento dizendo que os car-


tóriosterãodefuncionaremregi-


medeplantãoouofereceratendi-


mentoàdistância.Aexpectativaé


queprevaleça ofuncionamento


virtual e, nesse caso, o caminho


alternativo paraliberação dos re-


cursosseráacionado.


Apropostaquevemsendodis-


cutida pelaAbecip(associação


das instituições financeirasque


atuam no créditoimobiliário)


com empresasdo setorepela As-


sociaçãodos RegistradoresImo-


biliáriosde São Paulo (Arisp)


prevê que, a partir da documen-


taçãoeletrônica, seja repassada


parte dos recursos relativaa uma


transação. O registrofísico tem


de ser apresentadoem 90 dias


para que o restante seja liberado


—esse é o prazoestimadopara


que a situaçãose normalize,se-


gundoumdiretordeumbanco.


De acordocom esseinterlocu-


tor, oobjetivoémanteras opera-


ções em andamento, contribuin-


do com o funcionamentodo se-


tor imobiliário, que vinhase re-


cuperando de sua crise maisgra-


ve. Em janeiro,os financiamen-


tos comrecursosda poupança


paraaquisiçãoeconstruçãode


imóveis somaram R$ 7,27 bi-


lhões,o melhorresultadopara o


mês desde2016.Houvecresci-


mentode 42,7%em relaçãoao


mesmoperíodo do ano passado,


de acordocominformações da


Abecip. Os dadosde fevereiro


aindanãoforamdivulgados.


ProcuradapeloValor,aAbecip


não comentou aproposta de mu-


dançanaliberaçãoderecursos.


Segundo opresidente da Arisp,


Flaviano Galhardo, épossívelque, a


partir do fim da tardede hoje, a pri-


meira versão de programa para di-


gitalização de contratos pelos ban-


cos para envio aos cartórios e de de-


volução dos documentospara as


instituições financeiras esteja dis-


ponível no Estado de São Paulo. “Es-


tamos construindo uma esteira ele-


trônica paraenvio direto dos con-


tratos de financiamentodos bancos


paraoscartórios pela centralele-


trônica de registro de imóveis”, afir-


ma. Ele diz que omodelopodeser


seguido em outros estados.


Há intenção, de acordocom o


presidenteda Arisp,que haja


umaplataforma digitalentreos


registradores de imóveis e toda a


cadeiaprodutivaimobiliária.


Comoprovimento publicado


no domingo,os prazos para regis-


tros imobiliários peloscartórios


foramsuspensos,segundoGalhar-


do.Mas,segundoovice-presidente


deincorporaçãoimobiliáriadoSe-


covi-SP,EmilioKallas, osetorvai


solicitarao presidente da Arisp


que o registroaos mutuários seja


liberadoem,nomáximo,trêsdias.


Oriscode atrasosdos repasses


dos recebíveis dos clientes paraos


bancoséumadaspreocupaçõesde


incorporadoras neste momento


de pandemia do coronavírus. Em


um ambiente de muitasincertezas


e em que as vendas de imóveis já


apresentamretração, amaior par-


te das empresasoptou por colocar


o pé no freio das aquisições de ter-


renosna capitalpaulista, maior


mercadoimobiliáriodopaís.


Lançamentossaíram do radar


das incorporadoras, no curtopra-


zo,tantopelafaltade clareza das


dimensões da desaceleração eco-


nômicaquanto pela freada da Pre-


feitura de São Paulo na concessão


de licenças. Empresas estão apos-


tandono reforço de suasequipes


online para tentar compensar par-


te da comercialização que deixará


deserrealizadacomacrise.


Abrasca propõe edição de MP para adiar assembleia


Assembleias


JulianaSchincariol


DoRio


A Associação Brasileira das


CompanhiasAbertas(Abrasca)


apresentou propostade medida


provisória (MP)paraampliaros


prazos para realização de assem-


bleias ereuniõesde acionistas —


presenciais ou não.


O texto, obtidopeloValor, in-


clui a extensão das dataspara


divulgação de atossocietários


(casode reuniõesde conselho


ou ata de assembleia, por exem-


plo) , demonstrações financeiras


edocumentos relacionados à


convocaçãodos conclaves. Oob-


jetivo é mitigaros problemas


enfrentados em razãoda pande-


mia do novocoronavírus.


Apropostaé adiaressasobri-


gações por 90 dias —prorrogá-


veis pelomesmoprazo—apartir


de 30 de abril.Para viabilizara


realização de assembleiasem lo-


cais maisamplos e arejados do


que os eventualmente disponí-


veis nas sedesdas companhias,a


associação também pede que


possam ser realizados em “am-


biente diverso”. Otexto foi enca-


minhado para aComissãode Va-


loresMobiliários(CVM)epara o


MinistériodaEconomia.


AAbrascadecidiupropor uma


regrageral paraascompanhias,


que possuem realidadesdiferen-


tes, diz opresidenteexecutivoda


entidade, Eduardo Lucano da


Ponte. “Há casosem que acom-


panhiapodeestarpraticamente


pronta para realizaruma assem-


bleia utilizando boletim de voto


adistânciaepedidospúblicosde


procuração. Mas isso não é 100%


garantido.Dependendo,quando


há conflitosou dúvidasentre


acionistas,há algunsque que-


rem estarpresentes enão há co-


moimpedi-los”,diz.


E paranão prejudicarainda


maisofluxode caixaaAbrasca


requer que os dividendose ou-


tros proventos,mesmoem caso


de lucro,aindanão aprovados


pelos sóciosou acionistas,pos-


sam ser declaradosdurante 2020


peloconselhodeadministração.


Para aAbrasca, diantedas difi-


culdades para realizarassem-


bleias,aediçãoda MP éoúnico


instrumento legalcapazde aten-


der àurgência necessária.A lei


das Sociedades Anônimas (lei


6.404) prevêque as reuniões


ocorramem até quatro meses


apósofimdoexercíciosocial.


A associaçãotambémrequer


que a MP se apliquea sociedades


anônimasfechadas,associações


e fundações culturaise filantró-


picas mantidas por companhias


abertas.Embora algumasdelas


não realizemassembleias, preci-


samcumprirprazoslegais.


O cenáriotambémcontacom


restriçõesporpartedeauditorias


responsáveis por examinar os


documentose,emalgunscasos,é


necessáriainteraçãopresencial.


Para Lucano,aCVMestá aten-


ta aos problemas.O presidente


do regulador,MarceloBarbosa,


disse em entrevista aoValorque


a autarquia será flexível e está


em contato com oMinistérioda


Economia.Enquanto não haja


definição, empresascomoRen-


ner eMagazineLuiza,cancela-


ram as reuniõesde acionistas,


sem nova data prevista.


“A situaçãodapandemiarefor-


ça a importânciade flexibilizar


requisitosformaisem relaçãoàs


assembleias.É importante que se


dilateoprazocomojáfoifeitona


Itáliae na Espanha,mas é impor-


tanteacimade tudoque sejam


criados mecanismos para que


reuniões possamacontecer de


formanão presencial”, diz oad-


vogado societário João Pedro


Nascimento, do Freitas LeiteAd-


vogados,cuja tese de doutorado


naUSPversasobreotema.


IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


Empresas


|
Te n d ê n c i a s & C o n s u m o

.


LEONARDORODRIGUES/ VALOR

Jaime Drummond,daMahogany: “Osfranqueadosjá pediramprazo maior para fazer ospagamentosdospedidos”


Alexandre Melo


DeSãoPaulo


As fabricantes de produtos de


higiene pessoal, cosméticos e


perfumesestãotentandoreforçar


ocapital de giro paraenfrentar o


impacto do fechamento das lojas


comapandemia da covid-19. O


Grupo Boticário busca R$1bi-


lhãoparacompradeinsumos,es-


toque ecrédito afranqueados e


revendedores. A Mahogany e o


GrupoClesstambémvãorecorrer


alinhasdecréditos.


OValorapurou que os recursos


do Grupo Boticário, que faturou


R$ 15,3 bilhões em 2019, serão


provenientesdeinstituiçõesfinan-


ceirasede Fundosde Investimen-


tos em Direitos Creditórios (FIDC)


operadosnomercadocomdinhei-


rodosacionistasMiguelKrigsnere


Artur Grynbaum. A expectativa é


concluiraoperaçãoembreve.


Com3.806franquiasda marca


OBoticárionopaísem2019,apa-


ranaense já alongouem 30 dias o


prazodepagamentoparaosfran-


queados, que normalmente osci-


la entre 45 e55 dias, segundo


umafonte.Alémdisso,ovalorpo-


de ser dividido em oito vezes.Na


venda direta, os revendedores


agoratêm 60 dias parapagaros


pedidos,odobrodousual.


Nas últimassemanas,ocon-


trolador de O Boticário, Eudora,


BeautyBox, Vult, MultiB, Beleza


na Webeq uemdisse,berenice?


já estava antecipandoa produ-


ção nas fábricasde São José dos


Pinhais(PR) eCamaçari(BA) pa-


ra garantir disponibilidadede


produtosno momentoem que o


comércioretomarasatividades.


O idealémanter acoberturado


estoque para três ou quatro meses


nos centros de distribuição e lojas.


OValorapurou que nos próximos


20 ou 30 dias, as fábricas estarão


operandocom20%dacapacidade,


comfoco na produção de álcool


em gel. Para garantirasegurança,


os funcionários de grupos de risco


foramafastadoseoi ntervaloentre


osturnosaumentou.


NaMahogany,ofundadorepre-


sidenteJaimeDrummond,conver-


sa com bancos sobre umacapta-


ção,mas adefinição do montante


ainda dependeráda quantidade


de dias que afábrica eas lojas pró-


prias ficarãoparados. No total,são


230 franquias, com atividades sus-


pensasna maioria dos Estados.As


linhasdeproduçãooperandocom


60%desuacapacidade.


“Os franqueados já pediram na


semana passada prazo maiorpara


fazeros pagamentos dos pedidos,


que subiude 45 para 90 dias”, afir-


mouoempresário. Em certos ca-


sos, aumentou para 120 dias. A re-


de de cosméticos com faturamen-


todeR$156milhõesnoanopassa-


do tem 1.050funcionários, mas


800 deles são dos lojistas eos


restantesdafranqueadora.


Por enquanto,aMahogany ana-


lisa reduzir taxas cobradasdas


franquiaspara ofundo de propa-


ganda e marketing. Drummond


tambémestá envolvido nas con-


versascom as administradoras de


shopping centerspara isençõesde


taxasparaosfranqueados.


Na fabricante paulistaGrupo


Cless, dona de marcas como


Charminge SalonOpus,as ven-


das para perfumarias,supermer-


cadose farmáciaspraticamente


ficaramparalisadasna semana


passada.Luiz Piccoli,fundadore


presidente, disseque a produção


está sendoreduzidaeserá preci-


sorecorreràslinhasdecréditos.


“A alta nos insumospor causa


do câmbio já havia complicado,


mas o pior é não vender e ter a res-


ponsabilidadedemanteroscustos


fixos.Nuncavinadaparecido”,dis-


sePicolli,quecontrolaafabricante


detinturas,desodorantesecremes


paraocorpo comvendasde R$


281,4milhõesem2019.


A valorização do dólar, de 28%


desde oinício do ano atéontem, é


outrofatorde pressãopara as fa-


bricantes. Cerca de 70% das maté-


rias-primas sãoinfluenciadospela


moeda americana. Neste trimes-


tre, os reajustesforam de 8% a 12%


em insumos comoresinas plásti-


caseembalagensdepapelão.


Sediada em Blumenau (SC), a


CartonDruck fornece embalagens


para gigantescomo NaturaeUni-


lever eaumentou os preçosem


11% em março. “No orçamento pa-


ra o ano,aprevisão era de que o


dólar ficasse ao redor de R$ 4”, dis-


se oHercilio Baumgarten, presi-


denteda CartonDruck,responsá-


vel pela fabricação de 14 mil tone-


ladasde embalagens por ano.“Se


não reajustar o produto, não con-


seguimossobreviver.”


Em resinas plásticas, a Braskem


elevou os preços em 12%no mês


passado. A petroquímicaprepara


outroreajustede8%estemês,disse


Rodrigoda RochaRodrigues,vice-


presidentedoSindicatodasIndús-


trias de ProdutosFarmacêuticos e


QuímicosdeMinasGerais(Sindus-


farq).Procurada, aBraskem infor-


mouque seuspreços refletem as


variações das referências interna-


cionais,mas são negociadosindi-


vidualmentecomcadacliente.“No


momento, estamosem contato


muitopróximocomosclientespa-


raentenderosimpactosqueacrise


do coronavírus têm tidona de-


mandaecomopodemosenfrentar


juntos esses tempostão difíceis”,


observou,emnota.


Fabricantes de calçadostomammedidasparaatravessarperíodo de crise


Vestuário


CibelleBouças


DeSãoPaulo


AAlpargatasfechousuas lojas


próprias no Brasil eno exteriore


adotou trabalhoremoto em seus


escritóriosglobais, comoparte


das medidasde adaptaçãoao ce-


náriodepandemiadacovid-19.


Em informação enviadaàCo-


missão de Valores Mobiliários


(CVM), a Alpargatas informouque


vem adotando medidasde segu-


rança “há muitas semanas”. Aem-


presa criouum comitê estratégico


quemonitoraasituaçãodapande-


miaeestudanovasações.


AAlpargatasacrescentounoco-


municado que ontem começou a


reduzir de forma significativa o


número de funcionários nas ope-


rações de logística eprodução,


“chegandoa um nível mínimo,


mantendo apenas oessencial em


produção,dentrodas normas edi-


retrizesdesegurança”.


A companhia também vai


adaptar linhasde produçãopara


fabricarprodutospara profissio-


nais de saúde,comojalecos,cal-


çadoseoutrositens.


Já a Arezzo&Co. decidiu redu-


zir em 30% os saláriosdo presi-


dente,Alexandre Birman,dos di-


retoresexecutivoseconselhei-


ros.Aempresaédonadasmarcas


Arezzo,Anacapri,Alexandre Bir-


man,Schutz,Alme,Fievere Vans


(essaúltima,noBrasil).


Um comitêde crise,formado


por membrosda administração,


definiuaçõesde contingência.A


Arezzo&Co. adotoutrabalhore-


motodesdeodia16eontemsus-


pendeuas atividadesdas fábri-


cas, concedendofériascoletivas


aosfuncionários.Paraasredesde


franquias,vai alterarprazode


pagamentoderoyalties.


Emcontrapartida,aempresain-


formou que vai apoiar a migração


das vendas físicas para o comércio


eletrônico.


De acordo comaAssociação


Brasileira das Indústrias de Calça-


dos (Abicalçados), há indústrias


do setor paralisadas em vários Es-


tados, por causa da quarentena. É


IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


CosméticosGrupoBoticáriopreparaoperaçãode


R$1bi,segundofontes;MahoganyeClessvãoabancos


Setor de beleza busca


mais capital de giro


o caso de Franca (SP), polo de pro-


dução de calçadosmasculinos,e


do Ceará, polode produção de


sandálias, e de algumas cidades de


Santa Catarina e do Rio Grande do


Sul,quesãoexportadoresdecalça-


dos, o queafeta o funcionamento


dasindústriasdosetor.


A VulcabrasAzaleiaeaGren-


dene anunciaram na semana


passadaa suspensãode ativida-


desnassuasfábricas.


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