JornalValor--- Página 5 da edição"24/03/20201a CADB" ---- Impressa por CGBarbosaàs 23/03/2020@21:30:
Te rça-feira, 24demarçode (^2020) |Valor| B
Empresas
|
S e r v i ç o s &Te c n o l o g i a
IMPACTOSDO
CORONAVÍRUS
EstratégiaRapidamente,lojistas
trocaramofocoparavendason-line
Varejistas
implantam
‘operação de
guerra’
Adriana Mattos,Alexandre Melo
e GustavoBrigatto
DeSãoPaulo
O varejo precisou reorganizar
parte de sua estratégia de distri-
buição paraconseguir atendera
vendaon-line, em muitos casos, a
únicaque aindaoperaapós ofe-
chamento das lojasfísicas. A me-
dida,determinada pelos gover-
nos,visa forçar aquarentenae
conter a disseminação do novo
coronavírus. Redes de varejo
montaram, nas palavrasde um
executivo do setor,uma “opera-
ção de guerra” paramigrar esto-
quesereorganizaramalhalogís-
tica para atender os sites.
Há casos de empresas, como o
Magazine Luiza, que estão usando
os estoques de lojasfísicas fecha-
das paraatenderademandado
on-line. Há outras redes, porém,
quedesistiramdavendanositepe-
la dificuldadede administrar to-
dososcanais.Éocasoderedesmé-
diasdesupermercados.
Com anecessidade de montar
planos de emergência, há varejistas
que,emapenasquatrodias,pressio-
nadas pelos rumores da semana
passada de risco de fechamento dos
shoppingcenters,transferiramesto-
quesde lojas de shoppings para os
seus centrosde distribuição.Os
shoppings acabaram sendo fecha-
dos —há95% dos 580 empreendi-
mentosnessasituaçãonopaís.
Toda essa reorganização éfun-
damental para manteras ativida-
des de setores que vendemprodu-
tosque ainda têm maiordeman-
da, mesmoapósoinício da crise
causada pelaepidemia da covid-
- São encomendas feitas pelain-
ternet. Isso ocorre no varejo ele-
troeletrônico e itens de informáti-
ca, como notebooks, e material de
escritório, comalta na venda de
certositens,casodosbrinquedos.
Em reunião ontem, comos 70
associados do Instituto para o De-
senvolvimentodo Varejo (IDV), o
setor incluiu na pauta de solicita-
ções aos governos federal e esta-
dual, que estão sendo encaminha-
dasnoiníciodestasemana,umpe-
didoparaliberar os estoques de
produtosparadosnosshoppings.
Não é possívelacessaras lojas
semliberaçãodosórgãospúblicos,
porcausadodecretodefechamen-
to dos empreendimentos pelos Es-
tados. Há cercade 570 shoppings
fechados, com milhares de produ-
tosestocadosnaslojas.
Sem ter acesso aesses produtos
já comprados dos fabricantes, o
varejo teria que voltar a comprar
mercadorias que têm tido maior
demanda, mesmocom parte deles
em estoque nos shoppings.OVa-
lorapurou que aRi Happy fez essa
transferência de estoques de lojas
de shoppings paranove unidades
físicas. Comosão lojasde rua,os
itenspoderãoser redirecionados
para o on-line, que representa 8%
dofaturamentodacompanhia.
ALogbee,empresa de logística
do Magazine Luiza, tem acesso às
lojas por meiode pequenos cami-
nhões que retiram as mercadorias
e não tem limitação para circular
pelas capitais.OValorapurou que
aáreadaslojasparaestocagemau-
mentou nos últimos dias. A em-
presa já operava comlojas no mo-
delode “mini-hubs” (estoque para
atendersites)em uma área deter-
minadadospontosdevenda.
Oscentrosdedistribuição,como o daViaVarejo,emJundiaí, ganharamnovadimensãopara aliviarosestoquesdaslojasfísicase atendero comércioeletrônico
SILVIA ZAMBONI/VALOR
NaViaVarejo, donadaCasasBa-
hia ePonto Frio, a empresa passou
a fazeras entregasde pedidos on-
line a partir dos estoques dos seus
centros de distribuição, sem preci-
sardoestoquedaslojasfísicas.
Mas,há expectativade quea
queda na confiança do consumi-
dor prejudique as vendasde bens
duráveis, diz Roberto Wajnsztok,
fundadordaconsultoriaOrigin5.
Umafonte do setor de logística
expressadissequenofimdesema-
na as vendas das principais lojistas
on-line foram muito baixas. Disse
ainda que o receio de demissões e
reduçãodesalários fará os clientes
comprarem apenas o essencial e
evitarossupérfluos.
As pessoas estão dando prefe-
rência àcomprade alimentos, hi-
gienepessoal e saúdepela inter-
net. Na linha branca e artigos es-
portivos, as vendas desabaram,
principalmenteemvestuário.
“O estresse de executivos do va-
rejo em São Paulo eRio de Janeiro
está altíssimo.Este será um mo-
mento importanteparaconsoli-
darasoperaçõesdee-commerce”,
afirmouWajnsztok.
Armando Marchesan Neto, pre-
sidenteda SequoiaLogística, disse
quepoucosvarejistasestavampre-
parados para ofechamento das lo-
jas. “A demanda para entregassão
principalmentede produtosrela-
cionadosasaúdeealimentos.Com
ofechamento das lojas físicas,
uma parcela das vendas podemi-
grarparaoonline.”
As maiores varejistasdebens
duráveis do país conseguiram
transportar partede seusestoques
nas cidades onde as operações já
estavam parafechar, como São
Paulo, Porto Alegre,Rio de Janeiro
eSantaCatarina.
Depoisdeatingirseurecordede
entregasna segunda-feirapassa-
da, a startupKangu, que trabalha
com umarede de distribuição de
produtoscompradospelainternet
formadapor pequenas lojas, viu o
movimento cair entre 30% e35%,
segundo Ricardo Araujo, sócio-
fundador da companhia. Segundo
Araújo, a companhia já imaginava
queoBrasilseriabastanteatingido
pelosurtodo coronavírus,mas a
avaliação é queisso demoraria um
pouco maisparaacontecer, algo
comoumasduassemanas.
“Tivemos que mudara empresa
em 24 horas”, diz o executivo. Com
a determinação de fechamento de
bares, restaurantese outrosesta-
belecimentos em São Paulo,aem-
presa ficoucom pet shops, merca-
dos, cafés,lojas de produtos natu-
rais edistribuidores de águaem
operação.São 250 pontos de um
totalde 850. Comisso,asolução
foi usararede de distribuidores
autônomose de pequenastrans-
portadoras para fazer entregas em
horários pré-determinados em al-
gumasregiões. São maisde 300
dessespontosmóveis.
Com40funcionáriose850pon-
tos cadastradosna regiãometro-
politanadeSãoPauloecidadesco-
mo Campinas e Curitiba, a Kangu
tinha acabadode fechar umaro-
dada de investimento de R$ 6 mi-
lhões liderada pelo fundo argenti-
noNXTP.
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