Valor Econômico (2020-03-24)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 10 da edição"24/03/2020 1a CAD C" ---- Impressa por GAvenia às 23/03/2020@19:59:39


C10|Valor| Te rça-feira, 24demarçode 2020


.com


Leia reportagenssobre investimentos
e finançaspessoaisnosite
http://www.valorinveste.com

A inteligência artificial no mercadofinanceiro


Palavra do gestor


Pedro Lula Motae


VictorDuran


A


ideiadeque


máquinas


caminhamparase


tornardotadas


deinteligência


própriatorna-semaispresente.


Comotudoqueganha


proporçõesmidiáticas,muitodo


avançosobreoimagináriopopular


sefazenvoltopornévoasde


buzzwordsesopasdeletrinhas


poucodecifráveis.Machine


Learning,inteligênciaartificial,


redesneurais,deeplearningsão


algumasdasmanifestações


contemporâneasdosecular


esforçodetomardecisõescom


baseemdadosdarealidade.


Potencializadospelosavanços


desoftwareehardwaredasúltimas


duasdécadas,osmodelos


matemáticosecomputacionaisse


tornarampoderosos,sendo


capazesdeidentificarsinais


complexosnosdiversostipos


dedados.Taisprocessos


decisóriosagorapassamapoder


serfeitosautomaticamente.


Ferramentasqueeram


circunscritasaacadêmicos,


ganhamaplicaçõespráticas


poderosasesetornampeças


essenciaisnasmaisdiversas


cadeiasprodutivas.Eno


mercadofinanceiro,oqueserá


quepodeainteligênciaartificial?


Oquestionamentoéseexiste


nomercadofinanceiroalguma


barreiraintransponívelparaa


quantificaçãodosprocessos


decisóriosouseesseresultadoé


apenasumaquestãodetempo.


Umestudoquetentaresponder


partesdessaperguntaestá


disponívelnaSSRN(repositóriode


artigosacadêmicos)—“Manversus


Machine:AComparisonof


Robo-AnalystandTraditional


ResearchAnalystInvestment


Recommendations”compara


característicasdasrecomendações


deinvestimentofeitaspor


analistasquantitativos/


automatizados(robo-analysts)


eanalistashumanos.


Dentreoscritériosde


comparaçãoestavaapresençade


viésesdecurtoprazonas


recomendaçõesdeinvestimento;a


distribuiçãodassugestõesde


comprar,venderesegurarum


ativo;avariedadedosprodutos


recomendados;etambémos


resultadosemtermosde


rentabilidade.Oestudoindicaque


osrobo-analyststiverammelhor


desempenho,eessetalvezsejaum


bomconviteparaadiscussão.


ForadoBrasilasestratégias


quantitativasjásefazembastante


presentes.Porexemplo,desde


2017 queo“WallStreetJournal”


declaraa“dominação” desse


tipodeestratégianosEstados


Unidos.Enquantoissoomercado


degestorasquantitativasno


Brasilaindaengatinha,sendo


encabeçadoporalgunsexpoentes,


masqueaindaadministram


umaparcelamuitopequena


dodinheiroinvestidoem


fundos:0,04%emagostode2018,


contra31%nosEUA,segundo


levantamentodaGiantSteps.


TalveznoBrasilexistam


particularidadesquealgoritmos


aindanãoconseguemlidarcom


facilidade.Mercadosimaturos,


dependênciahistóricadarenda


fixaeonúmeroincipientede


instrumentosfinanceirosmais


complexospodemserbarreiras


paraaimplementaçãode


algoritmosquefuncionambem


emoutroscontextos.Umprocesso


de“tr opicalização” dessas


ferramentaspodesefazer


necessário.Poroutrolado,operar


mercadosglobaisécadavezmais


fácil,sendoinclusiveuma


tendênciadentrodosprincipais


fundosmultimercadosbrasileiros.


Assim,observa-seque


provavelmenteamaiorbarreira


aindaestárelacionadaànossa


tradiçãoanalógicaepautadaem


decisõeshumanas,doquemesmo


umalimitaçãooperacional.


Aescassezdefundos


quantitativospodeserexplicada


pelodesafiodo“inv estidor


brasileirotradicional”emconfiaro


seudinheiroaumamáquina,o


quesedevetantoaocaráterde


“caixapreta”dealgunsmodelos


quantoànévoamencionadano


primeiroparágrafo.Partedessa


resistência,quedefinitivamente


nãosemanifestaapenasno


nossomercadolocal,podeser


acalentadapelaimplementação


deestratégiashíbridas.A


abordagem“quantamental”


(junçãodaspalavrasquantitativo


efundamental)éumadas


quetêmganhadoespaço,visto


queéacombinaçãodedois


mundoscomplementares.


Gestoresqueutilizam


inteligêncianaturalnosseus


processosdecisóriospodem


sebeneficiardeferramentasquant


emprocessosassessóriosà


decisãodeondealocarosrecursos.


FoioVishwanathTirupattur,


chefedepesquisaquantitativa


doMorganStanleyque


afirmou:“o quantitativonão


émaisapenasparaquants”.


MarcoLopezdePradodescreve


em“TenApplicationsofFinancial


MachineLearning”exemplosde


comooprofissionaldomercado


financeiropodeaplicaro


aprendizadodemáquina.O


primeiroexemploénaprevisão


dospreçosdosativos.Éoquevem


àmenteprimeiro,oquemais


sediscuteeparaondeamaioria


dascríticasàsferramentas


quantitativassedirecionam.Os


outrosnove,poroutrolado,não


têmaverdiretamentecom


precificação.Astarefassãoas


maisdiversas:degestãoderisco


àidentificaçãodeestratégias


falsas,passandopor


dimensionamentodaexposição


direcional,estratégiasdeexecução


econstruçãodeportfólios.


Agrandequestãoéque


algoritmosdeinteligência


artificialsãoextremamente


competentesquandooqueestá


portrásdoambientedecisórionão


mudamuito.Faltaaindaaos


modelosdeinteligênciaartificiala


transferênciadeaprendizado


entrediferentesdomíniosdo


saber,oquesedádemaneira


naturalparaossereshumanos.


Temoscomoexemploasanalogias


,queusamosconstantemente


enquantoestamosaprendendo


algonovo.Analogiasaindanão


possuemumcorrelatoclarono


mundodainteligênciaartificial.


Umalgoritmodeotimizaçãode


portfóliosutilizadoem2008


provavelmenteteriaseu


desempenhoprejudicado


nosanossubsequentescomo


aumentodoprotagonismodos


BancosCentraisesuaspolíticas


de“quantitativeeasing”(QE)


pós-crisedashipotecas.Analistas


humanosporoutrolado


conseguemvislumbrarosefeitos


dessaspolíticasapartirdaanálise


deperíodossemelhantes.


Felizouinfelizmenteasforças


subjacentesàsvariaçõesdepreço


nosmercadosfinanceirosestão


emconstantemudança,


principalmentequandopensamos


emmacroeconomiaeciclos


econômicos.Aindanãoépossível,


porexemplo,construiruma


basededadosquepermita


modelaraderrocadadeuma


grandepotênciamundial.Oque


nãoquerdizerquenãohajaespaço


nomercadoparaainteligência


artificialnosmoldesatuais.


Vimosalgunsexemplosdeonde


épossívelaplicartecnologias


quantitativasnosmercados


financeiroseatendênciaé


certamentedealta,


particularmentenoBrasil.


Pedro Lula Motaé gestordeportfólios


daVériosInvestimentos


VictorDurané cientistadedadosda


VériosInvestimentos


E-mail:[email protected]


Esteartigoreflete asopiniõesdoautor, e


nãodojornalValorEconômico.O jornalnão


seresponsabilizae nempodeser


responsabilizadopelasinformaçõesacima


ouporprejuízosdequalquernatureza em


decorrência dousodestasinformações.


Perfil de crédito de empresas não traz preocupação


DeSãoPaulo


A maioria das debêntures que


está nas carteiras dos fundosde


crédito privado foram emitidas


por grandes empresas, com os me-


nores riscosde crédito. É por essa


razãoque gestores não esperam


grandes problemas de inadim-


plência para essesportfólios. No


entanto, acrise atualésem prece-


dentes e não é possível descartar


eventos isolados. Mas nessecaso,


em funçãodo problema sistêmico,


a percepção de gestores e analistas


é que haverá mais boa vontade de


negociaçãodecredoresparaaque-


lasquetiveremproblemas.


A preocupação maior é com


empresas pequenas emédias que


recentemente vinham acessando


maisomercado de capitais, mas


na maioria dos casosesses papéis


foram encarteiradospelos ban-


cosestruturadoresouporinvesti-


doresmaisespecializados.


No portfólio dos fundos,estão


papéis de empresas de saneamen-


to,teleseelétricas,queterãodedar


sua contribuição na crise, liberan-


do serviços,protelando cobranças


ou talvez perdoandodívidas, mas


nadaqueafeteacapacidadefinan-


ceira,sobaanálisedehoje.


O fato de esses fundos compra-


rem empresas com ratings“AAA”


ou “AA”, explica um gestor,signi-


fica que elas possuemcaixasufi-


ciente para pagar o serviçoda dí-


vida por pelo menos um ano —


porisso,nãopreocupam.


Essa seria uma regra geral,mas


obviamente que, numa crise como


aatual, existemsetores ecompa-


nhiasmaisexpostos.Oexemplo


maispreocupanteéosetordeavia-


ção.Noentanto,nenhumacompa-


nhiaaérea tem debêntures emiti-


das aqui —elas se financiam via


leasing,bancosoubônusexterno.


O segundo setor maisóbvio a


causartemoreséodeturismo,mo-


mentaneamente aniquilado pelo


coronavírus. Aempresa puramen-


te atrelada a ele e com debêntures


emitidas aqui é aCVC, que, antes


mesmodesse problema, já enfren-


tava uma“tempestade perfeita”,


coma alta do dólar, o óleonas


praiasdo Nordeste brasileiro eos


indícios de erros em seu balanço.


Procurada, a CVC afirmouque é


umaempresade48anosesuasaú-


de financeira ésólida, assim como


arelaçãocom seus parceiros co-


merciais, fornecedores e clientes.


Em períodode silêncio,pela divul-


gação de balanço,não comentou


dadosfinanceiros.


Segundo os últimosdados da


CVC, de setembro de 2019, asitua-


çãoerabastanteconfortável.Ocai-


xa estavaem R$ 420 milhões,além


de existir R$ 3,2 bilhões em uma


carteirade contasa receber, em


grande parte de compraparcelada


de viagens em cartão de crédito,


recebíveis que podemser anteci-


pados, se necessário. Adívida de


curtoprazoeradeR$36milhões.O


problema maioréofuturo, direta-


menterelacionado ao tempo de


duraçãodapandemia.


Outro setor que traz inquieta-


ção aos investidoreséovarejo de


moda, duramenteafetado pelo


afastamento social. E, nessecaso, o


exemploaser acompanhado mais


de perto éodaRestoque, quejá


vem de alguns trimestres de ven-


dasfracaseconsumodecaixa.Pro-


curada,aempresanãoretornou.


São dois papéisque, pela falta


de visibilidade, seriamhoje difí-


ceis de precificar.Aomesmo


tempose essasempresastiverem


dificuldades em cumprircove-


nants,tendemater maisespaço


derenegociaçãocomcredores.


Locadoras de veículos eopera-


doras de shoppings não preocu-


pam, pois pelos tamanhos das


operações e situaçãofinanceira,os


analistas de crédito acreditam que


o impacto para elas édo tipo que é


absorvidopelosacionistas,nãope-


lo credor, pois não será necessária


asuspensãodepagamentos.(APR)


Crédito privadoCarteirasreúnemempresas“AAA”,mas


faltadenegóciosafetacapacidadedehonrarsaques


Liquidez seca e afeta


preços de debêntures


no secundário


UlissesNehmi,daSparta:prêmiomaiorexigidopeloinvestidornãonecessariamenterefletequalidadedocrédito


CLAUDIO BELLI/VALOR

AnaPaulaRagazzi


DeSãoPaulo


Algunsfundosde créditopri-


vadojá estãoapresentandore-


sultadonegativonestemês,eos


saques se acentuaramnas últi-


mas semanas. Apesarde aperda


em relaçãoa outrosativos finan-


ceirosser relativamentereduzi-


da na maioriados casos,de até


1%, não é fácil parao investidor


darendafixaconvivercomisso.


Amaioria dos papéis nascartei-


ras dos fundossão de emissores


com os melhores ratings— “AAA”


ou “AA”. Ou seja, são títulosde


grandes empresas, que,em tese,


têm maiscondiçãode resistir na


crise atual, emboranão possa ser


afastado o riscode eventos isola-


dos de crédito, diante da incerteza


em relação ao tempoqueoafasta-


mento social vai perdurar e dos


impactosqueteránaeconomia.


Essaincertezasobreaduração


da crise vem travando a negocia-


ção no mercado secundário de de-


bêntures.Diante da dificuldadede


darpreçoaospapéisnessecenário,


ogestor que precisa venderpara


pagar resgate não está encontran-


do comprador, ou, se está, recebe


ofertas muito distantesdo baixo


riscodeumaempresa“AAA”.


Para tentar auxiliar esse merca-


do,hoje disfuncional,oBanco


Central anunciou ontem medidas


que buscamdar maisliquidez ao


segmento,chamando os bancosa


entrarmaisnessanegociação.


Dadosda QuantumFinance


mostramque, em marçoaté dia


18, os saquesnos fundosde cré-


dito privadosomavam R$ 7,7 bi-


lhões,ante R$ 6bilhõesem feve-


reiro. O IDA,índiceda Anbima


que acompanha as debêntures,


registrou três dias seguidosem


territórionegativoatéodia20.


Ulisses Nehmi, sócio da gestora


Sparta, divide o cenário em duas


partes.“Porumlado,oriscodeina-


dimplência das empresas é baixo,


por conta da qualidade de crédito


dos emissores”, afirma. “Por outro,


existea questãoda marcaçãoa


mercadodiária das cotas que,na


incerteza atual,não conseguiráre-


fletiraqualidadedocrédito”, diz.


Nehmiexplicaque, nesseam-


bientede muitasdúvidas, seria


comose oinvestidorpreferisse


ter dinheirona mão, fugindodo


risco. “Para comprarum papel,


hoje,ele vai pedirmaisprêmio,


numpercentual que não neces-


sariamentevai refletiraqualida-


dedecréditodoemissor”, diz.


Se uma debênture“AAA” foi


emitidaaCDI mais 1% eumgestor


tiverque vender,possivelmente


vai encontrar comprador,mas


apenasaCDImais3%,taxacompa-


tívelcomumriscobemmaior.Seo


vendedor precisar mesmo fechar o


negócio, na falta de oferta melhor,


levará o papel a ser marcado nesse


novonível pelos fundos,que terão


acotanegativamenteafetada.


Ofatoéque,nesse momento,


ninguémestá conseguindo colo-


car preço nospapéisevale aregra


de manter recursosem caixa, se


possível. Conforme informações


de mercado, na sexta passada che-


gou asair uma operação pequena


com um papel “AAA” a CDI mais


5%. Porcontada distorção, os ne-


gócios travam,explicamos gesto-


res, já que não dá para saberse um


papel dessesaCDI mais3% é um


bomnegócio,pois, no dia seguin-


te, ele pode sair a CDI mais5%.


“Ninguémvai comprar se nãoesti-


ver seguro da melhoroportunida-


de”,dizumgestor.


Nesse cenário,Pierre Jadoul,


gestor de créditoda ARXInvesti-


mentos, classificou as medidas do


BC como tímidas.“O BC liberou


que os bancoscomprem debêntu-


res semconsumir caixa. Mas limi-


tou essas operações ao valor do


compulsório,que já foireduzido


duas vezes”, afirma Jadoul. Na prá-


tica, essa vinculação vai fazercom


que só os cincomaiores bancoste-


nham,defato,recursosemvolume


relevante paraprover liquidezao


secundáriodedebêntures,deixan-


dodeforabancosmenores.


“Hoje omercado estácom mui-


to vendedor e poucocomprador,


que põe o preçoem qualquer lu-


gar.Issosóvaimudarsenovospar-


ticipantes forem atraídos ao mer-


cado”, afirma Jadoul,acrescentan-


do que os bancos, pequenos ou


grandes, têm usado a liquidez que


possuem paracomprar bondsno


mercado internacional, também


disfuncional, mas maislíquido.“A


medidadoBCseriaaprimeiraain-


centivar os negócios aqui,mas,


atreladaao compulsório,acabou


sendorestritivademais”, diz.


Jadoul avalia que outra opção


seriaoBNDESatuarnessesegmen-


to. “No último ano, o BNDES saiu


dessesegmento e os bancos e fun-


dos de investimento entraram.


Mas acho que é hora de o bancode


desenvolvimento dar um passo


para trás e auxiliar na liquidez pa-


ra que não tenha quevoltar aocu-


paresseespaço”,dizogestor,preo-


cupado com o futurodaindústria


se não houver liquidezpara admi-


nistrarovolumedesaques.


Umaquestão é quemuitosdes-


ses fundos, contrariandoa nature-


zade longoprazodo investimento


emdebêntures,oferecemaoinves-


tidorliquidez de curto prazo. Essa


distorçãoda indústria local au-


mentaasdificuldades.


Reforçandoa tesedeque opro-


blemamaiorhojeédeliquidezpa-


ra aindústria, Carlos Lima, sócio


da Quasar Asset Management,


lembra que ano passado muitas


empresas se beneficiaramda forte


demandapelos títulos emelhora-


ram a gestãodos passivos.“Elas


não captarampara aumentar a ca-


pacidadedeprodução,ouparano-


vos investimentos. Mas,sim, me-


lhoraram o perfil da dívida,redu-


zindo custosealongando prazos.


Então,hoje, é possíveldizer que as


empresas brasileiras estãomenos


alavancadas”, diz Lima, citando


companhias que conseguiramco-


locar papéis em prazo de dez anos


oumaissemamortização.


O cuidadoagora,segundo ele, é


para que não se contamine o canal


de crédito para as empresas de to-


dososportes. Limadiz que as me-


didas orquestradas pelogoverno e


já tomadas pelos bancosdeverão


endereçarisso, cuidando para que


haja arolagem das dívidas de mais


curto prazo.Ele diz ainda queos


dias atuaisestão fora da normali-


dadee isso afeta o humor dos in-


vestidoreseimpactaospreços.


“Se os preçosflutuam muito,


perde-se a referência de negocia-


çãoeisso impacta os fundos”, diz.


As estimativas de mercadosão de


queosfundosmaislíquidos tive-


ramredução entre5%e10% do pa-


trimônio. Limadestaca que esse


não é um movimento agradável,


mas émuito menor do que oque


temacontecidocomasações.


IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


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