O Estado de São Paulo (2020-03-25)

(Antfer) #1
Igor Macário

O plano de contingenciamen-
to de contágio do coronavírus
da Geely vem sendo apontado
como referência no mundo au-
tomotivo. Assim que os primei-
ros casos surgiram, em janeiro,
a empresa cancelou as viagens

de seus funcionários. Também
proibiu entrada de convidados
em sua sede, na cidade de
Hangzhou, na China.
Os protocolos de restrição fi-
zeram a Geely conseguir reto-
mar a produção em 1º de março
na fábrica chinesa. Todos os fun-
cionários tinham a temperatu-

ra medida nos acessos por meio
de câmeras termais. As máqui-
nas de ponto foram movidas pa-
ra fora dos prédios e as maçane-
tas dos veículos eram higieniza-
das enquanto os funcionários
trabalhavam.
A Geely também limitou o nú-
mero de pessoas nos elevado-

res, bem como ofereceu lenços
para limpeza das mãos de quem
apertasse os botões. Novas más-
caras eram entregues a cada oi-
to horas e todos tinham as tem-
peraturas corporais medidas
duas vezes ao dia. Reuniões e
conferências presenciais foram
canceladas e passaram a ser fei-

tas por meio de videoconferên-
cia. E todos os trabalhadores
passaram a manter a distância
de um metro entre si.

Livres. As medidas fizeram
com que nenhum caso de coro-
navírus atingisse os emprega-
dos da marca. E permitiram que

a produção voltasse ao normal,
mesmo antes da pandemia ser
controlada na própria China e
no resto do mundo.

Drone. A própria Geely apro-
veitou a pandemia para refor-
çar a automatização de vários
processos produtivos e dimi-
nuir a participação humana.
Não só as fábricas já usam siste-
mas de inteligência artificial pa-
ra gestão de processos, mas tam-
bém em funções tradicional-
mente realizadas por humanos.
Desde fevereiro, a marca tem
adotado um sistema de entrega
de veículos novos na casa dos
proprietários. O primeiro mo-
delo a usar a tecnologia é o SUV
Icon, que é higienizado por den-
tro e por fora antes de ser leva-
do até a porta do novo dono em
plataforma. Em frente à casa do
comprador, as chaves são entre-
gues por um drone, que pode
levá-las até a varanda do pro-
prietário, por exemplo.
Cerca de 10 mil carros já fo-
ram entregues assim desde o iní-
cio da operação e há ainda ou-
tros 110 mil pedidos de entrega
remota. As compras são feitas
pela internet e enviadas a uma
concessionária da marca, que
processa o pedido e configura o
veículo.

Online. A entrega por drone é
a parte final de um sistema de
compra online lançado pela
Geely em fevereiro, no auge da
pandemia do novo coronavírus
na China. Para manter as pes-
soas longe das concessionárias,
mas ainda podendo comprar
veículos novos, a Geely criou
uma nova estrutura de vendas.
Os compradores podem con-
figurar seus veículos pelo site
da empresa, que redireciona o
pedido para a concessionária
mais próxima, que fica respon-
sável pela venda.
Quem quiser, também pode
pedir um test-drive “a domicí-
lio”. Um carro de testes é leva-
do ao endereço informado pelo
comprador, de onde ele pode
sair com o carro por uma rota
nas redondezas.

CHINESA


TEM PLANO DE REFERÊNCIA


Geely agiu rapidamente e conseguiu impedir casos de covid-19 entre seus funcionários


CHINA JÁ


RETOMOU


PRODUÇÃO


o

Algumas fabricantes não só re-
tomaram a produção como co-
meçaram a produzir lançamen-
tos na China. É o caso da Poles-
tar, que opera sob o guarda-chu-
va da Volvo, também controla-
da pela Geely. As instalações
também estiveram sob políti-
cas restritivas para que as opera-
ções não fossem afetadas.
A produção do Polestar 2 co-
meçou após ser constatado que
nenhum funcionário da fábrica
da marca na província de Zhe-
jiang havia contraído o novo co-
ronavírus. A unidade também
produz o Volvo XC40.
Além das fábricas, muitas
concessionárias chinesas come-
çaram a reabrir. Mais de 90%
das lojas já retomaram as ativi-
dades, apesar do movimento
ainda baixo. As lojas que ainda
estão fechadas aguardam apro-
vação das autoridades locais pa-
ra voltarem ao funcionamento.
Para tal, precisam oferecer me-
didas de proteção ao novo coro-
navírus para compradores e em-
pregados.
Durante o pico da pandemia
na China, as concessionárias
que se mantiveram abertas re-
gistraram queda de 47% no mo-
vimento, de acordo com a asso-
ciação dos concessionários chi-
neses. As lojas que vendem ape-
nas carros de marcas chinesas
tiveram queda ainda maior e re-
gistraram apenas 35% do movi-
mento normal.
No entanto, mesmo com as
cidades encorajando seus mora-
dores para que retomem a vida
normal, é pouco provável que
os números voltem ao normal
antes do fim do mês.

Cuidado. As
ações feitas
pela empresa
garantiram a
rápida volta
das linhas de
produção

FOTOS: GEELY/DIVULGAÇÃO

Pelo ar. Drone é usado para
levar chave do carro novo

POLESTAR/DIVULGAÇÃO

Pontapé. Polestar iniciou
produção na China

|O ESTADO DE S. PAULO|São Paulo, 25 de março 2020 I3DI


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