Valor Econômico (2020-03-26)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 15 da edição"26/03/2020 1a CAD A" ---- Impressapor vdsilvaàs 25/03/2020@21:06:


Quinta-feira, 26demarçode (^2020) |Valor| A
Política
IMPACTOSDO
CORONAVÍRUS
Mourãocontraria Bolsonaroe diz que
políticaaindaé deisolamento
Fa bioMurakawa e Matheus Schuch
DeBrasília
O vice-presidente Hamílton
Mourão disseontemque opresi-
dente Jair Bolsonaro“podeter se
expressadoda maneira que não
foi amelhor”durantepronun-
ciamentoemcadeiaderádioeTV
na vésperasobre ocoronavírus.
Segundo ovice, aposiçãodo go-
verno parao combateà pande-
miaaindaédeisolamento.
“A posição do nossogoverno,
por enquanto,éumasó: oisola-
mentoe odistanciamentosocial.
Está sendodiscutidoe, ontem, o
presidente buscoucolocar. Pode
ser que [Bolsonaro]tenhase ex-
pressadode uma formaque não
foi a melhor, ele quis dizersobre
a segundaonda,aprimeira éem
relaçãoà saúdeeasegundaonda
éaquestãoeconômica”, afirmou.
Mourão falouem uma entrevis-
ta coletiva por teleconferência so-
bre o Conselho da Amazônia. Ele
disse que Bolsonaro tentou ex-
pressar preocupação com os refle-
xosdocoronavírusnaeconomia.
“Ontem [terça], o presidente
buscou colocar e podeser que ele
tenhaexpressadode umaforma,
digamos assim, que nãofoi ame-
lhor.Mas o que ele buscou colocar
é a preocupação que todosnós te-
moscomasegundaonda.”
Emboratenha tentado con-
temporizare contextualizar a fa-
la dopresidente,o posiciona-
mentodeMourãoaumentaoiso-
lamentopolíticodopresidente.
Emcadeianacional,Bolsonaro
defendeuo fim do “confinamen-
to” de pessoaspara contero alas-
tramento do coronavírus.E criti-
cou medidasrestritivas comoo
fechamentode escolas,pedindo
queopaísvolteà“no rmalidade”.
Opresidentetambémacusou
a mídiade criar“hi steria” e acu-
sou governadores de estabelecer
um cenáriode “terraarrasada”,
mas foi criticadoaté por aliados
tradicionais. Ogovernador de
Goiás, RonaldoCaiado (DEM),
anunciou ontem sua ruptura
comBolsonaro.Opresidenteain-
da bateubocacom desafeto João
Doria(PSDB),governadorde São
Paulo, em umateleconferência
comgovernadoresdoSudeste.
Mourão disse que a divergência
entre Bolsonaro e os governadores
“faz parteda política”. Para ele, há
um “ambientede cooperação”en-
treogovernofederaleosEstados.
No pronunciamento, Bolsonaro
defendeuqueopaís adotasse o
chamado “isolamento vertical”,
que consiste em isolar apenaspes-
soas idosas ou vulneráveisàdoen-
ça.Amedidanãoéconsensonaco-
munidademédicaenãotemainda
oapoiodoMinistériodaSaúde.
Em contraposição ao presiden-
te, Mourão defendeu umalibera-
ção “gradativa” do isolamento pa-
ra as atividadesessenciais, após
umperíodode14dias.
“Existe uma discussãono mun-
doentreoisolamentohorizontal e
oisolamentovertical quesão pes-
soas que pertencem ao grupode
risco e as que têm convíviocom
elas”,disseMourão.“A minhavisão
por enquantoé que temosque ter-
minaresse período que estamos
em isolamento para que hajacali-
bragem da forma como está avan-
çandoaepidemia no país e,apar-
tir daí, se possa gradativamente ir
liberando aspessoas dentrodeati-
vidades essenciais para que a vida
vegetativadopaísprossiga.”
Apesar de considerar que o pre-
sidente se expressou mal, Mourão
entendeque ele está em sintonia
com oque o Ministério da Saúde
defende, de aberturagradualdo
isolamento.AintençãodeBolso-
naro ao fazeras recentes declara-
ções,segundo Mourão,én o senti-
do de evitar o“verdadeirodes-
mantelamentodaeconomia”.
Rejeiçãoa discurso fica evidente nasredes
e preocupaçãocomdoença é grande
CarolinaFreitase CésarFelício
DeSãoPaulo
Opronunciamentodeanteon-
tem ànoite do presidente Jair
Bolsonarorepercutiumal não só
entre governadores e prefeitos—
mas tambémnas redessociais.
Levantamentoda plataformade
monitoramento digital Torabit
mostra que 81% do que se co-
mentousobreBolsonaro desdeo
discurso foramcríticas.Comen-
tários positivos representam
14,2% e neutros, 4,7% das 400 mil
mençõesanalisadas.
Afala do presidentecontra-
riou recomendaçõesdo Ministé-
rio da Saúdee da Organização
Mundial da Saúde(OMS).Bolso-
narochamou acovid-19,doença
causada pelo coronavírus, de
“gripezinha” eatacouos gover-
nadoresquedecidiramfechares-
colasparaconteraexpansãoda
doença no Brasil.Apandemiade
coronavírusmatou, até omo-
mento,maisde20milpessoasno
mundo,sendo57noBrasil.
O Torabitmonitorou menções
públicas feitasao nomedo presi-
denteno Twitter, Facebook,Ins-
tagrame YouTube.Foram 400
mil citaçõesentreas 20h30de
terçaeas12hdeontem.
Hashtags desfavoráveis a Bol-
sonaro dominaramas redesso-
ciais,mostrao levantamento.A
maisprevalentefoi #ForaBolso-
naro. Com muito menos fre-
quência, em seguida, aparece
#BolsonaroTemRazao, usadapor
apoiadoresdopresidente.
Arepercussão da fala do pre-
sidenteliderou,no período ana-
lisado, os “trendingtopics”(TTs)
do Twitter,que é orankingdos
assuntos maisfaladosnessarede
social. Ahashtag#BolsonaroGe-
nocidaentrou 106 vezesnos TTs.
As cidadesque maisimpulsio-
naram esta expressãoforamSão
Paulo (SP),Salvador(BA)e Belo
Horizonte(MG).
Jáahashtag#ForaBolsonaroen-
trou95 vezesnos assuntos mais fa-
ladosno Twitter. As cidades que
puxaram o movimento foram Re-
cife(PE),Fortaleza(CE)eSãoPaulo
(SP).Ahashtag#BolsonaroTemRa-
zao entrou 84 vezesnos TTs, puxa-
da por São Luís (MA),Salvador
(BA)eCuritiba(PR).
O pronunciamento deu-se
em um momento em que ote-
mor com a doençaem si excede
o medodas consequênciaseco-
nômicasque a pandemiapode
provocar. Em levantamentope-
la internetcom2 mil respostas
da consultoria Atlas Político,
feitoentre23 e 25 de março,
72% dos que responderam dis-
seramque a maiorpreocupação
era comaquantidadede pes-
soas que poderãomorrer. So-
mente21% disseramque esta-
vammaispreocupadoscomo
impactoda crise na economia.
Isso mesmocom 48% do uni-
versopesquisadoafirmando que
a rendadiminuiu depois do iní-
cio do problema.O levantamen-
to registra9% dos pesquisados
que disseramter perdidooem-
prego. Entreos que responde-
ram,61% creemque haverá re-
cessãoeconômica e 54% pensam
queofimdacrisedemorarámais
doquetrêsmeses.
A consultoriaconstatou que
82% dos que responderam o le-
vantamento concordamcom
medias de contençãoao corona-
vírusimpostaspelasautorida-
des,comosuspensãodeaulas,fe-
chamento de lojas e limitaçãode
circulaçãode pessoas.Nadame-
nosque84%dospesquisadosdis-
seramque tememperderalgum
amigoou membro da famíliaem
razãoda pandemia.Os que te-
mempela própriavida são 39% e
os que receiamficardoentesão
36%.Apenas25%nadatemem.
Senadoaprovadestravamentode
R$ 6 bilhõesparacombateà covid-
VandsonLimae RenanTr uffi
DeBrasília
OSenadoaprovou ontem,em
sessãoà distância,dois projetos
voltadosao combate do corona-
vírus.Ambasas matérias, contu-
do, sofreramalteraçõese, por is-
so, voltarão à Câmara dos Depu-
tadosparanovaanálise.
O primeiro projeto libera Esta-
dos e municípios para realocar
aproximadamente R$ 6 bilhões
em repasses federais carimbados
para a saúde.Esse montante, por
terdestinaçãoexclusiva,era vin-
culado aprogramas comgastos
pré-determinadospeloExecutivo
—comodistribuição de insumos
específicos —eestava paradoem
caixa. Apartir da proposta, pode-
rão ser utilizadosemações de en-
frentamentoàcovid-19.
Entre as mudanças realizadas
pelo Senado, foi aceitaemendado
líder do governo, FernandoBezer-
ra Coelho (MDB-PE), para que a li-
beração seja limitada à aplicação
no período de vigência do Estado
deCalamidadePública.
Outra proposta aprovada
proíbeou limitaque o Brasilex-
porteprodutosmédicos,hospi-
talaresede higieneessenciaisao
combate à epidemiade corona-
vírusno Brasil.Amedidavisa evi-
tar a falta no mercadointernode
produtoscomoluvalátex,luva
nitrílica, avental impermeável,
óculosde proteção,gorro, más-
carascirúrgicase protetorfacial;
ventilador pulmonarmecânicoe
circuitos;camas hospitalares;e
monitoresmultiparâmetro.
Arelatorano Senado,Eliziane
Gama(Cidadania-MA), aumen-
tou o escopoda proposta, englo-
bandono rol de proibiçõesao
mercado externomedicamentos
e imunobiológicos.“O país não
pode,nestemomentode dificul-
dades,abrir mãode sua produ-
ção dos insumos de saúdeim-
prescindíveis ao controle da
doença. Trata-sede uma questão
de soberania”, defendeua sena-
doraemseuparecer.
Comoa sessãomarcadaera
apenaspara apreciaçãode maté-
riasrelativasaocombateaocoro-
navírus,causoucertadiscussão
entreos senadoresa inclusãode
umapropostaque autorizouo
empréstimode US$ 36,2 milhões
paraAlagoas,juntoà Corpora-
çãoAndinadeFomento(CAF).
O líder do MDB no Senado,
Eduardo Braga (AM), argumentou
que os recursossão importantes
nummomento em que os Estados
sentema necessidadede receitas
paracombater a pandemia, mas
ouviu réplicas dos colegas que en-
fatizaramo caráterturístico do
empréstimo, setor que está prati-
camente paralisado com a crise.
Apesardadiscussão,apropostafoi
aprovada.Amedida beneficiao
governadorde Alagoas, Renan Fi-
lho(MDB),cujopaiéosenadorRe-
nanCalheiros(MDB-AL).
ExecutivoMinistrodaSaúdetentamanterabordagemcientíficaeevitarconflitocomopresidenteBolsonaro


Desautorizado, Mandetta decide ficar

Mandetta:ministro tendea nãoaprovar entendimento dopresidenteemrelaçãoaoisolamento verticalnocombate à pandemia


PEDROLADEIRA/FOLHAPRESS

RenanTr uffi,Fa bioMurakawa,


CristianoZaiae MarceloRibeiro


DeBrasília


Mesmo apósser desautorizado


publicamente pelo presidente Jair


Bolsonaro, o ministro da Saúde,


LuizHenrique Mandetta (DEM-


MS),está decidido apermanecer


no cargo eenfrentar a crise provo-


cadapela pandemiade coronaví-


rus no brasil. Adecisão passa pelo


entendimentode que oministro


tem condições de sair maior,poli-


ticamente,desseepisódio.


Entreos aspectos que pesaram


paraessa definição estãoapoios


construídos nos últimos meses.
Alémdeterosfuncionáriosdapas-

ta ao seu lado,ele ainda dispõede


relevante proximidade comem-


presários —com quemtem con-


versado frequentemente paraan-


gariar auxílio edoações —gover-


nadores, líderes do Congresso e de


seu partido, o DEM.A legenda “es-


tá apoiandooministro em 100%”,


disseuma fonte, em função do


“equilíbrio” eda“segurança” que


ele tem transmitido à população e


aosagentespolíticos.


Comessascredenciais,ominis-


tro continuará mantendo um dis-


cursode alinhamentoà ciência


até ondefor possível,mas sem en-


trar em rota de colisão com o pre-


sidente. De acordo comum alia-


do, o ministro “tem umainteli-


gência emocionalacimada mé-


dia” e estáconvicto no enfrenta-


mentoà disseminação da doença.


Adecisãode permanecer no


cargofoi transmitidapor Man-


dettaaos seusauxiliares já na


manhã de ontem,quandoco-


meçaram as primeirasespecula-


ções de que ele poderiaser subs-


tituído pelodiretor-presidente


da Anvisa, AntonioBarraTorres,


que se aproximoude Bolsonaro


aindano inícioda crise.


Mandettaavisouaassessorese


técnicos que não pediu para dei-


xar o cargoenem tinha intenção


decolocarseupostoàdisposição.


Segundo outro interlocutor,


Mandettanãotemoperfilde“pe-


dir para sair”. Por conta disso, a


ordemnapastaé“seguiravida”.


Ao passaresse recado,Man-


dettatambémdeu a entender


que vai manterodiscursoque já


vinhaadotandonas declarações


públicas. Aindaque essa seja in-


tenção, a primeiracoletivado


ministro,nofim da tardede on-


tem, já indicouuma possívelfle-


xibilizaçãonasmensagens.


O ministrodefendeuque, an-


tes de “fechartudo”, comércio,


escolaseserviços,opaís precisa


observaro avançoda transmis-


são do vírus.Segundoele, a me-


dida de “lockdown” podeser an-


tecedidade açõesrelacionadasà


reduçãode mobilidade,impedir


ainteraçãosocialapenasemal-


gunsbairros,porexemplo.


“Nóssaímospraticamente do


iníciodos números para um efei-


to em cascatade decretação de


‘lockdown’ em todo território


nacional,em paralelo”, disseo


ministro da Saúde,referindo-sea


decisãodos governosestaduais


de impor umaquarentenacom


“isolamento horizontal”da po-


pulação, comose “tivéssemos to-


dos em francaepidemia”. “Isso


causauma sériede transtornos”,


complementouMandetta.


Comoformade se antecipar a


questionamentosda imprensa, o


ministrotambémtratoude mi-


nimizaro possíveldesentendi-


mentocomopresidenteBolso-


naro. “Não vamosmudar ne-


nhummilímetrode nossofoco


deproteçãoàvida”, emendou.


Opróximo desafiode Mandet-


ta, no entanto,vai ser lidarcom a


propostade “isolamentoverti-


cal”, ou seja,imporquarentena


apenasparaos gruposde risco,


comotemsugeridoBolsonaro.


A medidanão éconsensona


comunidade médicaevaina


contramãodo que vinhasendo


defendido pelo Ministério da


Saúde.Assim,a ideiatem com-


bustívelsuficientepara criarum


impasseirreversívelnas relações


entreBolsonaroe Mandetta,ava-


liaumassessorpresidencial.


“Pode haver um embateem re-


laçãoaessa ideiado presidente


de fazerrestriçãovertical.Se ele


não aceitar, ou o presidentede-


miteou ele [ministro]pedepara


sair”, acrescenta.


OValorapurouque Mandetta


tendea não aprovar esse enten-


dimento. Oisolamento vertical


dependeriade um decretopresi-


dencialdeacordocomasconver-


sas preliminaresconduzidaspor


técnicosdogoverno.


Sobreisso,um interlocutorde


Mandettaafirmou:“O presiden-


te não determinounada.Quem


faz e acontece são os governado-


res, não o presidente”.


Por essa interpretação, Bolso-


naroapenas “atribuiu responsa-


bilidadeaos prefeitosegoverna-


dores” sobre oque podeaconte-


cer com a economia. A retórica é


umaformaderetirardeseucoloa


culpapelocaossocialiminente.


.


Congressoincluiauxíliopara


informaisemprojetosobreBPC


MarceloRibeiro


DeBrasília


O Congressodecidiuacelerar


as discussõessobretransferên-


cia de rendaeincluiuum auxí-


lio emergencialparatrabalha-


dores informais, paraos mais


vulneráveis e paraos microem-


preendedores individuais em


um projetoque tratade novos


critériosparaa concessãodo


Benefício de Prestação Conti-


nuada(BPC).Sem acordosobre


algunspontosda proposta, a


análiseaindaera incertaduran-


te aprimeira sessãoremotado


plenárioda Câmara.


Aindaque a maioriados líde-


res estivessede acordo, o presi-


denteda Câmara,RodrigoMaia


(DEM-RJ),deu sinais,no início


da sessãodo plenário,deque o


textosó seriacolocadoem vota-


ção no casode consensoabso-


luto.Antesda reuniãode líde-


res, ele estava maisconfiante


sobreo avançodo projeto.


“Devemosvotarhojeaqueles


recursospara os informais, para


o MEI, que nós já estamostraba-


lhandoparater um valorme-


lhorque os R$ 200 propostos


pelo governo,para que os brasi-


leirosque têm maisdificuldade


superem esses próximos três


meses.Não fechamosvalor,de-


pendeda articulaçãoentre os lí-


derese do deputadoque vai ser


escolhidopararelatara votação


no plenário”, disseMaia.


Segundofontes,aequipeeco-


nômicateriaacenado positiva-


menteà cúpulada Câmaracaso


os parlamentares decidissem


ampliarobenefício para R$ 300,


acimado valorpropostoinicial-


mente pelo governo federal,


masaindaabaixo do desejado


por deputadose senadores.


A propostaserá incluídaem


um projetoque tratade novos


critériosparaa concessão do


BPC.Esse textorestabeleceque


famíliascomrendade até R$


261,25por pessoa,o que corres-


pondea 25% do saláriomínimo,


devem recebero benefício e


abreespaçoparafamíliasque


recebamR$ 522,50por pessoa,


o que representa50% do salário


mínimo, também sejam con-


templadas, considerando o


graude deficiênciaou misera-


bilidadedo beneficiário.


Maiaseguiuoque vinhadi-


zendoedeu prioridadeavota-


ções de consenso. Comoo apli-


cativoparaas sessõesremotas


aindanão ficoupronto,asvota-


çõesforam simbólicas,oque


acaboufazendocomqueapenas


projetosque todosestivessesde


acordopudessemavançar.


A expectativa de Maia era


conseguir ir adiante com os


projetosrelacionadosàs áreas


de saúdee social,comoa libera-


ção da telemedicinae a garan-


tia de alimentaçãoparaalunos


durantea suspensãode aulas.


Nenhumadas propostashavia


sidovotadaaté o fechamento


destaedição.


Canal Unico - O Jornaleiro

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