Valor Econômico (2020-03-26)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 4 da edição"26/03/20201a CADB" ---- Impressa por ivsilvaàs 25/03/2020@21:13:04


B4|Valor|Quinta-feira, 26 de marçode 2020


Empresas


|
Indústria

CenárioRetomadadeoperações


sódeveocorrerno2


o
semestre

Mercado


espera volta


de aquisições


após crise


Alexandre Bertoldi,sóciogestor daPinheiroNetoAdvogados:“Essemomento[deretomadadasoperações]é favorável a quemconhecee já atuanoBrasil”


SILVIA ZAMBONI/VALOR

IvanRyngelblume


RaquelBrandão


De São Paulo


A epidemia do novocoronaví-


rus provocou umadesaceleração


nos processosde fusõeseaquisi-


ções, com muitas empresas adian-


do oinício de diligências enego-


ciações parase concentrarem em


preservar sua situação financeira


emmeioàsincertezasdopresente.


Mas diante da expectativa de que a


pandemianão deve ultrapassar


para o segundo semestre, especia-


listas nestes tipos de negociações


acreditamque oano não está per-


didoequemuitascompanhiaspo-


demacabarencontrando barga-


nhasnomercado.


Coma passagemda reforma da


Previdência no ano passado, sinais


de que outrasreformas estruturais


iriamser colocadas em discussão


nesteanoeoavanço de processos


de privatização, a perspectiva era


de que 2020 fosseum ano memo-


rável para fusões e aquisições. Em


janeiro, o volume de operações


anunciadas foi omaior já registra-


do parao mês,segundo levanta-


mentoda consultoria e auditoria


PwCBrasil. O bommomento se


manteve, segundo o estudorefe-


renteafevereiro, obtido com ex-


clusividadepeloValor–79 opera-


ções, alta de 18% em relação afeve-


reirode2019.


O número de transaçõesanun-


ciadas nos dois primeiros meses


do ano se manteve à frente dos


mesmosbimestresdetodoohistó-


rico do levantamento,iniciadoem


1992, com 168 operações. Obom


momento, inclusive, levou Leonar-


do Dell'Oso,sócio da PwC Brasil, a


avaliar que a quantidade de fusões


eaquisiçõespoderiaalcançar1mil


transações este ano, patamarnun-


ca registrado pelo levantamento.


Como coronavírus,dificilmente


estenúmeroseconcretizará.


“O número de operações vi-


nhamnuma crescente no início


doano, aexpectativanomercado


era muito boa”, afirmou Dell’Oso.


“De lápara cá, mudou bastante.


Asrestriçõesdeacessoacrédito,o


mercadopraticamente fechado e


asrestriçõesdemovimentaçãode


pessoas afetou a performancede


fusõeseaquisições.”


Escritóriosde advocaciaouvi-


dos peloValorviramo fluxode


interessadosnestestiposde ser-


viçosdiminuircoma covid-19,


com os clientescujosos proces-


sos estãona fase embrionária, de


análiseda estruturadas opera-


ções,pedindoo adiamentoda


continuidadedasoperações.


“Estamos vendo impactos nas


operações por cancelamento de


reuniões, dificuldades de desloca-


mento de pessoas, oque está em-


purrandoum pouco as operações


para frente”, disseJosé Diaz,sócio


do escritório de advocaciaDema-


restnaáreadefusõeseaquisições.


Até aeclosão da covid-19, a


equipe de Diazvinharecebendo


diversas consultas, inclusive de es-


trangeiros, interessadosprincipal-


mentenos ativos que os governos


federal e estaduais vinham colo-


candoàvenda.Agora,segundoele,


todo mundo está em compasso de


espera,aguardandoofimdacrise.


“A estratégiadas empresas


saiudavisãodemédiolongopra-


zo, parasobrevivênciano curto


prazo”,afirmouDiaz.


Em operações maisadiantadas,


passada afase de “due diligence”e


iniciado o período de negociações


sobre os termos da compra, come-


çou-se aver um processo de rene-


gociação dos contratos, dianteda


mudançanos parâmetros econô-


micos em que as partes se basea-


ram para negociar e descobertas


de novos riscos que um potencial


do ativo. Estas questões mudaram


apretensãode valordevendapelo


vendedor e o preçoque o compra-


dorsedispõeapagar.


A situação levoumuitas a acio-


narem as chamadas MAC,sigla em


inglêsquesignifica efeito material


adverso. Em contratos de fusãoe


aquisição, as partes negociam


cláusulasquetratamdosimpactos


doinadimplementodecorrentede


fatosimprevisíveisou de difícil


previsibilidade,comoapandemia.


Pormeiodelas,aspartesprocuram


estabelecer situações que,apesar


deimprevisíveis,poderãoafetarde


tal formao negócio que ele perde-


ria osentido para quemestá con-


tratandocaso alguma delas venha


aseverificarnaprática.


O advogado José Ricardo de


Bastos Martins, sócio do Peixoto


& CuryAdvogados, viu aumento


na quantidade de consultas das


partes arespeito das MACs, dian-


tedassituaçõesderiscoqueono-


vocoronavírustrouxe.


“Na medida que as premissas


[de negociação] sãoafetadaspor


questões imprevisíveis queafetam


osganhos,issoémotivopararene-


gociaçãode contrato”, disse.“Na


maioriados casos, aexpectativa é


de que o uso da excludente de res-


ponsabilidadesejalegítima.”


Aindaque imprevisível, aex-


pectativa é de que a epidemiada


covid-19se dissipeaté ofim do


primeiro semestre,permitindoa


voltadas operações.E osaldo


pós-coronavírusdeve ser de mui-


tas empresasse colocando àven-


da, ou se desfazendode ativosou


partes das operações,dianteda


necessidadede melhoraremsua


liquidez,apósoperíododecrise.


“Sentidososimpactoseconômi-


cos da crise, a tendênciaéque os


vendedores abaixemsuas preten-


sõesdepreço, dadoonovocenário


de oferta e demanda,e, em alguns


casos, haverá sufocamentofinan-


ceirode algumasempresas, levan-


do a operações emergenciais. As


fusõeseaquisições de ‘distressed


assets’ [ativos problemáticos]ten-


dem, é claro, ase intensificar”, afir-


mou Eduardo Boulos, do Cascione


PulinoBoulosAdvogados.


Alexandre Bertoldi,sócio gestor


de Pinheiro NetoAdvogados, tam-


bém prevê aretomada das opera-


ções a partir do segundo semestre,


com interesse especial de investi-


doresestrangeiros, devido à po-


tencial desvalorização dos ativos


após a criseeavantagem do dólar


frente ao real. Ele destaca, no en-


tanto, que “esse momento é favo-


rável aquem conhece e já atua no


Brasil”,porcausadasincertezas.


Para Dell’Oso, da PwCBrasil,


apesarde a possibilidade deonú-


merodefusõeseaquisiçõesatingir


1mil agoraéremota, o ano ainda


será positivo, podendo ser tão


bom quanto2019, que fechou


comumtotalde912transações.


“Haverá impactono curtopra-


zo,deuns quatromeses,mas o


mercadocontinualíquidoemui-


tas empresasprecisarãoser ven-


didas,afirmou. “Na horaque se


conseguircontrolara pandemia,


tudovoltaráaonormal.”


MP pode permitir realização de assembleia ‘virtual’


Capitalaberto


JulianaSchincariol


Do Rio


A proposta de medida provisó-


ria (MP) sobre assembleias de


companhias abertasem 2020


buscapermitirqueaComissãode


ValoresMobiliários (CVM) edite


regrapara arealização de encon-


tros “virtuais”de acionistas,apu-


rou oValor. Até o momento não


há previsãoem lei paraassem-


bleias 100%remotas. Adiscussão


ganhou relevância com a pande-


miadonovocoronavírus.


Em paralelo, a autarquia divul-


gou ontem deliberação sobrefle-


xibilizaçãode prazos regulamen-


tares por causado coronavírus. A


medida dilata, por exemplo,pra-


zos para atualização cadastral, de-


monstrações financeiras e assem-


bleias de fundoserelatórios como


os de compliance. Nãocontempla,


porém,prazos fixadosem lei que


não podem ser alterados por regu-


lamento da CVM. É o caso de ela-


boraçãoedivulgação dasdemons-


traçõesfinanceiraserealizaçãodas


assembleias.“Nãoéaúnicadelibe-


raçãoque estamostrabalhando.


Estamos na frente legislativa com


o ministério [da Economia] para


tratar das companhias abertas”,


disseosuperintendente de desen-


volvimento de mercado da CVM,


Antonio Berwanger, citandoaMP,


em entrevista ontem após aedição


dadeliberação.


OValorteve acesso ao texto da


MP, enquanto estava sendo elabo-


radopelaCVMemconjuntocomo


MinistériodaEconomia.Apreocu-


pação é que oavanço do coronaví-


rus impeça arealização das reu-


niõesordinárias de acionistas que,


pelalei devem ocorrer até 30 de


abril. Aproposta da MP diz que a


assembleia será realizada, prefe-


rencialmente, na sede da empresa.


Se houver necessidade de ser feita


em outrolocal, ainda que na cida-


de ondea empresa estáinstalada,


deve ser indicadocom clareza, em


linhacom o que diz a leidas S.A.


(6.404). Anovidade éque poderá


haveralgumaexceçãoporparteda


CVM,inclusivecom aedição de re-


gra para autorizar arealização de


assembleiadigital, caso de video


ou teleconferência. Haviaaprevi-


são de que aproposta de MP fosse


apresentadanospróximosdias,eo


textopoderiasofrerajustes.


A lei 6.404prevê quórum míni-


mo para instalação de assembleia,


com 25% dos acionistas com voto.


Algumasdeliberações dependem


de presençade maisde 50% ou


66,66%dosacionistascomvoto.


Sem definição sobre um possí-


vel adiamento, algumas empresas


cancelaram os conclaves. Na terça,


oIRBdivulgoucomunicadodizen-


do que os acionistas poderiam


acessar areunião por umaplata-


forma de teleconferência, desde


quesecredenciassem.


O escritório Stocche Forbes


orientaqueas companhias ado-


temprocedimentos usuais para


realização das assembleias. Caso


eventualmenteoencontronão se-


ja realizado, poderia comprovarà


CVMque não aconteceu por ‘força


maior’, diz a advogadaAlessandra


Zequi. “Hoje ainda não há regula-


ção específica sobrecomo fazer es-


se processoremoto”, disse.Há dú-


vidas sobrecomo seriam tomadas


assinaturaseconfirmaçãodevoto.


Para o sócio do CSA Chamon


Santana Advogados, Ricardo


Amorim,aassembleiade credores


da Odebrechtpodeser um teste.


Decisãojudicialautorizouquefos-


se realizadade forma totalmente


remota.“Podeserummodelopara


CVMobservarcomovaiaplicarnas


sociedadesdecapitalaberto.”


Petroleiras enfrentam a maior crise em 100 anos


Petróleo


DavidSheppard


FinancialTimes


Não é exageroafirmar que a


indústriado petróleoenfrenta


sua crisemaissériados últimos


100 anos. Com as economias


ocidentaisentrando em estado


de hibernação, na esperança de


sufocara primeira ondado co-


ronavíruspor meiode quarente-


nas eisolamento, osetor se de-


para com o fato de que a deman-


da por combustíveis vai cair


maisrápidodo que nunca.


Os preçosjá caíram cercade


50%desdeocomeçodomês,com


asatividadesdascompanhiasaé-


reas interrompidas emilhõesde


trabalhadorestrocandooauto-


móvelpor uma caminhadacurta


atéolaptopnamesadacozinha.


Para um setorhá muitociente


de que uma oscilaçãode 1% a 2%


no equilíbrio do fornecimentoe


da demandapoderepresentara


diferençaentrea disparadaeo


colapso dos preços,aextensão


da queda no consumoé difícil


de processar.


Coma Europa e a América do


Nortese entrincheirando, as esti-


mativas maisrecentes sugerem


que10%a15%doconsumomun-


dial poderáevaporarnos próxi-


mos meses. Em temposnormais,


o mundo consome100 milhões


debarrisdepetróleopordia.


Tal éaescalado colapso na de-


manda que ele poderáofuscara


guerrade preçosentre aArábia


Saudita e a Rússia, que estão


inundandoo mercado com bar-


ris desnecessáriosdepoisque os


dois paísesnão conseguiram


chegar aum acordo sobrecomo


responder à crise.Mas há poucas


dúvidas de que suas açõesagra-


varamocrashealongaramo


tempoderecuperação.


O resultado deverá ser tanques


de armazenagemcheios até as


bordasdentrodemeses.Atémes-


moossupernaviospetroleirosno


mar, acionados emergencial-


mente como depósitos, poderão


estar totalmentecarregados até o


fimdoterceirotrimestre.


Um alíviovirá somente quando


a produçãomais carade petróleo


começaraser fechada ou os pro-


dutores maisfracos começarem a


quebraredeixardeproduzir.


Masos camposde petróleo


não podemser desligados ereli-


gadoscomoum interruptor de


luz. Os custose os riscosde para-


lisaçãode umaproduçãoativa


mais provavelmente levarão a


umaguerradedesgaste.


Na semanapassada opreço do


petróleo caiu abaixo de US$ 25 o


barril, omenorníveldesde 2003,


paradepoisrecuperarpartedoter-


renoe ser negociadoa cerca de


US$ 28 na terça-feira. Analistas co-


meçam aprever que opreço pode-


rá cair paraafaixa de US$ 19 a


US$13,oumesmoparaumdígito.


As demissões em grande escala,


que já se encontram altas nosseto-


res de entretenimento, nãodeve-


rão ficar muito atrás no setor de


energia, comrelatos esparsos de


empreiteirasjámostrandoisso.


O“crash” aconteceno pior


momentopossívelparaum se-


tor que já não tinhaapreferên-


cia dos investidores,que temem


que ademanda por petróleo


possaatingiro pico na próxima


décadae também se preocupam


com os impactos ambientais.


Os poucosinvestidores resis-


tentes que estão se atendo às


grandes empresas de energia fo-


ram chamuscados maisumavez.


O preçoda açãoda BP acumula


perda de maisde 50% no ano, re-


cuando ao patamarvisto pela últi-


ma vezem 1995, afundando mais


até do que quando por ocasião do


desastre de Macondo, quando a


sobrevivênciada empresa esteve


em dúvida. A ExxonMobil, outro-


ra a maiorcompanhia abertado


mundo, perdeu 70% de seu valor


de mercado nos últimos seis anos.


Seasperspectivasdecurtopra-


zo para osetor são, francamente,


uma tragédia,as perspectivas de


longoprazonão são melhores.A


pandemiapoderá deixar uma


marca no já claudicante cresci-


mentodademandaporpetróleo.


As viagensinternacionaisleva-


rão um tempopara se recuperar.


As empresaseos trabalhadores


que se adaptaremcomsucesso


ao trabalhoàdistânciadeverão


fazerdissoumapartemaiorde


seu futuro, mantendomaiscar-


rosforadasviaspúblicas.


Isso deixaosetor compouca


coisaa oferecer alémde uma es-


perança de médioprazode que


o própriotamanhodo “crash”


dos preços acabará privando


concorrentes de muitosinvesti-


mentos eassim aproduçãocairá


e os preçosaumentarão.


Mas umarecuperaçãomarca-


da pelo desastre, do “crash” mais


recente ao pico de demanda, não


deveráser consideradaparticu-


larmenteinteressante.


Nesse contexto, adecisão da BP


de manter seu compromisso de


acelerar a transiçãoenergéticafaz


todo sentido,apesar dos megacio-


nistasafirmaremque o“crash” dos


preçosvai enfraqueceradetermi-


naçãoda companhia. Para atrair


novos investidores não bastamais


defender os dividendos.Osetor


precisadeumanovanarrativa.


As companhiasnacionaisde


petróleo tambémestãoreviran-


do as cinzas.A ArábiaSaudita


queimoumuitosua imagemcui-


dadosamentecultivadade admi-


nistradoraconfiável do mercado


de petróleo.Mesmoque oreino


surjavitoriosona guerrade pre-


ços, comumaparcelamaiorde


um mercadoque em brevevai


encolher, aliadospolíticosverão


a confirmaçãode que palavras


acalentadorassobrea estabilida-


de poucosignificamsob a lide-


rança do príncipe herdeiro


MohammedbinSalman.


Para alguns, o setor podepare-


cerumavítimamerecida.Suaarro-


gância em relaçãoàs mudanças


climáticas —somente revertida


parcialmente nos últimosanos —


lhe custoumuitossimpatizantes.


Mas épreciso pensar com benevo-


lência no setor para perceber que


háumatragédiaanunciada.


OsmembrosmaisfracosdaOr-


ganizaçãodos PaísesExportado-


res de Petróleo (Opep), comoo


Iraque e aNigéria, perseguidos


pelamaldiçãodopetróleoquese-


meouacorrupçãoeaineficiência


em suaseconomias, enfrentam


um grande apertode caixa. Se a


queda dos preços significarque


esses produtores mais pobres te-


rãodificuldadesparabancarsuas


próprias respostasnacionais à


pandemiado coronavírus, a crise


paraeles serásentidade


modoaindamaisintenso.


Hoje, excepcionalmente,deixamosde publicar aAgenda tributária.


Movimento falimentar


RecuperaçõesJudiciaisConcedidas


Empresa:JuruáServiçosTécnicosLtda.-CNPJ: 01.153.381/0001-01- Endereço: RuaCabo Frio,
Esquinacoma Rua Duquede Caxias,67, Bairro EstaçãoExperimental - Vara/Comarca: 2a Vara de Rio
Branco/AC - Observação:Face à homologaçãodo planoaprovado pelaassembleia geral de credores.
Empresa:ZtnIndústriaEletrometalúrgicaEireli-CNPJ: 47.209.986/0001-78-Endereço: Av.Con-
selheiro AntonioPrado, 110, Centro - Vara/Comarca: 1a Vara de São Caetanodo Sul/SP - Observação:
Face à homologaçãodo planoaprovado pelaassembleiageral de credores.

IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


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