Valor Econômico (2020-03-26)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 1 da edição"26/03/20201a CADC" ---- Impressa por GAvenia às 25/03/2020@20:20:58


Finanças


Quinta-feira, 26 de marçode 2020|C1


Fake news


Umareproduçãodenotíciaatri-


buídaaoValor,informandoquea


ComissãodeValoresMobiliários


(CVM)teriasuspendidoanegocia-


çãodecotasdeumfundoadmi-


nistradopelagestoraSquadra,é


umafakenews.Oconteúdofalso


temsidocompartilhadoemgru-


posdediscussãodomercadofi-


nanceiroecirculadoemredesso-


ciais.OValornãoproduziuessa


notíciaemnenhumadesuaspla-


taformasdigitaisouimpressa.


Creditreduz bônusdo CEO


OCreditSuisseinformounorela-


tórioanualde2019queapropa-


gaçãodocoronavírusdeveatingir


significativamenteaeconomia


globaleoseuprópriodesempe-


nhofinanceiro,incluindoperdas


nocrédito,receitasdecorretagem


(trading),margemfinanceirae


potenciaisavaliaçõesdeágio(go-


odwill).Obancoinformouquere-


duziuobônusdoex-executi-


vo-chefeTidjaneThiam,relativoa


2019,emcercade2,2milhõesde


francossuíços,emfunçãodo“im-


pactosignificativo”doescândalo


deespionagemdefuncionáriosdo


banconoresultadode2019.So-


mandosalárioseoutrasbonifica-


ções,Thiamrecebeuumtotalde


10,7milhõesdefrancosem2019,


ante12,6milhõesdefrancosem


2018.(DowJonesNewswires)


Índice


AgendaC2
BolsasnacionaisC4
Indicadores financeirosC6
Fundosde açõesC6
FundosmultimercadosC7
Fundosde previdênciaC8
Fundosde renda fixaC8

Destaques


Certificadosde audiovisual


ACVMabriuaudiênciapública


parareformarasregrassobre


emissãoedistribuiçãodecertifica-


dosdeinvestimentoparaobras


audiovisuais(CAVs).Aproposta


visasimplificaroprocedimento


deemissãoedistribuição.Entreas


mudançaspropostas,aautarquia


sugereadispensaautomáticade


registrodaemissãoedistribuição


dasofertasdeCAVeexclusãoda


obrigaçãodeenviodecertosdo-


cumentos.Aminutadizqueape-


nas30%domontanteregistrado


deCAVs nosúltimostrêsanosfoi


subscrito.(Juliana Schincariol)


Itaú doa R$ 150 milhões


OItaúUnibancoanunciouadoação


deR$150milhõesparaajudarno


combateaocoronavírus.Odinheiro


virádaFundaçãoItaúparaEduca-


çãoeCulturaedoInstitutoUniban-


coeserádestinadoainfraestrutura


hospitalar,compradeequipamen-


tosmédicos,comorespiradores,


alémdecestasdealimentaçãoekits


dehigiene.(TalitaMoreira)


Medidasdo BC


AsmedidasdoBancoCentralpara


garantirliquidezaosistemafinan-


ceirovãobeneficiarmaisosgrandes


bancosealgumasinstituiçõesmé-


dias,apontaaMoody’s.Segundoa


agência,oconjuntodedecisõesvai


acrescentar1pontopercentualem


média“àjáconfortável”taxadeca-


pital“Tier1”(CET1)dosbancos.“[O


pacote]“vaisuavizarosimpactos


econômicosedemercadodapan-


demia,quetemsidoumfatornega-


tivoderestriçõesdecréditoedeli-


quidezdosbancosbrasileiros,em


particularàsinstituiçõespequenase


médias”.(Sérgio Tauhata)


IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


CriseInstituiçõesfinanceirastêmsidoprocuradas


peloMinistériodaEconomia,mascriticamlentidão


Mercado leva ao


governo propostas


para crédito a folha


Ministérioda Economia intensificou nesta semana diálogo comsetor financeiro


DANIELMARENCO/AGÊNCIA O GLOBO

Talita Moreira e FláviaFurlan


De São Paulo


O Ministério da Economia


temna mesapelomenostrês


propostasenviadaspelo setorfi-


nanceirosobrea criação de li-


nhasde créditoparafinanciara


folha de pagamentode peque-


nas empresas.Nelas, o governo


entraria comoavalistadas ope-


rações e amorteceriaum pedaço


grande da inadimplência,apu-


rou oValor.


Um grupodefende que opa-


pel de garantidor seja exercido


pelo Tesouroeoutro, pelo Banco


Central(BC).Mas, em qualquer


cenário, a atuação do governo


funcionaria de maneira seme-


lhanteà de uma cota subordina-


da de fundos de investimentos,


que éaprimeira a arcarcom as


perdas quando elas ocorrem.


Dessaforma, os bancos—priva-


dos ou públicos—teriammais


incentivo paraconcedercrédito


no ambientede riscoaindain-


calculável provocadopelacrise


do coronavírus.


Há quemproponhaainda que


ocréditoparafolhasejabancado


integralmentepeloTesouroNa-


cional, sem participação dos


bancosno risco. Qualqueraloca-


çãoderiscoaosetorprivado,nes-


temomento,encareceriamuitoo


crédito,dizumafonte.


Essa vertente édefendida


abertamentepelaStone, creden-


ciadora voltada a pequenas e


médiasempresas.Opresidente


da companhia, Augusto Lins,


afirma que o Tesourodeveria en-


trar com capital a fundoperdido


para opagamento de folha, com


acontrapartida de que oempre-


sárionão faça demissões.“É um


pagamentode ‘bo lsa-salário’ pa-


ra que a empresafiquede pé


numperíodo de constriçãode


vendas,que seriaconcedida por


númerode funcionários”, afirma


o executivo,que concedeuen-


trevistaaoValor.


Bancos voltam a olhardebêntures no secundário


AnaPaula Ragazzi


De São Paulo


Bancodo Brasil,Bradescoe


Santandersinalizaram apossibi-


lidade de atuar na ponta com-


pradorade debênturesno mer-


cadosecundário,segundodisse-


ramontemalgunsgestoresde


créditoprivado. Até então, o úni-


co bancoque vinhaparticipando


das negociações era o Itaú.A si-


nalizaçãodosoutrosbancos,ain-


da que tímida, veio dois dias de-


pois de oBancoCentral anunciar


umalinhaparafinanciar essas


operações,dianteda faltade li-


quideznessesegmento. Procura-


dos, Itaú, Bradesco, BB e Santan-


dernãocomentaram.


Desde o fim da semana passada,


os fundos de crédito estão sofren-


do resgates ecom dificuldades de


negociar papéis parafazer caixae


honraros pagamentos. As incerte-


zas para a economiageradaspela


crise do coronavírustravaram os


negócios e distorceram preços.


Quando saem, os negócios são fe-


chados apreços fora da realidade


das empresas que emitiram o cré-


dito.Papéis de companhias com


rating ‘AAA’, emitidosaCDI mais


1%, estão encontrandocomprador


a CDI mais 3% ou 4%, condizente


comumnívelderiscomuitomaior


decrédito,porexemplo.


Para tentarproporcionar mais


liquidezeracionalidadeao mer-


cado,oBC anunciouumalinha


deR$91bilhõesparaqueosban-


cos compremessespapéis.No


entanto, comoesse empréstimo


foi atreladoaum percentualdo


compulsório, excluiudos bancos


médios a possibilidadede aces-


sá-la.A linhaficoulimitadaaos


cincomaioresbancos,dois deles


públicos,CaixaeBancodoBrasil,


que costumamtomardecisões


commaislentidão.


Aindaassim, mesmoos priva-


dos ficaramreticentesem com-


prometercompulsórioem uma


operaçãode mercadode capi-


tais. Somenteo Itaú vinhadando


algumsocorroaesses gestores,


oferecendoliquidezaos fundos,


antesda medida do BC. Na ma-


nhã de ontem,apurouoValor,


BB, Bradescoe Santanderliga-


ram paraalgumasgestoras pe-


dindoa lista de ativosdisponí-


veis paranegociaçãoeficaram


de retornar colocando preços


paraa compra.Até o dia ante-


rior,deacordocom as fontes,o


que essesbancosvinhamdizen-


do é que,nessemomentomais


agudoda crise,aprioridade era


focaro mercadoprimário, em


operações para clientes.


A faltade liquideznesseseg-


mentose transformounumpro-


blemaaindamaiorpara aindús-


tria de fundosde créditoporque


muitosdelesoferecema possibi-


lidadede resgate praticamente


diárioaos cotistas.O segmento


cresceuassim,apesarde as de-


bênturesseremuminvestimento


de longoprazoede esse ser um


mercadoaindacomum secun-


dárioem formação —antesas


operações eram encarteiradas


pelosbancosouBNDES.


Nessemomento de crise,os


bancosnão têm nenhumaobri-


gaçãode dar liquidez,mas deve-


rão fazerisso em algumamedida


paraapreservaçãodaindústria.


Alémdisso, nos preços que es-


tão e diante da necessidade de al-


gunsfundos de fazercaixa, há


oportunidades de comprarno se-


cundário papéisde empresas com


baixorisco de crédito epagando


prêmios altos. Esse quadrohavia


gerado aexpectativa em alguns


gestores de que, apósalinhado


BC, pudesse haver umacompeti-


ção entre os bancospelos papéis, o


que levaria, inclusive, as taxaspara


níveismaispróximosdarealidade.


Atéomomentoissonãoaconte-


ceu e poucos esperamque aconte-


ça. Por essa razão, a demanda do


mercadoseguesendoadesolicitar


ao BC que desvincule a linha do


percentual do compulsório. Isso


trariapara omercado os bancos


médios, que teriamapossibilida-


dedecompraressespapéis,deem-


presas maiores, aos quais normal-


mentenão têmacesso. De acordo


comumafonte, entre os bancos


menores, hoje, apenasoC6tem


ajudadona liquidez dos fundos,


mas por meio da recompra de le-


trasfinanceiras,cujolimitefoiam-


pliado pelo BC na segunda-feira.


Outrosbancosmenores não têm


adotado a medida parapreservar


caixa.OC6nãocomentou.


Alguns especialistas de merca-


do chegaramaquestionar fato de


o BC dar funding barato para os


grandesbancoscomprarem pa-


péis apreços distorcidos, sugerin-


do que o BC deveriacolocar um


spread máximoentre ocusto da li-


nha eopapel.Essas fontes avaliam


queamelhorsoluçãoseriaaentra-


da do BNDESno secundário,pois


eleteriacondiçõesdeestabilizaros


negócioscomprandopouco.


Nos EstadosUnidose na Euro-


pa, ogovernoéquemestá pa-


gandoacontade mantervivos


os pequenosnegócios,lembra


outrointerlocutor sob acondi-


ção de não ser identificadona


reportagem.


Apesardas medidasadotadas


pelo BancoCentral(BC) para in-


jetar liquidezno sistema,os ban-


cos estãoretraídosna ofertade


créditoporqueninguémtem da-


dos paradimensionar aprofun-


didade e a duraçãoda crise.Po-


rém,oentendimentodas insti-


tuições financeiras é o de que fi-


nanciarpequenase médiasem-


presas será crucialpara conteros


estragosprovocadospela pande-


mia do coronavírusna atividade


econômica,que vêm sendocom-


paradoscomosdeumaguerra.O


assunto está na pautado setorhá


algunsdias, conformenoticiou


nestasemanaoValor.


Um dosgrupossugereque os


recursos do financiamentodesa-


lários não sejam depositadosna


contadaempresatomadoradali-


nha. Uma possibilidade seria ofe-


recer o dinheiro, por exemplo, na


formadeumcartãopré-pago.


Financiar a folha de paga-


mentos éapenasumadas ideias


que estãosendodebatidasentre


instituiçõesfinanceirase gover-


no. Há umaprofusãode medi-


das em discussão.Uma delas


prevêa criaçãode um fundo


comparticipação do Tesouroe


do BNDESparacomprarrecebí-


veis de pequenas empresas,es-


pecialmenteduplicatas.De acor-


do com um executivode banco,


seriaumasaídaparadar liqui-


dezaessascompanhias,quede-


pendem do créditomercantil.


OValorapurouque o Ministé-


rio tem procuradobancos,cre-


denciadorase outrasempresas


ligadasao setorfinanceiro para


discutir ideiase pedirsugestões.


As conversascomeçaramhá al-


gunsdias, mas foramintensifica-


das de segunda-feirapara cá.


“Acho que se surpreenderam


como tamanho do impactona


economia”, afirma uma fonte


próximaainstituiçõesfinancei-


ras. “Agora,precisamcorrerpara


recuperarotempoperdido e as


coisasnão são fáceisem Brasília


noladopolítico.”


Até anoite de ontem,apro-


postade isolamentoverticaldos


gruposde riscofeitapelopresi-


denteJair Bolsonarodividiaopi-


niõesno setorfinanceiro, já que


éamplamente contestadapor


especialistasem saúde.No en-


tanto, todos os interlocutores


ouvidospelareportagemdisse-


ram ser fundamentalque o go-


vernocoloqueamão no bolso


com urgênciaparanão deixara


economia parar.


“A cadadia que passaparece


que vai piorando, sem indicado-


res positivos.Portanto,háum


sentimento de que não deveriam


guardar muniçãopara maistar-


de”,afirmaumafontede banco


queacompanhaasconversas.


Um grupodefende que o


papelde garantidor


sejaexercidopelo


Tesouro e outro, pelo


Banco Central


No geral,asensaçãoentreexe-


cutivos do setoréade que as me-


didasanunciadas pelo BC são in-


suficientesequeademoradogo-


verno em apresentar um plano


maisamploeestruturadoestáfa-


zendocom queocenáriose dete-


riorerapidamente. “Tem muita


conversa,muitagenteouvindoe


pensando. Só isso por enquanto,


euma demandabrutaldecrédi-


to por partedas empresas”, afir-


ma fontegraduadade uma gran-


deinstituiçãofinanceira.


Emboraas discussões tenham


se intensificado nestasemana,


fontes do setoraindaveemmui-


ta “bateçãode cabeça”entre as


diversas equipesdo ministério e


tempo gasto com propostas


consideradasdemoradasou de


difícil execução.Éocaso de uma


sugestãofeita por técnicosda


pasta segundo aqual aCaixa


concederiaumacartade crédito


paraque os microempresários,


então, batessemna portadas


instituições privadas para tomar


Stone,de Augusto Lins,


propõeao governo


criaçãode linhade


R$ 100bi por meiode


maquininhas C3


1.525

1.534

1.543

1.552

1.561

1.570

Fonte:ValorPRO.Elaboração:ValorData

Índicede RendaFixaValor


Base= 100em 31/dez/99


24/Mar
2020

10/Fev
2020

Variações
No dia
No mês
No ano

0,69%
-1,02%
0,62%

1.545,31


empréstimo.Além de considera-


da difícil de operacionalizar, a


ideia enfrenta resistência no


bancopúblico.


Para algunsinterlocutoresou-


vidospeloValor, existeboa von-


tade, mas falta um comando


centralizado que organize as


conversas,defina prioridadese


estabeleçaum plano de ação.


“Essaequipesabetrabalhar no


sucesso,não na crise”, afirma


umafonteque tem participado


das discussões.


Os bancosvêm defendendo


umaaçãomaiscontundente do


governosobretudoparapeque-


nas emédiasempresas.Oseg-


mentoé oque maistendeaso-


frer na crise, oque maisempre-


ga no país e, há dois anos,tem


sido alvode grande interesse


das instituições financeiras para


a ofertade crédito.


As conversas,entretanto, não


giramem tornoapenasdessete-


ma nemsó de crédito. Também


vêmsendobuscadassoluçõespa-


ra melhoraro funcionamentodo


mercadosecundário locale ex-


ternoe equacionaro fundingde


instituiçõesfinanceiras.


Outraquestão em debateé


quemtem de assumira frente


numaeventualinjeçãode recur-


sos estataisno mercado:oTesou-


roouoBancoCentral.


Na visãode um advogado es-


pecialistaem bancos, as medidas


adotadasaté aquipeloBC são


corretas,maséprecisoiralém.“O


BancoCentral tem de funcionar


comoo bancodos banqueiros.


Tem de assumiro papelde pres-


tamistadeúltimainstância”, diz.


Diantedas característicasda


crise atual,essafontedefende


que oBC seja doadorde recursos


paraomercadonaformadeope-


raçõescompromissadas,em que


há exigênciade recompra,e ofe-


reçaalíviotemporárioem exi-


gênciasde capital.Umanovare-


duçãonos depósitoscompulsó-


rios seriapoucoeficaz,apesar de


ser defendidapelas instituições


financeiras. “Os bancoschoram


demais,mas é precisodar liqui-


dez. Falta de liquidez vira insol-


vênciaempoucosdias.”


Nos bancos, as medidas que já


foramadotadaspelo BancoCen-


tral são consideradas corretas,


mas insuficientes porquetêm


poucoefeitosobreaquestãocen-


tral da crise:adisparadadorisco.


O reguladoranunciounas últi-


mas medidasque,segundoele


próprio, terãoimpactode R$ 1,2


trilhão. Elas vão de liberaçãode


compulsório a reduçãodealgu-


mas exigênciasde capital.Opre-


sidentedo BC, RobertoCampos


Neto,dissequenovasaçõesvirão,


inclusivepara aliviarasituação


depequenascompanhias.


Leia maisna páginaC3


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