Valor Econômico (2020-03-26)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 2 da edição"26/03/20201a CADC" ---- Impressa por GAvenia às 25/03/2020@19:37:19


C2|Valor|Quinta-feira, 26 de marçode 2020


Finanças


Juros


DI-Overfuturo- % ao ano
Jan/2021 Jan/2022

Ibovespa


Índiceem pontos


16/mar
2020

25/mar
2020

5/mar
2020

16/mar
2020

25/mar
2020

5/mar
2020

Bolsas internacionais


Variaçõesno dia 25/mar/20- em %


Ibovespa
fecha
pregãocom
altade
2,39

Fontes:B3 e ValorPRO.Elaboração: Valor Data

Dow
Jones

S&P-
500

Eurofirst-
300

FTSE-
100

DAX-
30

Nikkei-
225

Xangai
SE

3,41
3,85

1,15

3,27

4,50
71.168

2,17

3,88

4,92

4,41

7,50%


74.95 5

4,45

1,79

102.233 8,04

16/mar
2020

25/mar
2020

5/mar
2020

16/mar
2020

25/mar
2020

5/mar
2020

Dólarcomercial


Cotaçãode venda- R$/US$


em relação
ao real

0,96%


Dólar
comercial
encerra
o dia em
quedade

4,6509

5,0612

ÍndicesdeaçõesValor/Coppead


Em pontos
CoppeadMV CoppeadIP 20

76.663

59.414

83.862
80.167

61.030 60

117.146

5,0327 5503202

IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


MercadosÍndice teve segundo dia de alta com exterior e investidor em buscade pechinchasno pregão


Ibovespa pode ter chegado perto do piso


AnaCarolinaNeira, LucindaPinto


e MarcelleGutierrez


De São Paulo


A volatilidade que atinge a


bolsa brasileira nas últimas se-


manas temdeixado a maioria


dos investidores em estadoper-


manentede cauteladiante da


aversãoao riscoglobale da dis-


torçãode preços.Mas,paraal-


guns,principalmenteoinvesti-


dor local,éem meioao caos que


existeoportunidadeparareto-


mada, já que algumasempresas


seguem com capacidadeparase


protegerdianteda crisee estão


com os preços de suas ações


muito descontados. São as cha-


madas pechinchas.


A bolsabrasileirafoi a que


maissofreuno mundocom a cri-


se do coronavírus,com uma que-


da acumuladaem 2020de35,2%.


Assim, investidores aproveitam


oportunidadesde compraeos


dois últimospregõesde ganhos


sãoexemplosdessatendência.


Ontem, o Ibovespa fechou em


alta de 7,50%,aos 74.956pontos,


sustentado por papéis fortemente


penalizados. A Petrobras, por


exemplo, perdeu maisda metade


do seu valorde mercado e, ontem,


asaçõessubirammaisde8%.


Para MarceloAudi, sócioda


CardinalPartners,aindaqueare-


cuperaçãoda economiabrasilei-


ra deva ser lenta,dadoo impacto


que o estadode “lockdown”deve


provocarsobreas empresas,é


possível acreditarque oIbovespa


voltea se valorizar dentro de um


ano,poispodeterchegado“mui-


to pertodo seu piso”. “Tenho


grande convicçãode que o Ibo-


vespaterá um ganhoimportante


numhorizontedeumano.”


Segundocálculos da Cardinal, o


padrãoé sempre de recuperação


depois de traumas. Partindoda


mínima registradadurante as cri-


Wall Streetperde fôlego


à esperade aprovação


de pacote de socorro


GabrielRoca, AndréMizutanie


Rafael Vazquez


De São Paulo


Os índices acionáriosglobais


tiveramosegundodiaconsecuti-


vo de recuperação,na expectati-


va de que o Congressodos Esta-


dos Unidosaprove logo opacote


de US$ 2 trilhõespara socorrera


economia. Noentanto,relatosde


queaindahádiscordânciasentre


os legisladores americanosfize-


ram com que as açõesem Nova


York se afastassemde suas máxi-


masintradiáriasnofimdodia.


Na Bolsade Valoresde Nova


York (Nyse), oDow Jonesfechou


em alta de 2,39%,aos 21.200,55


pontos,registrandoseu primei-


ro ganho consecutivo desdeo


iníciode fevereiro. OS&P 500


subiu1,15%,aos 2.475,56pon-


tos eoíndiceeletrônico Nasdaq


recuou0,45%,aos 7.384,30pon-


tos. Na Europa, oíndicepan-eu-


ropeuStoxxEurope600 fechou


em alta de 3,09%,a 313,38pon-


tos, estendendo os ganhosde


maisde 7% de segunda-feira.


A angústia dos investidores


pela aprovaçãodo pacotede es-


tímulosé cadavez maisnotória,


em meioà rápidaevoluçãono


número de infectadospelo novo


coronavíruse àperspectiva ne-


bulosa paraa atividadeeconô-


micados EstadosUnidos.


No fim da sessão,notíciasde


que senadoresrepublicanos e o


opositor BernieSanders aindadi-


vergiam sobre um pontorelacio-


nadoaoseguro-desemprego—o


que poderia atrasarat ramitação


do pacote —fez os índices devol-


veremboa parte dos ganhos do


dia. Nas máximas,oDow Jones


chegou a avançar 6,35%.


As incertezassobrea pande-


mia, combinada comum au-


mentonos volumesnegociados,


têm contribuído paragrandes


movimentosde alta ebaixa nos


mercadosnas últimassemanas


—algo que analistase investido-


res dizemque provavelmentese-


rácomumnofuturopróximo.


“Estamos em uma paralisação


econômicaglobal e não sabemos


quanto tempo isso levará para


terminar”, disse Stephen Dover,


diretor de ações da Franklin Tem-


pleton,à“DowJonesNewswires”.


Ele afirmaque, emboratenha


sido reconfortantever governos


ebancoscentraisimplementa-


rem medidas para mitigar as


consequências econômicas da


pandemia,“aindanão sabemos


quantotempoas pessoasficarão


em casa,eesse éograndefato


quepodemudarocenário”.


No mercadode rendafixa, o


rendimento da T-note de dez


anosavançoua 0,88%,de 0,84%


do encerramento anterior. Oju-


ro da T-bondde 30 anostam-


bém subiu,a 1,45%,de 1,39%.


Em momento conturbado, mercado vê


risco de deflação no curtíssimo prazo


Lucas Hirata, Victor Rezende e


AríciaMartins


De São Paulo


O riscode uma rápidadeterio-


raçãoda atividadee seus desdo-


bramentosfuturosparaocená-


rio econômicocolocamoBanco


Centralnumasituaçãoparticu-


larmentedelicadano momento.


A autoridademonetária tem es-


paçopara reduzirjuros, mas pre-


cisa calibrar o tamanho da atua-


ção paraevitarefeitocolaterais.


Isso é o que expressamos preços


dos títulos públicosatreladosao


IPCA(NTN-B),que apontam para


riscos de deflação no curtíssimo


prazo, mas índicesacimada me-


taemumhorizontemaislongo.


Nas últimassemanas,ainflação


projetada pelas NTN-Bs—acha-


madainflação implícita —tem re-


cuado de maneira intensa em ven-


cimentosmaispróximos.Segundo


dadosda Renascença, a implícita


do papel com vencimento em


agostode2020saiudoníveljábai-


xo de 0,79% há algunsdias para o


território negativo, em -1,42%,


numsinal da preocupação dos in-


vestidores com oimpactonefasto


donovocoronavírusnaeconomia.


Ontem, oresultado do IPCA-15


de marçodeixou aindamaisevi-


denteoriscodeumaquedadepre-


ços no curtoprazo.Oindicadorte-


ve alta de apenas 0,02%,mais baixo


paraomês desdeoiníciodoPlano


Real. Comisso, os jurosfuturos fe-


charamemfirmequedanaB3.Ata-


xa do DI para janeiro de 2021,por


exemplo,foide3,68%para3,40%


Omovimentodastaxasdeinfla-


ção implícitano Brasil, principal-


mente as de prazo mais curto, está


alinhadoàprecificaçãode defla-


çãopelosmercadosnazonadoeu-


roenosEstadosUnidos.“Issoéum


poucoraro quandofalamosde


emergentes, queeventualmente


podemsofrer comchoquede


moedas ou commodities, mas o


que estamosvendono Brasil éum


somatório das revisões baixistas


para o IPCAnesteano e da falta de


liquidez do mercado”, afirmaCás-


sio Andrade Xavier, gestor de ren-


dafixadaSicrediAsset.


Paraele,ospreçosdosativosnes-


te momento não respondemúnica


e exclusivamenteàs projeções ma-


croeconômicas. “Quandoos fato-


ses, abolsa teveuma recuperação


de123%,emmédia,umanodepois


ede223%doisanosdepois.


O ponto preocupante,porém,


segundoele, éque muitasempre-


sas pequenas emédias vãosofrer


destruição de valoroumesmo


quebrar por causa da paralisia em


curso,diferentemente de 2008,


quando o problemaaconteceu no


coração do mercado bancário.


Mas,se muitascompanhiasper-


derão valor, haveráaquelasque


devem conseguir se proteger ou


mesmo ter oportunidadede cria-


ção de valor. E são essas que de-


vemse destacarna bolsa, como


Vale, bancos e setor de proteínas.


Osetor bancário também é


apontadopor Eduardo Prado, só-


cio da RJ Investimentos.“Estamos


próximosdofundodopoço,ainda


deve cair um poucomais paraco-


meçar asubir outra vez. Mas esta


podeser aoportunidade de com-


pra de boas empresas paraquem


temvisão de médio e longoprazo,


comdestaqueparaas blue chips


em geral”, afirma, citando ainda


PetrobraseVale.Paraele,voltaraos


quase 120 mil pontos vistos em ja-


neiropode ser algo distante, mas


“o meio do caminhonão é tão difí-


cil assim”. “Estamos em umase-


quência de quedas que virouuma


bola de neve, com omercado mui-


to irracional. Aos poucos, isso vai


passar eos preçosvoltarão aser


condizentes com aquilo que real-


mentevalem. Eéneste ponto que


existesustentação paraoíndice


voltarasubir”, disse.


Ofluxode compraseguevin-


do do investidor local,um movi-


mentovistodesdeoanopassado,


dianteda quedada taxa de juros


—atualmenteem3,75%aoano.


Segundodadosmaisatuais di-


vulgados pela B3,os investidores


pessoa física aportaram R$ 731,6


milhões na última segunda e, no


ano, o fluxo segue positivo em


R$ 16,4 bilhões. O estrangeiro, por


outrolado,sacouR$413,8milhões


do segmento secundário da B3 no


dia 23 e, em 2020, o saldo está ne-


gativoemR$70bilhões.


res técnicosestãobons,é mais fácil


dizerque aimplícita contemplaas


projeções paraainflaçãode fato.


Contudo estamos em um momen-


todefaltadeliquidezeessesnúme-


ros ficam um poucosujos”, afirma


ogestor.Elenota,assim,queomer-


cadodevecorrigir as taxas das in-


flaçõesimplícitas medidaspelas


NTN-Bs para 2020 e 2021maisà


frente,embora ressalte que “o mo-


vimento faz sentido, mas a magni-


tudeestáexagerada”.


Dopontodevistadefundamen-


tos, acoordenadora técnicadoBo-


letimMacronoIbre-FGV,SilviaMa-


tos, afirma queexiste “grande


chance” de a inflação desteano fi-


car abaixo do pisoda meta, de


2,5%. “Além dos preços adminis-


trados,os serviçosdevemrodar


tambémabaixodo piso”, afirma


Silvia, para quemtudoindica que


o Banco Central deveria reduzir


maiso juro. Neste momento, “a


questão inflacionária perde peso.


Nemestou olhando maisa infla-


çãoenúmeros fiscais,estouolhan-


do só os dados de atividade, que


tomaramprotagonismo”.


Emumexemploinegáveldoris-


co de quebra da atividade, as ven-


das no varejo restrito mostraram


duracontraçãoemjaneiro—antes


mesmoda adoçãode medidas de


distanciamento social por causa


do coronavírus. Excluindo o co-


mércio de veículos emateriais de


construção,ovolumedevendasno


comércio teve baixa de 1%, bem


piorqueaquedaesperadade0,4%.


Ossinaisjáfracosemitidospela


economiaantes do choque do co-


ronavírus apontam cadavez mais


para um cenário de contração da


atividadeem 2020. A Claritas, por


exemplo,revisousuaprojeçãopa-


ra o PIB deste anode 1,8% para-


0,9%,ao apontarque a economia


brasileira não deve ficar imune ao


ambiente recessivo global. Para a


economista MarcelaRocha, “as


medidas de estímulo fiscal e mo-


netário, por ora, não são suficien-


tesparaevitaracontraçãoeosris-


cos paraocrescimento do anose-


guembaixistas em funçãodas in-


certezas sobre quais medidas se-


rão adotadas para conter oavan-


çodapandemia”.


No entanto,omomentode in-


certezatambém desemboca em


riscos mais estruturais, de caráter


fiscal epolítico, que colocamem


xequea ancoragem das expectati-


vasdeinflaçãodelongoprazo—al-


go que tem se traduzidoem um


prêmioderiscocadavezmaiornos


títulospúblicos de médio e longo


prazos. Na NTN-B para agostode


2026,ainflaçãoimplícitatemsubi-


do dia apósdia epassoude 3,64%


há um mês para 4,22%atualmente


—bem acima da meta de inflação


maislonga,de3,5%em2022.


Analistas acreditam que a au-


toridade monetária precisa en-


frentaros problemasde curto


prazo eesperam por novos cortes


de juros nos próximos meses. Al-


gunsagentesfalamatémesmode


umaatuação emergencial antes


da próxima reuniãodo Copom,


em maio.No entanto, há quem


alerte que o BC precisa agir com


cuidadopara evitar um efeito co-


lateralmaisnegativonofuturo.


“OviésdaSelicéparabaixopor-


queochoquerealmentepareceser


bem deflacionário no curtoprazo,


mas o BancoCentral precisafazer


um balanço de riscosentre as con-


dições financeiras, tendo em vista


a pressão na curva longa eno câm-


bio, para definir os próximos pas-


sos”,afirma osócio eresponsável


pelas estratégias de renda fixa na


Trafalgar Investimentos, Ettore


Marchetti. “Se as condições finan-


ceirascontinuarem piorando,um


movimento mais agressivo pode


serumtironopé”, diz.


Para Marchetti, esse quadroexi-


ge um pouco maisde cautela na


atuação do BC, porqueprevalece


hojeuma clara pioradas condi-


çõesfinanceiras.Sendoassim,com


tantoprêmio de riscoe volatilida-


de no mercado, um corteda Selic


não conseguiria chegar comoestí-


muloao crédito ou melhorado


perfil de endividamentodas em-


presas. “Não adianta derrubar


muito mais os juros se a curva lon-


ga continuar subindo ese ocâm-


biodepreciaraindamais”,diz.


Ontem, o dólar comercialfe-


chou em baixa de 0,96%, aos


R$ 5,0327,com alívio externo, mas


aindaacumulaaltade25%noano.


Omovimentoconturbadodain-


flaçãoimplícita está muitoatrela-


doaocaminhodosjurosfuturos,


que projetamnovoscortesno cur-


to prazo, mas elevaçõesda Selic


aindaesteano.Valedizer,contudo,


que grandepartedessaprecifica-


çãosedeveaoprêmioderisconum


momentode turbulêncianos mer-


cadosglobais,já que analistas ve-


emaltadaSelicsómaisparafrente.


“Temosum novonívelde prê-


mio de risco.Em momentosde


disfuncionalidade nos merca-


dos, os juroslongossão usados


para hedgede outrosativos”, diz


FernandoFerez, estrategistade


rendafixanaRenascença.


O economista-chefe do Hai-


tong,Flavio Serrano, notaque a


curva de juros tem se mostrado


maisinclinadadiantedeummovi-


mentoglobal de exigir maisprê-


mio em emergentes. “Estamos em


um momento de incerteza muito


grande e, por isso, cada vez mais


estímulossão anunciados.Lá na


frente, não sabemosoquevai


acontecer e, talvez, se a injeção de


liquidezfor muito grande neste


momento,precisaremos de juros


maisaltosnofuturoparacorrigiro


excessodeagora”, afirma.


Leia maisna páginaA2


Fonte:RenascençaDTVM

Riscodedeflação?


Títulospúblicos (NTN-B)projetamquedade preçosno curtoprazo (%)


-2

0

2

4

6

21/Fev/2020 3/Mar 9/Mar 16/Mar 23/Mar

Ago-20 Mai-21 Ago-22 Ago-50

4,95

2,78

1,72

-1,42

Bernanke elogia o Fed


ANA

PAULA

PAIVA/VALOR

O ex-presidente do Federal Reserve


Ben Bernanke avalia positivamenteas


medidas tomadaspelo BC americano.


Em entrevista à “CNBC”,ele afirmou


que o Fed temsidoextremamente


pró-ativo, que JeromePowell e sua


equipe têmtrabalhadomuito e que


“se adiantaram, demonstrandoque


podemcriarprogramasmuito


diversos que ajudarão manter a


economia funcionando duranteo


período de paralisação”. Segundo ele,


quandotudo estiver maisclaro,


“veremosumarecuperaçãomuito


melhordo que teríamosde outra


forma”, afirmou Bernanke.


Agenda


[email protected]


Te cnologia dainformação


O UTCAL Summit, seminário


sobreTecnologiada Informação


e Comunicações(TIC)paraem-


presasde utilidadepública,reu-


nirá grandes geradoras,trans-


missoras e distribuidoras de


energiaelétrica,concessionárias


de gás e de saneamento,


alémde fornecedoresde tecno-


logia.A programaçãocontacom


umasériede convidadosinter-


nacionaise comas novidades


para o segmento.


Data:2a4desetembro


Local: Windsor Barra


Hotel. Avenida Lúcio Costa,


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2630 - Barrada Tijuca - Rio de

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Informações:


http://www.utcamericalatina.org/


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Canal Unico - O Jornaleiro

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