O Estado de São Paulo (2020-03-27)

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H10 Especial SEXTA-FEIRA, 27 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Mônica Scaramuzzo


A XP lançou ontem a campa-


nha “Juntos Transformamos”


para ajudar pessoas de baixa


renda durante a crise do coro-


navírus. A corretora, que tem


o banco Itaú Unibanco como


um dos seus principais acionis-


tas, doou R$ 25 milhões e a ex-


pectativa é arrecadar até R$


100 milhões. “Por mais que o


Brasil não tenha uma cultura


de filantropia, acho que todos


os brasileiros querem ajudar o


País a passar por esta crise”,


disse ao Estado Guilherme


Benchimol, fundador e presi-


dente da XP.


A companhia, que fechou


parceria com as ONGs Geran-


do Falcões, Amigos do Bem e


Visão Mundial, prevê benefi-


ciar diretamente a alimenta-


ção de 100 mil pessoas duran-


te um período inicial de três


meses. A ideia é que pessoas e


empresas que queiram se jun-


tar ao movimento façam doa-


ções de qualquer valor no site


http://www.juntostransformamos.co


m.br. “Acredito que agora a


gente precisa mobilizar outros


empresários para que possam


fazer coisas parecidas”, disse.


A seguir, os principais trechos
da entrevista:

lPor que a XP decidiu estruturar
este fundo?
Acho que todo brasileiro quer
ajudar o Brasil a passar por es-
sa crise, por mais que o Brasil
não tenha uma cultura de fi-
lantropia. As doações no País
representam 0,2% do PIB.
Nos Estados Unidos, é cinco
vezes maior (1%). A gente que
é do mercado financeiro tem
consciência clara do que é o
lockdown (fechamento de em-
presas) na vida de muita gen-
te. No Brasil, temos cerca de
40 milhões de brasileiros que
são autônomos. Sem contar
as pessoas que foram demiti-
das e serão dispensadas nos
próximos dias. O Brasil é um
país muito pobre.

lPor que o sr. escolheu fazer
doação para alimentação em vez
de ajudar na área de saúde?
Eu escolhi uma pauta que con-
sidero importante. Eu me colo-
ca na posição das pessoas que
não têm o que comer em casa.
Com essa crise, muitas famí-
lias não têm como levar comi-
da para casa.

lDe quanto foi a doação da XP?
A XP doou R$ 25 milhões. Fa-
lei para nossa turma que este é
só o começo e que a gente vai

ter de doar muito mais. Esta-
mos ajudando fazendo doa-
ções também na pessoa física.
Acredito que agora a gente pre-
cisa mobilizar outros empresá-
rios para que possam fazer coi-
sas parecidas. No final, o gover-
no não vai conseguir chegar a
esse número brutal de pes-
soas. Se a gente não fizer algu-
ma coisa, fica pior.

lA XP lançou
um site para
fazer a arreca-
dação. Quanto
o sr. imagina
que possa ser
levantado?
A gente imagi-
na algo entre
R$ 50 mi-
lhões e R$
100 milhões.
Vamos fazer
que com que
os alimentos
cheguem na
ponta. Vamos
ter o desafio inicial que é a lo-
gística. Hoje dá para fazer. Es-
sas ONGs parceiras – Gerando
Falcões, Amigos do Bem e Vi-
são Mundial – estão receben-
do dinheiro que elas não estão
acostumadas a ter. Nos próxi-
mos dias, a gente vai inverter o
processo para que a cesta bási-
ca vire um voucher na ponta.
Assim, o processo fica mais

rápido e descentralizado.


lNo domingo passado, o sr. res-
saltou em uma live organizada
pela XP a questão da desigualda-
de do País e a necessidade de o
governo ajudar criando um plano
Marshall para movimentar a eco-
nomia. O que foi anunciado até
agora pelo governo tem sido sufi-
ciente?
Quando dei a visão do plano
Marshall (pla-
no de recons-
trução da Eu-
ropa pós-guer-
ra), ninguém
ainda tinha –
e ainda não
tem – uma vi-
são de como
vai ficar o lock-
down. O que
se vê hoje em
dia é que tal-
vez um cami-
nho onde vo-
cê se faça um
isolamento
vertical seja o mais apropria-
do. É importante tentar enten-
der o comportamento do vírus
localmente, ver as estatísticas,
e no final separar quem é gru-
po de risco ou não. Com isso, a
economia vai voltando de for-
ma parcial. Se a coisa for por
aí, provavelmente a necessida-
de de paradas fica um pouco
menor. No domingo, ninguém

tinha clareza do que estava
acontecendo. Se o Brasil ficar
parado de um a dois meses, a
maior parte dos empresários
não vai conseguir atravessar es-
te vale. Muitos não têm capital
de giro. Estamos falando de mi-
cro, pequeno e médios empre-
sários e de autônomos. Neste
momento, no qual o próprio
governo impõe uma quarente-
na, é importante que ele apre-
sente medidas que possam es-
timular a economia e minimi-
zar esse impacto. Se muita em-
presa fecha agora, quando a
economia voltar, a retomada
vai ser mais lenta porque mui-
tas pessoas terão fechado as
portas. O papel do governo é
entender essa fotografia e ten-
tar minimizar essas perdas.

lO sr. é a favor do lockdown geral?
A zero de jogo, você tem de
tentar o lockdown, mas isso
não pode durar muito tempo.
No menor tempo possível, te-
mos de separar quem é grupo
de risco de quem não é e a eco-
nomia voltar aos pouquinhos.
Se não, os empresários não
aguentam. O que se tem certe-
za até agora é que as pessoas
mais velhas são do grupo de
risco maior e a sociedade tem
de cuidar deles de um jeito di-
ferente. É impossível não
achar que a economia do Bra-
sil e do mundo não vá decres-

cer este ano. Evidente, isso vai
acontecer.

lBancos e analistas no Brasil já
projetam PIB negativo no País
este ano. Como o sr. vê a retoma-
da de mercado de capitais?
Provavelmente, o PIB vai de-
crescer. Não vai se recuperar
instantaneamente. Os analis-
tas estão imaginando uma que-
da de PIB este ano. Sobre o mo-
vimento de ofertas públicas de
ações (IPO, em inglês), assim
que as coisas se acalmarem, as
operações vão voltar a movi-
mentar o mercado de capitais.

lA XP está revendo planos de
investimentos?
A XP vai continuar crescendo.
A gente vai continuar contra-
tando. Obviamente vamos fi-
car mais seletivos em nossos
projetos de expansão até que a
visão fique mais clara. Nenhu-
ma possibilidade de ter demis-
sões aqui.

lComo o sr. tem visto essa “ba-
teção” de cabeça entre governo
federal e parte dos governado-
res?
Acho que o momento agora é
de se pensar no Brasil. Não te-
nho opinião sobre qualquer
discussão entre eles. O impor-
tante é que eles se entendam
porque é a sociedade é que vai
sofrer com esta crise.

Eliana Silva de Souza


Com uma história bem conhe-


cida, a nova versão da novela


Éramos Seis estreou com a in-


tenção de cativar o público


dessa faixa de exibição das 6.


Com texto de Angela Chaves,


baseado no livro de Maria José


Dupré e tendo como base o ori-


ginal de Silvio de Abreu e Ru-


bens Ewald Filho, o folhetim


trouxe algumas mudanças


que foram bem aceitas. Uma


das maiores alterações, certa-


mente, é o destino final de Lo-


la, que agora escolheu viver


um novo amor.


Como não se emocionar


com a cena, que foi ao ar esta


semana, reunindo três ‘Lolas’.


A atual interpretada por Glória


Pires, a da versão de 1994, por


Irene Ravache, e a doce Nicet-


te Bruno, que protagonizou a


de 1977 ao lado de Gianfrances-
co Guarnieri. E teve ainda a par-
ticipação de Othon Bastos,
que viveu Julio, em 1994.
Fora das telas, nas redes so-
ciais, atores também emocio-
naram com fotos das despedi-
das, com colegas, com equi-
pes. Por conta do coronavírus,
a novela não pôde continuar
seu ritmo de gravações, para
preservar equipes e não arris-
car a vida dos mais velhos.
Foi bom ver as atuações de
Glória Pires, Cássio Gabus
Mendes, Simone Spoladore,
Virgínia Rosa, Eduardo Ster-
blitch. O certo seria citar to-
dos os atores, pois foram atua-
ções de corpo e alma, sob dire-
ção artística de Carlos Araújo.

‘POR MAIS QUE O BRASIL


NÃO TENHA CULTURA DE


FILANTROPIA, ACHO QUE


TODOS QUEREM AJUDAR’


‘TEMOS QUE SEPARAR


QUEM É DO GRUPO DE


RISCO PARA A ECONOMIA


VOLTAR AOS POUQUINHOS’


Sem intervalo Filmes na TV


Guerra Fria/
Zimna Wojna
(Polônia, 2018.) Dir. e roteiro (com Ja-
nusz Glowacki) de Pawel Pawlikowski,
com Joanna Kulig, Tomasz Kot, Jeanne
Balibar, Agata Kulesza, Borys Szyc.

Luiz Carlos Merten


Baseado na história de seus pais,
o diretor e corroteirista Paw-
likowski, de Ida, mostra os amo-
res difíceis de um casal. Ele é dire-
tor musical, ela, cantora. Atraves-
sam os anos duros do stalinismo
na Polônia em períodos de exílio,
de aproximação e afastamento. A
direção concilia beleza visual com
rigor formal, num projeto estético
que nunca perde de vista a dimen-
são política. Um filmaço.
TEL. CULT, 16H50. P&B, 89 MIN.

CALIFÓRNIA FILMES

Uma diva
Reconhecida como a Rainha do
Soul, Aretha Franklin será tema
da série Genius: Aretha, da Natio-
nal Geographic. A obra vai explo-
rar esse ícone musical e sua car-
reira incomparável, bem como
sua influência na música e na
cultura em todo o mundo. E ela
será interpretada pela atriz britâ-
nica Cynthia Erivo. Ainda não há
data definida de estreia.

Dilemas
Dentro da programação com pro-
duções da TNT Original, o desta-
que desta sexta, 27, é o filme
Mistérios do Universo, que é ba-
seado no livro Night Train, de
Martin Amis. Enquanto investiga
um assassinato, a detetive Mike
Hoolihan (Patricia Clarkson) ten-
tará responder a um questiona-
mento profundo sobre nosso lu-
gar no universo. Dirigido por Ca-
rol Morley, tem ainda no elenco
James Caan e Jacki Weaver. A
exibição será às 22h30, na TNT.

Atualidade
A pandemia do novo coronavírus
será tema do Conexão com The
New York Times, que vai ao ar
nesta sexta, 27, às 21h30, na

Bandnews TV. Reportagem espe-
cial traz a evolução da pandemia
na China, doença foi detectada a
partir de uma pneumonia miste-
riosa no final de 2019. Mas esse
não será o único tema do progra-
ma, que traz ainda reportagem
sobre a Revolta de Stonewall,
um marco na luta pelos direitos
LGBTQI+. Apresentação é de
Ana Paula Padrão.

Informação
É importante estar o mais escla-
recido possível sobre a pande-
mia do novo coronavírus, ficar
de olho em tudo que estão pro-
duzindo sobre o assunto, evitan-
do assim as terríveis fake news.
O Globo Repórter desta sexta-
feira, 27, vai mostrar o impacto
do surto e como está a rotina
nas grandes cidades em vários
cantos do planeta. Do Rio de
Janeiro, Bette Lucchese e Ed-
ney Silvestre; do Japão, Carlos
Gil; dos EUA, Felipe Santana; da
Itália, Ilze Scamparini; de São
Paulo, Neide Duarte com Luc-
chese; e, da Inglaterra, Pedro
Vedova. Todos revelando como
as pessoas estão vivendo neste
momento de reclusão. Apresen-
tação de Sandra Annenberg.

O Caminho
das Nuvens
(Brasil, 2013.) Dir. de Vicente Amorim,
com Wagner Moura, Cláudia Abreu, Ravi
Lacerda, Sidney Magal, Carol Castro, Cláu-
dio Jaborandy.

Baseado numa história real, o fil-
me acompanha Romão, um brasi-
leiro desempregado que deixa o
Nordeste numa viagem de bicicle-
ta – mais de 3 mil km – com a fa-
mília, até o Rio, em busca de opor-
tunidade. Elenco, trilha com Rober-
to Carlos, tudo faz a aura do filme.
CANAL BRASIL, 15H. COL., 85 MIN.

DESTAQUE


Entrevista*


‘Éramos Seis’


chega ao fim


já deixando


saudade


Apertem os Cintos, o
Piloto Sumiu/Airplane!
Nono(EUA, 1980). Dir. de Jim Abrahams,
David e Jerry Zucker, com Robert Hays,
Julie Hagerty, Robert Stack, Leslie Nielsen,
Lloyd Bridges, Peter Graves.

Comédia que virou um marco de
humor surreal e pastelão. Trata-se
de uma paródia de Zero Hour!, de
1957, sobre piloto com medo de
voar que surta no ar. O público ado-
rou, o sucesso foi grande – fatura-
mento de US$ 130 milhões para
uma produção de US$ 3,5 milhões.
TEL. CULT, 20H20. COL., 85 MIN.

Guilherme Benchimol, fundador e presidente da XP


WERTHER SANTANA/ESTADÃO

‘FAMÍLIAS NÃO


TERÃO COMIDA.


VAMOS AJUDAR’


Via empresa, economista doa R$ 25 milhões,


cria site para arrecadar fundos na crise e sugere


isolamento vertical no combate à covid-19


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