O Estado de São Paulo (2020-03-28)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:C-7:20200328:


O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 28 DE MARÇO DE 2020 Especial H7


CRISE? FALE COM O PRESIDENTE


NO LIMITE


O cinema de ficção, especialmente Hollywood, gosta de transformar grandes mandatários


dos países em heróis; bons exemplos não faltam como Ricardo Darín em ‘A Cordilheira’


Prato do Dia


l]


S


ardinha e ovo se dão bem em


qualquer contexto. Não tem er-


ro: o salgado do peixe, o adocica-


do do ovo, casamento simples, sem


complicação. Uma torrada com sardi-
nha em conserva com ovo de gema mo-

le é praticamente um afago comestível;


ovo mexido com sardinha é um clássi-


co. A frigideira portuguesa com legu-


mes, sardinha e ovo frito é uma refei-


ção completa. Pensando nessa combi-


nação sempre feliz, fiz um arroz sob


medida para esses tempos de quarente-


na que pedem comida simples e recon-


fortante. É uma receita muito fácil e –


de quebra – uma ótima maneira de


aproveitar sobras de arroz já cozido.


Ingredientes


(2 pessoas)


2 xícaras de arroz já cozido
1 cebola pequena (usei a roxa, mas pode

ser a que tiver em casa)


1 xícara de azeite (metade para o arroz,


metade para a cebola)


1 colher (sopa) de vinagre


2 ovos cozidos


1 lata de sardinha em conserva


1 dente de alho


1/4 de xícara de suco de limão, mais as


raspas de um limão


1 punhado de salsinha fresca


picada (opcional)


Sal e pimenta-do-reino a gosto


Preparo



  1. Descasque a cebola e corte em tiras


fininhas – as mais finas que conseguir.


Ponha numa vasilha com 1/2 xícara de


azeite e o vinagre. Tempere com sal e


pimenta e deixe descansar por mais ou
menos meia hora.


  1. Coloque os ovos numa panela com


água fria e conte 9 minutos depois que


ferver para deixar a gema bem dura. Tire


da água, descasque e pique ou rale no


ralador grosso.



  1. Abra a lata, escorra a sardinha e corte


em lascas grandes.



  1. Descasque o alho, corte em pedaci-


nhos bem pequenos e ponha em uma


frigideira com 1/2 xícara de azeite. Leve


ao fogo até o alho começar a chiar (não


deixe escurecer para não amargar).



  1. Assim que o alho chiar, junte o suco e


as raspas de limão na frigideira, deixe


aquecer rapidamente.



  1. Acrescente a sardinha e mexa delica-


damente para misturar o molho. Se for


usar salsinha, agora é a hora de colocar.



  1. Adicione o arroz e vá mexendo com
    cuidado, até aquecer.

  2. Tempere com pimenta-do-reino moída


na hora e sal (cuidado, lembre-se que a


sardinha já é salgada).



  1. Misture a cebola marinada no azeite e


vinagre com o arroz. Mexa rapidamente


(não espere amolecer) e coloque no prato


de servir.



  1. Por cima, espalhe o ovo ralado, tem-


pere com um pouquinho de sal e pimen-


ta. Sirva quente.


Luiz Carlos Merten


Nada tem estado mais em dis-


cussão, nas últimas semanas,


do que a capacidade de presi-


dentes para administrar gran-


des crises. O cinema de ficção,


especialmente o de Hollywood,


gosta de transformar o presi-


dente numa instituição maior


do que a República. Bigger than


life. Um bom exemplo é o Harri-


son Ford de Força Aérea Um, de


Wolfgang Petersen, de 1997, as-


sumindo o controle do avião


presidencial e colocando a no-


caute o vilão, o terrorista Gary


Oldman, enquanto em terra


sua vice, Glenn Close, também


resiste ao canto da sereia de as-


sessores que tentam convencê-


la a aproveitar a crise para dar


um golpe.


É outra ferramenta da ficção


hollywoodiana. O presidente


nobre e os assessores corrup-


tos. Outro alemão que fez car-


reira em Hollywood, Roland


Emmerich, fez de Bill Pullman


o presidente dos EUA que lide-


rou a resistência aos extrater-


restres em Independence Day, de


1995, instituindo o 4 de Julho


como a data de redenção da hu-


manidade. Emmerich é aquele


cara que tenta sempre mostrar


que é mais norte-americano do


que qualquer cidadão nascido


nos Estados Unidos.


Em 2013, em O Ataque, fez de


Channing Tatum o agente que


se une ao presidente Jamie


Foxx para neutralizar a ação de


terroristas na Casa Branca. A


ação foi armada por um asses-


sor do presidente, mas não tem


a menor chance de dar certo,


com Tatum e Foxx unidos. No


mesmo ano, em A Invasão da Ca-


sa Branca, o agente Gerard Bu-


tler também se arrisca pelo pre-


sidente Aaron Eckart. Morgan


Freeman faz o presidente da Câ-


mara dos Representantes e é o


sábio da história.


E não é só porque Antoine Fu-


qua, o diretor, é afrodescenden-


te e cavou seu espaço em


Hollywood na parceria com o


astro Denzel Washington. Mor-


gan Freeman já havia sido tudo


o que se espera de um grande


presidente em Impacto Profun-


do, de Mimi Leder, 15 anos an-


tes, quando um cometa entra


em rota de colisão com a Terra e


ameaça destruir toda a humani-


dade de uma vez só.


Centrado, focado, responsá-


vel. Um discurso de paz, não de


ódio. Qual é a surpresa? Free-


man foi o próprio Deus em O


Todo-Poderoso, a comédia de


2003, com Jim Carrey. Só para


fazer uma pausa, na vida, no do-


cumentário de Michael Moore,


Fahrenheit 11 de Setembro, Geor-


ge W. Bush fica travado ao rece-


ber a notícia do ataque às torres


gêmeas, durante visita a um jar-


dim de infância da Flórida. Sim-


plesmente atônito, não sabe o


que fazer.


Pioneiros. Para entender a


complexidade da questão, vale


viajar no tempo. Em 1964, Stan-


ley Kubrick fez o clássico da sáti-


ra política Doutor Fantástico.


Numa época de mudança de


comportamentos, em que es-


piões glamourosos (como o fa-


moso James Bond, o agente se-


creto 007) redefiniam a Guerra


Fria na tela, Kubrick colocou Pe-


ter Sellers em diversos papéis,


inclusive no de presidente dos


Estados Unidos. Um general


maluco ordenou um ataque nu-


clear à URSS e o presidente


Merkin Muffley, falando com


forte sotaque, chama seu cole-


ga soviético pelo telefone ver-


melho para tentar um diálogo
difícil, senão impossível. Muf-

fley enfrenta o próprio staff mi-


litar – “Podem brigar à vontade,


senhores. Estamos no Salão da


Guerra”.


No mesmo ano, em Limite de


Segurança, de Sidney Lumet, a


situação repete-se e o presiden-


te Henry Fonda, que foi o Abra-


ham Lincoln de John Ford no


clássico de 1939, toma uma deci-


são inimaginável, diante de


uma escolha de Sofia. Um presi-


dente idealista, mais do que sen-


sato, num filme (ir)realista que


marcou época, mesmo à som-


bra de Kubrick.


América do Sul. Mais próximo


dos brasileiros, Ricardo Darín


(quem mais?) foi o homem co-


mum catapultado à presidência


da Argentina no filme A Cordi-


lheira, de Santiago Mitre, lança-


do em 2017. Ele participa de
uma cúpula nos Andes e enfren-

ta o representante do Brasil,


que está ali para defender os


interesses dos Estados Unidos


(sim!). Como se não bastasse o


problema, que já é grande, en-


frenta uma inesperada crise fa-


miliar, por conta da filha. Em


clima de suspense, o homem


comum, que deveria desmoro-


nar face a tamanha pressão, re-


vela uma força insuspeitada.


Afinal, é Darín. O grande ator


cria um presidente como se es-


pera que eles sejam. Em todos


as situações, inclusive nos mo-


mentos mais difíceis.


Caderno 2


SONY/COLUMBIA PICTURES

COLUMBIA PICTURES PARAMOUNT PICTURES

DISNEY / BUENA VISTA

PATRÍCIA FERRAZ

Patrícia Ferraz


Eles decidem. Cena mostra uma reunião de cúpula no ‘Dr. Fantástico’, filme de 1964 dirigido por Stanley Kubrick que teve Peter Sellers em vários papéis



  1. Henry Fonda


evita uma guerra


em ‘Limite de


Segurança’.



  1. Gary Oldman,


um terrorista,


sequestra o


presidente


Harrison Ford


em ‘Força Aérea


Um’. 3. Morgan


Freeman impede


que a Terra seja


destruída em


‘Impacto


Profundo’












Arroz com sardinha e ovo

Free download pdf