Aero Magazine - Edição 310 (2020-03)

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que afetam o negócio. “Será inte-
ressante ver como a Bombardier
se reconfigura como uma empresa
puramente de jatos de negócios”,
disse o CEO da Dassault Aviation,
Éric Trappier, ao jornal canadense
Montreal Gazette. “Eles têm uma
linha de produtos bastante di-
versificada. A verdadeira questão
será em relação ao investimento
em novos aviões. Você precisa do
departamento de engenharia, e
precisa amortizar seus custos”.
Nos Estados Unidos, a
Gulfstream faz parte do General
Dynamics e a Textron congrega
Cessna, Beechcraft e Bell. A fran-
cesa Dassault Falcon Jet integra
o Groupe Dassault e a brasileira
Embraer Aviação Executiva tem
respaldo da Embraer S/A. Na
Ásia, a japonesa Honda Aircraft
pertence à Honda Motor, enquanto
Cirrus e Diamond foram incorpo-
radas pelos grupos chineses CAI-
GA e Wanfeng, respectivamente.
Entre os helicópteros, a italiana
Leonardo Helicopters é um braço
do conglomerado Leonardo S.p.a
e a Airbus Helicopters pertence ao
Airbus Group (consórcio que en-
volve França, Alemanha, Espanha,
Reino Unido e Holanda).
As exceções ficam por conta de
Daher (TBM e Kodiak) e Pilatus,
que mantêm suas vendas com base
em um modelo de negócio diferente,
produzindo aviões de maneira a
sempre manter a demanda, com
ótimos resultados. Resta saber como
o novo CEO do fabricante canaden-
se pretende conduzir esse processo.
Seja qual for o desfecho, com ou
sem novas consolidações, os aviões
Bombardier certamente continuarão
figurando entre os mais entregues
também na década de 2020, com
uma sólida estrutura de desenvolvi-
mento, produção, venda e pós-venda
estabelecida em todo o mundo.

ves executivas esteja disponível para
venda não chega a comprometer o
equilíbrio do mercado de comercia-
lização de jatos novos.
A decisão de enxugar comple-
tamente a estrutura da Bombardier
pegou muitos analistas de surpresa,
sobretudo porque a empresa já foi
o terceiro maior fabricante de avi-
ões do mundo e detém boa parte
da participação no mercado global
de trens. Mas, diante da situação
econômica em que a empresa
estava, a estratégia pode funcionar.
Afinal, o portfólio da aviação de
negócios se revela o mais pujante
do grupo e atinge seu melhor
momento, com o fim dos inves-
timentos pesados no desenvolvi-
mento dos programas e a entrada
em serviço dos principais modelos.
Paralelamente, a Bombardier é
líder de vendas nas duas principais
categorias de jatos de negócios, os
médios com a família Challenger
e os grandes com a família Global,
além de ter a maior frota mundial
de jatos leves com os Learjet.

PERSPECTIVAS
A Bombardier inova ao apostar
nesta estrutura corporativa mais
enxuta, desafiando um padrão da
indústria de trabalhar sob a pro-
teção econômica de um conglo-
merado, o que permite absorver
melhor as variações de demanda
e oferta e dispor de capital para
investir em pesquisa e desen-
volvimento, além de enfrentar
períodos de crises internacionais

suporte de aeroestruturas para uma
subsidiária da Airbus. Com essa tran-
sação, a empresa recebe 591 milhões
de dólares e se desobriga de arcar
com os investimentos da parceria em
2020 e 2021.

EXPANSÃO
O plano agora é crescer a partir
da certificação de novos progra-
mas e da expansão da rede de
serviços. “Atingindo a produção
em larga escala do Global 7500
e aumentando suas entregas, es-
peramos que esta nova aeronave
contribua significativamente
para o crescimento das receitas
em 2020”, reporta a Bombardier.
“Paralelamente, certificamos o
Global 5500 e o Global 6500, que
também deverão incrementar
nossas margens, e investimos
em uma expansão de nossa rede
de serviços, particularmente em
Singapura, planejada para 2020”.
Projetando, desenvolvendo, fa-
bricando, comercializando e forne-
cendo suporte pós-venda para suas
três famílias de jatos, a Bombardier
espera se reerguer. Conta para isso
com uma frota de cerca de 4.900
aeronaves em serviço em todo o
mundo. Em 2019, a venda de jatos,
sobretudo os de maior porte (e valor
agregado), bateu recordes. Apesar
da incerteza em torno do impacto
da Covid-19 na economia mundial,
a Bombardier trabalha com essa
perspectiva também para 2020.
Para a empresa, a estimativa de que
10,2% da frota mundial de aerona-

Canadenses
esperam que o
novo Global 7500
contribua bastante
para o crescimento
das receitas
em 2020

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