Aero Magazine - Edição 310 (2020-03)

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MERCADO


D


enomina-se “aviação
geral” toda atividade
aeronáutica que não
esteja vinculada a
setores militares
nem faça parte do transporte aéreo
público regular de passageiros
e cargas. Estima-se que existam
hoje, em todo o mundo, cerca de
440 mil aeronaves ligadas a esse
segmento, que engloba desde os
pequenos aviões de treinamento
dos aeroclubes até os luxuosos
jatos e helicópteros usados no
transporte empresarial, voando
cerca de 25,5 milhões de horas por
ano. Trata-se de uma indústria
estratégica sobretudo por sua ca-
pilaridade. Dos mais de cinco mil
aeroportos públicos em operação
nos Estados Unidos, somente
400 recebem voos comerciais. Na
Europa, a frota da aviação geral se
espalha por cerca de quatro mil
aeródromos. O setor responde
ainda pela formação da maior
parte dos novos pilotos que irão
trabalhar nas companhias de
transporte aéreo.
Ao ser fundada em janeiro de
1970, a Associação de Fabricantes
da Aviação Geral (GAMA) reunia
11 construtores de aeronaves.
Meio século depois, a entidade
congrega 120 empresas espalhadas
por 15 países, fornecedoras de
aviões, motores, equipamentos
e serviços para o setor. Participa

ativamente na discussão de temas
diversificados, como certificação
de aeronaves, regulação do setor,
modernização do tráfego aéreo
(caso do ADS-B, hoje obrigató-
rio nos EUA), segurança do voo,
combustíveis sustentáveis (os bio-
combustíveis) e novas tecnologias
(comos os eVTOL).
Anualmente, a GAMA divulga
um relatório com dados de ven-
das de aeronaves das diferentes
categorias da aviação geral, além
de outras estatísticas relevantes do
setor. Recém-publicado, o relató-
rio de 2019 trouxe pela primeira
vez os resultados de uma pesquisa
encomendada pela entidade à
consultoria Price Waterhouse
Coopers, que mostra em números
a relevância do setor para a econo-
mia. Somente nos Estdos Unidos,
as empresas ligadas à aviação geral
geram 273,5 mil empregos diretos
e o conjunto do setor oferece cerca
de 1,2 milhão de postos de traba-
lho, movimentando 247 bilhões
de dólares anuais – dos quais 128
bilhões somam-se ao cálculo do
PIB norte-americano.

TRANSFORMAÇÃO
O GAMA Databook 2019 traz um
interessante banco de estatísti-
cas históricas que evidenciam as
mudanças pelas quais passou a
aviação geral nas últimas cinco
décadas. No ano de 1978, o setor

atingiu o recorde em número de
aeronaves de asa fixa vendidas
nos EUA: 17.811, das quais 95,6%
eram aparelhos com motor a
pistão e apenas 231 (1,3%) jatos
de negócios. Em 2019, o número
de aparelhos entregues represen-
tou menos de 10% do recorde
(1.771 unidades), mas os modelos
a pistão eram apenas metade do
total, aos quais se somaram 385
turbo-hélices e 503 jatos (28,4%).
Já no segmento de asas rotativas,
há hoje um equilíbrio no número
de vendas de aparelhos a pistão e
a turbina.
Um termômetro evidente
dessa mudança que ainda está
em curso pode ser visto no perfil
de consumo de combustível pelo
setor. Não há dados mais antigos,
mas no ano 2000 a aviação geral
norte-americana consumiu 1.305
milhões de galões, dos quais 972
(74,5%) de querosene (Jet Fuel)
e 333 de gasolina de aviação
(AvGas). Em 2018, esse número
cresceu para 1.821 milhões de
galões, com o consumo de JetFuel
atingindo 1.613 (88,6% do total)
e a AvGas reduzindo-se para so-
mente 208 milhões – com decisiva
contribuição do crescente número
de aviões a pistão com motores
ciclo diesel, que consomem que-
rosene.
Outra mudança interessante
se deu na distribuição das vendas

A AVIAÇÃO GER AL


EM NÚMER0S

Fundada nos Estados Unidos há 50 anos, a
General Aviation Manufacturers Association (GAMA)
divulga as estatísticas consolidadas do setor no ano de 2019
com desempenho histórico dos jatos

POR | ANDRÉ BORGES LOPES E CÁSSIO POLLI*, ESPECIAL PARA AERO MAGAZINE

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