Aero Magazine - Edição 310 (2020-03)

(Antfer) #1

MAGAZINE 310 | (^81)
MULHERES
A expectativa em relação ao novo
filme é alta, mas uma das principais
perguntas ainda no ar é como,
após tanto tempo na aviação da
marinha, com sucessos “lendários”
segundo o contra-almirante da
unidade, seu superior, Maverick
não foi promovido para almirante
nem mandado de volta para casa.
A bela cena de um F-14 voando no
trailer, no entanto, é algo impossí-
vel, uma vez que todos os Tomcats
ex-US Navy foram triturados
juntamente com seus estoques de
peças para que jamais pudessem
acabar nas mãos da Força Aérea
da República Islâmica do Irã, que
segue voando esta aeronave. Talvez
como “compensação” pela perda
do magnífico Tomcat, os roteiristas
tenham decidido colocar o Mave-
rick, no final do trailer, vestindo
roupa de astronauta, voando um
misterioso avião negro que deixará
os fãs da aviação militar certamente
mortos de curiosidade.
Desde a década 1970, aviadoras
navais atuam na US Navy – inclu-
sive em aeronaves de ataque, como
o A-4 Skyhawk e o A-7 Corsair II –,
mas em funções que não eram de
combate. Consideradas “militares
de apoio”, elas ocupavam postos de
instrutoras e de pilotos de aviões
de transporte, como o C-130
Hercules, operando exclusivamente
a partir de bases em terra. Eram
legalmente impedidas de voar em
combate e nos esquadrões de F-14
pela Combat Exclusion Policy, o que
mudou somente a partir de janeiro
de 2013, com o cancelamento dessa
legislação. O novo filme reflete
isso e um dos protagonistas agora
é a personagem da atriz Monica
Barbaro, uma piloto de F-18 com o
callsign “ P h o e n i x ”.
Em 2006, caças F-14
Tomcat, estrelas do
filme anterior, foram
aposentados pela US
Navy e substituídos
pelos F/A-18 E/F
Super Hornet
NOVA GEOPOLÍTICA
Talvez a mudança mais impor-
tante do primeiro para o atual
filme esteja no contexto político.
O inquestionável e exponencial
crescimento do mercado cinema-
tográfico chinês para Hollywood
reflete bem essa mudança. Ao
pilotar sua moto em 1986, Tom
Cruise usava um casaco de couro
semelhante ao dos pilotos ameri-
canos no Teatro da China durante
a Segunda Guerra Mundial. Nas
costas, ele apresentava um grande
patch com as bandeiras dos EUA,
da ONU, do Japão e de Taiwan.
Provavelmente para não melin-
drar as suscetibilidades políticas
dos chineses, no mais recente
trailer, estas duas últimas foram
sumariamente substituídas por
bandeiras genéricas.
Mas no novo filme uma coisa
não mudou: as incríveis cenas
de combate aéreo. Por questão
de segurança (um fator que a US
Navy não aceita colocar em risco)
algumas destas imagens foram,
desta vez, feitas ou melhoradas
com auxílio de computação gráfica



  • uma tecnologia digital que mal
    existia em 1986.

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