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Kelsey Castle
Summit Lake
10 de março de 2012
Dia 6
OS NÚMEROS VERMELHOS DO DESPERTADOR DIGITAL PISCARAM
de novo: quatro e quarenta e cinco da manhã. Após se revirar por uma hora,
Kelsey enfim se sentou na cama, tirando as pernas de debaixo das cobertas até os
pés desnudos tocarem o carpete. As mãos tremiam enquanto ela encarava o
quarto escuro. Por alguns minutos, permaneceu sentada em silêncio, procurando
controlar a respiração e as emoções. Então, cobriu o rosto com as mãos e
começou a chorar. Por toda a noite, sua mente trabalhou para encontrar respostas
ao motivo pelo qual ela resistiu a um ataque selvagem e sobreviveu, enquanto
Becca Eckersley não teve a mesma sorte.
Forçar-se a voltar ao trabalho e, em seguida, vir a Summit Lake para enfrentar
a história de Becca pareceu uma traição, por estar usando a garota como meio
para reparar seu próprio espírito. No entanto, Kelsey não tinha conhecimento de
uma maneira melhor. Sua reação imediata para sua sobrevivência fora se queixar
por Penn Courtney lhe dar um mês remunerado fora do trabalho, e se prontificar
a atacar como uma cascavel qualquer um que lhe oferecesse compaixão, ou
ousava lhe perguntar como ela estava se sentindo. Contudo, naquele momento,
após ter estado na casa dos Eckersley e seguido os passos de Becca, a
perspectiva de Kelsey mudou. Ela tinha sua vida. Estava viva, saudável e se
restabelecendo.
Sentada num quarto escuro de hotel, numa cidadezinha nas montanhas Blue
Ridge, Kelsey Castle sabia estar sendo chamada: se não pela própria Becca,
então por alguma entidade superior, para descobrir respostas para algo que tinha
desconcertado aquela localidade.
Respirando fundo, ela saiu da cama e vestiu um jeans e um suéter. Trancou a
porta do quarto e pegou a escada vazia para a recepção. Fora do hotel, uma brisa
fresca vinda do lago a saudou, trazendo a fragrância da lenha queimada nas
lareiras das casas. Ainda não havia nenhum indício do nascer do sol. Apenas as