A garota do lago

(Carla ScalaEjcveS) #1

começou na costa leste, e surpreendeu-se por ter demorado tanto. Esperara por
aquilo em seu retorno do recesso de Natal, e nem mesmo a dissolução da maior
amizade que já tivera conseguiu distrair seu radar interno do que estava por vir.
Ninguém soube como vazou, quem vazou ou de que maneira chegou àqueles
que não deveriam ter descoberto. No entanto, Jack não precisava de um artigo no
jornal ou de um blogueiro do câmpus detalhando os acontecimentos que
provocaram a suspeita de Milford Morton. O que era destinado para os quatro se
espalhara para algumas pessoas que Brad esperava impressionar, e elas
espalharam para mais algumas, e mais algumas depois disso, até que, no fim,
setenta e quatro dos cento e vinte e dois alunos do último ano do curso de direito
comercial de Milford Morton tinham uma cópia do exame roubado.
Uma investigação foi realizada, e os detalhes descobertos se espalharam pelo
câmpus. Apenas um trabalho sério e a provável aplicação de penalidades
poderiam apagar os grafites que um escândalo assim deixaria sobre os muros da
universidade. Era necessário um bode expiatório. Alguém para culpar e
comprometer o futuro. Como um exemplo para os outros estudantes que tomam
decisões tão equivocadas, mas, sobretudo, para mostrar ao mundo acadêmico
que a George Washington era uma universidade fora de série, que não tolerava
tal traição em relação aos padrões.
A universidade conhecia as perguntas certas para fazer os estudantes falarem,
sobretudo aqueles com cursos de direito e futuros políticos em risco. Sem
mencionar pais proeminentes, que esperavam evitar constrangimentos públicos.
Naquele momento, Jack entendeu por que demorou até março para aquilo
estourar. Quando as cartas de aceitação das faculdades de direito começaram a
chegar, seriam usadas para fazer os estudantes certos se abrirem. Na época em
que as tulipas se preparavam para florescer e a grama começava o processo
nutritivo que a traria de volta à cor verde, uma trilha venenosa, bastante oposta à
transformação da primavera, alcançava a porta de Brad e Jack. O reitor da
universidade ligou e pediu que cada um deles comparecesse às três horas
daquela tarde para uma reunião.
Brad e Jack não se falavam desde o Natal, mas a emergência os fez superarem
rapidamente o embaraço.
— Meu pai vai me matar quando isso vier à tona — Brad afirmou.
Ele e Jack estavam sentados no capô do Volvo batido de Jack, estacionado na
margem do rio Potomac. Eles viram um grande rebocador passar puxando areia
do Maine. Ainda fazia muito frio para barcos de passeio, e a água parecia uma
tela vazia que reluzia com o sol do meio da manhã do início de março.
Brad cobriu o rosto com as mãos.
— Acabamos de ferrar com nossas vidas.

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