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Becca Eckersley
Universidade George Washington
13 de maio de 2011
Nove meses antes de sua morte
O CAMPUS COMEÇOU A ENCHER NA QUINTA-FEIRA. NA SEXTA, o
trânsito vespertino ficou congestionado quando os pais convergiram para lá e
ocuparam as ruas da Universidade George Washington para ver a formatura de
seus filhos. Houve boatos da presença de agentes do serviço secreto no câmpus,
pois o vice-presidente deveria proferir o discurso de paraninfo no sábado. Era
um momento emocionante para os formandos, que tinham quase se esquecido do
colega que se enforcara pouco mais de um mês antes. Para a maioria, era apenas
uma estatística, mas, para Becca e Jack, era algo muito mais tangível, pois
ambos haviam tomado parte; tratava-se de um acontecimento em que cada um
sentiu que desempenhou um papel distinto no resultado. E como eles eram tão
próximos daquilo, ignorar o fato ou deixar que ele fosse carregado para o
passado era uma tarefa impossível.
Em 7 de abril, Brad Reynolds tirara a própria vida; ou seja, cinco semanas
antes do dia da cerimônia de entrega de diplomas na George Washington. Desde
então, a vida de ninguém fora a mesma. Brad enviara a mensagem de texto para
Jack pouco antes de chutar a cadeira debaixo de si. Ele ficou pendurado durante
exatos sessenta e três segundos antes de a porta da cozinha se abrir e Becca vê-lo
balançando, pendurado à viga.
As semanas que antecederam a formatura foram de silêncio e isolamento para
Becca e Jack, que passaram a maior parte do tempo juntos. Eles se sentiram
perturbados com o fato de ficarem no apartamento de Jack. Toda vez que abriam
a porta, viam os pés de Brad girando sobre o piso da cozinha. Dormir ali era
simplesmente impossível.
Em meados de abril, Jack recebeu um telefonema do escritório de admissões
da faculdade de direito de Harvard. Uma carta oficial chegou quatro dias depois,
e Jack a colocou ao lado de sua carta de aceitação, recebida meses antes. Becca
pousou a cabeça no ombro dele e chorou quando o abraçou. Ele não demonstrou