A garota do lago

(Carla ScalaEjcveS) #1

fazia quase uma hora.
Entraram na cozinha, com as lanternas iluminando armários, despensa e potes
plásticos com cereais. Nenhum sinal do diário. Ela ficou frustrada. Sem o diário,
não tinha como prosseguir em sua investigação. Um plano antigo de localizar
Livvy e perguntar acerca do diário tomou conta da mente de Kelsey, mas ela
sabia que seria difícil. Primeiro, teria de achar Livvy, e depois convencê-la a
falar. Não havia nenhuma garantia disso. E mesmo que Livvy concordasse em se
encontrar com ela, talvez não soubesse de nada. Isso tudo supondo que o
detetive Madison já não tivesse feito uma visita a Livvy. Kelsey passou a mão no
rosto e fez um gesto negativo de cabeça.
Peter se aproximou dela.
— Oi.
Kelsey o fitou.
— Sinto muito. Gostaria de poder encontrá-lo para você. — Ele deu de
ombros.
Kelsey concordou e fechou os olhos. Peter se aproximou mais um pouco e a
abraçou. Ela pousou o rosto no peito dele, e se surpreendeu retribuindo o gesto e
o abraçando também. Por instantes, pensou nos livros de autoajuda que
sugeriram que ela talvez não fosse capaz de tolerar o toque de um homem
durante certo período, mas se sentiu bem nos braços de Peter. Até segura.
— Gostaria de poder fazer mais por você — Peter afirmou junto ao ouvido
dela.
— Tudo bem. Eu procurava por algo para me ajudar nessa história. Que daria
a informação que não consigo encontrar por minha própria conta. O diário de
Becca era tudo que me restava.
— Alguns segredos devem ser mantidos.
Kelsey se endireitou e encarou Peter. Seus rostos estavam próximos. Os olhos
dele, na cozinha mal iluminada da casa de Millie, eram atenciosos e autênticos.
Ele cheirava a loção pós-barba. Kelsey analisou-lhe a boca carnuda. O que
sentiria se o beijasse? Será que estava pronta e seria capaz de lidar com aquilo?
Além disso, aquele seria o lugar mais adequado ou deveriam simplesmente sair
dali?
Esses pensamentos atravessavam sua mente quando Peter inclinou a cabeça
mais um pouco e seu rosto tocou no dela.
Kelsey piscou algumas vezes antes de arregalar os olhos. Ela levou as mãos às
faces dele e sorriu.
— Diga aquilo de novo.
— O quê?
— O que você acabou de dizer.

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