A garota do lago

(Carla ScalaEjcveS) #1

mesa ter sido limpa, conversaram até se tornarem os únicos clientes no
restaurante. Finalmente percebendo o garçom esperando no canto, Peter pagou a
conta, e os dois se dirigiram ao elevador. O dia seguinte seria incrível.
Quando as portas do elevador se fecharam, Peter apertou o botão para o quinto
andar.
— Em que andar você está? — ele perguntou, brincando.
Kelsey sorriu.
— No mesmo.


NA MANHÃ SEGUINTE, TOMARAM O CAFÉ NUM PEQUENO
restaurante de rua e voltaram a pegar a estrada às nove horas. Perto das dez,
alcançaram os subúrbios de Greensboro e estacionaram o carro diante de uma
grande casa com um gramado bem cuidado e algumas árvores bastante altas,
cujos galhos só surgiam muito acima do telhado.
Kelsey, sentada com o envelope no colo, observava a intimidadora porta da
frente. Peter acariciou o joelho dela, enquanto Kelsey respirava fundo. Enfim,
ela desembarcou do carro e subiu os degraus. Tocou a campainha.
Uma mulher delicada de meia-idade veio atender.
— Sra. Eckersley? — Kelsey perguntou.
— Sim — ela afirmou, com uma expressão séria. — Sou Mary Eckersley.
— Meu nome é Kelsey Castle. Trabalho para a revista Events.
Houve um instante de silêncio entre elas.
— Sei quem você é — Mary Eckersley finalmente disse.
— Desculpe aparecer sem aviso prévio, mas quis vê-la antes de meu artigo ser
publicado.
— E quando isso vai acontecer?
— Dentro de duas semanas.
— Não vamos dar nenhuma declaração para o artigo.
— Entendo. Mas não é por isso que vim.
A sra. Eckersley permaneceu calada.
— Gostaria que a senhora e o seu marido soubessem que esse caso... Essa
coisa horrível que aconteceu com sua filha me tocou de uma maneira como
nenhuma outra história. Sei que isso parecerá invasivo, mas me sinto ligada de
alguma maneira a Becca. E é importante que a senhora saiba que tudo que
escrevi foi tendo Becca em mente. Tendo, em meus pensamentos, o que ela
passou, quando escrevi a respeito de sua vida e... de sua morte.
Kelsey tinha um discurso preparado. Dois parágrafos que ela escrevera e
reescrevera, e dissera em voz alta na frente do espelho do banheiro. E decorara.
Abrangia sua própria luta em relação a ter sido estuprada. Suas perguntas sobre a

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