A garota do lago

(Carla ScalaEjcveS) #1

preocupada de me meter numa encrenca quando saímos juntos. Embora ache que
você se meteria numa encrenca maior do que eu.
— Sem dúvida. Então, o que você acha?
— Na próxima semana, tenho os exames finais. Depois, vou para casa passar
o Natal. Você já terá ido embora quando eu voltar?
— Estarei me mudando, mas não em definitivo. Só devo partir mesmo no fim
de janeiro. Podemos nos encontrar quando você retornar do recesso.
— Ok, Thom. Será nosso jantar de despedida.
— Isso parece terrível. Como se não fôssemos nos ver nunca mais.
Becca sorriu. O professor Jorgensen se apaixonara subitamente.
— Tem razão. Nossos caminhos se cruzarão de novo em algum momento —
ela mentiu, pois, a não ser que fosse aceita em Cornell, o que era bastante
improvável, com certeza jamais tornaria a ver Thom Jorgensen depois que ele
deixasse a George Washington.


ELES ESCOLHERAM A NOITE DE SEXTA-FEIRA, E HOUVE muita
discussão em relação à estratégia. Nas sextas-feiras, havia menos estudantes no
câmpus, pois a maioria se reunia em bares e alguns viajavam para casa. Além
disso, era pequena a chance de um professor estar em algum lugar perto do
Samson Hall. No entanto, o mais importante era que todos — professores,
estudantes, pessoal da limpeza — só voltariam ao prédio na manhã de segunda-
feira, o que daria tempo suficiente para solucionar qualquer problema que
surgisse.
Era meia-noite e estava frio quando Brad inseriu a chave misteriosa na
fechadura da entrada lateral do prédio; uma entrada destinada somente à
faculdade. Ele sorriu quando conseguiu abrir a porta.
— Filho da puta... — Jack soltou fumaça pela boca, que girou em torno deles
levada pela brisa gelada vinda do rio Potomac.
— Não esperava que funcionasse?
— Não sei o que eu esperava.
— Sem recuos agora, Jackie Boy.
— Isso é uma loucura! — Jack segurou o ombro de Brad antes de eles
atravessarem a porta. — Tem certeza de que quer fazer isso? Becca vai se dar
bem no exame final. Ela não precisa de uma cópia dessa maldita prova.
— Vamos, Jack. Pare de embromar.
Os corredores estavam escuros, iluminados apenas por luzes de emergência e
uma luz fluorescente estranha, que ficava acesa permanentemente. O piso
brilhava, encerado com cera com aroma de limão, refletindo as luzes discretas.
Uma hora antes, Jack e Brad viram a última equipe de limpeza deixar o lugar.

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