A garota do lago

(Carla ScalaEjcveS) #1

Kelsey sorriu e seguiu naquela direção. Quando alcançou o consultório,
encontrou a porta aberta. Então, bateu de leve.
Peter Ambrose, sentado à mesa, folheava tabelas e digitava no computador.
Usava vestimenta cirúrgica azul e um jaleco branco com seu nome escrito no
bolso. Era um homem fisicamente atraente, com cabelos cortados bem rentes.
Tinha uma aparência bem americana. Kelsey conseguia imaginá-lo como orador
oficial de sua turma do colégio ou como proeiro da equipe de remo de Yale, onde
ele estudou. Ela havia feito uma pequena pesquisa sobre o dr. Ambrose. Sempre
fazia isso antes de pedir a ajuda de alguém.
Ele ergueu o olhar.
— Olá.
— Olá. Dr. Ambrose?
— Sim.
— Sou Kelsey Castle. Me disseram na recepção que você talvez fosse capaz
de me ajudar.
Ele abriu um espaço na mesa, empilhando as tabelas ao lado. Em seguida,
tirou da cabeça a touca cirúrgica.
— Entre! — Indicou a cadeira. — Em que posso ser útil?
— Estou na cidade escrevendo um artigo a respeito do caso Eckersley.
Trabalho para a revista Events. — Kelsey entregou seu cartão de visitas ao dr.
Ambrose, enquanto se sentava. — Você está familiarizado com o caso?
Por um instante, o médico estudou o cartão dela.
— Só porque a garota foi atendida aqui, mas não me envolvi diretamente.
— Venho tentando obter a autópsia e os prontuários médicos de Becca. Pode
me ajudar em relação a isso?
O dr. Ambrose girou com sua cadeira e jogou a touca cirúrgica no lixo.
— Acho que não. Os prontuários médicos são confidenciais. Você teria de
obter autorização da família.
— Impossível. A família é muito reservada. Não vão me dar permissão para
isso.
— Sem essa aprovação, tenho certeza de que não há muito que eu possa fazer
por você.
Kelsey permaneceu calada por um instante. Em seguida, disse:
— Você tem pleno acesso aos prontuários médicos, não tem?
— Sem dúvida. Se eu quisesse ver.
— Você quer ver?
O dr. Ambrose sorriu.
— Já lhe disse: não cuidei diretamente dela. Assim, não tenho motivo para
ver.

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