A garota do lago

(Carla ScalaEjcveS) #1

sabe como é.
Por um instante, Kelsey, admirada, ficou calada.
— Quando conversamos ao telefone a senhora me disse que ela estava aqui.
— Não, senhorita. Você me perguntou se ela morava aqui, e eu respondi que
sim. Se tivesse perguntado se ela estava em casa, eu teria lhe dito que Livvy
estava doente e cansada de conversar com todos vocês.
Kelsey sorriu ante o encanto insincero da idosa.
— Desculpe-me. Eu entendi mal. A senhora se importa se eu lhe fizer algumas
perguntas?
— Claro que não. Ninguém me perguntou nada.
— Não sei seu nome.
— Mildred Mays. Mas você pode me chamar de Millie. Todos me chamam
assim.
Kelsey tornou a sorrir.
— Millie? Como o do Café Millie?
— Isso mesmo. Comecei o negócio há muitos e muitos anos.
— Estive lá ontem. É muito bonito.
— Sem sombra de dúvida. Livvy fez uma bela reforma quando assumiu o
comando.
— Eu soube que Becca Eckersley estava no café aquele dia. — Kelsey fez
uma pausa. — No dia em que ela morreu. Ouvi dizer que Livvy conversou com
Becca.
— É uma lástima. — Millie abriu a porta de tela e convidou Kelsey para
entrar com um gesto de mão. — Livvy e seu marido são bons amigos de William
e Mary — prosseguiu, virando-se para Kelsey na travessia do corredor. — São
os pais de Becca. — Apontou para uma cadeira da cozinha. — Sente-se. Eu vou
fazer um chá.
Kelsey sentou-se. Através da janela, havia uma visão panorâmica espetacular
das montanhas.
— É uma bela casa.
— Obrigada. — Millie pôs água para ferver e colocou três saquinhos de chá
na beira da chaleira. — Algumas pessoas gostam do lago. Como os Eckersley,
com sua bela casa sobre a água e aquela visão maravilhosa. Nós preferimos as
montanhas.
— As duas são ótimas opções. — Kelsey tirou o bloco de anotações da bolsa.
— Sem dúvida. Os caçadores são o único problema aqui. São muitas cabanas
nas encostas das montanhas, e os caçadores fazem um barulho tremendo em
certas manhãs, atirando com aquelas armas. Mas, como sou uma madrugadora,
isso não me incomoda muito.

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