A garota do lago

(Carla ScalaEjcveS) #1

ocultar os detalhes do caso.
— Sério? Foi o que o delegado me disse. — Kelsey pendurou a bolsa no
encosto da cadeira. — O escritório do promotor público acha que a polícia de
Summit Lake não tem os recursos e a experiência necessários para lidar com um
homicídio. Assim, os detetives estaduais assumiram o comando. — Puxou a
cadeira para a frente. — O que você achou nos prontuários médicos?
— Conseguir essas informações não foi fácil. E não fui capaz de obter tudo o
que você pediu.
— Por que não foi fácil?
— Os prontuários são facilmente acessíveis através de nosso sistema
informatizado, mas tive de me esforçar para descobrir informações sobre a noite
em que Becca Eckersley foi trazida ao pronto-socorro. Seu arquivo foi
classificado num nível de proteção elevado. Ou seja, pouquíssimos médicos têm
acesso a ele. A enfermagem e os paramédicos não têm. Tive de procurar uma
senha para conseguir chegar aos prontuários.
— Desculpe por incomodá-lo. Achei que você teria apenas de acessar um
arquivo. Espero que eu não o esteja metendo em apuros.
— Tudo está informatizado agora. Acessar um arquivo significa procurá-lo
num computador. E eu tinha a senha, mas nunca precisei utilizá-la antes.
A garçonete se aproximou.
— Posso lhe servir uma bebida? — ela perguntou a Kelsey.
— Claro. — Kelsey notou a taça de vinho na frente de Peter. — Também
quero vinho.
— Sauvignon Blanc — Peter informou.
A garçonete sorriu e se afastou.
— Você é cirurgião, certo? Fiz uma pequena pesquisa a seu respeito.
— Sou cirurgião, sim, Kelsey. Cirurgia geral. Mas desde que aceitei esse
emprego, faço mais trabalho administrativo do que operações.
— Há muitos casos cirúrgicos aqui nas montanhas? Achei que com sua
especialização você ia querer estar numa cidade grande.
— Já estive. Por alguns anos, dirigi o departamento de cirurgia do hospital St.
Luke, em Nova York.
— Então, por que está aqui cuidando de papelada?
Peter esboçou um sorriso.
— Desculpe. Estou acostumada a entrevistar pessoas. Assim, às vezes, sinto
dificuldade de conversar sem bisbilhotar.
— É uma boa pergunta. Mas há casos cirúrgicos aqui. As pessoas encontram
um jeito de me achar. Estava ficando esgotado em Nova York. Muitos casos,
muitas horas de trabalho, muito estresse. Temos muito menos cirurgias aqui, mas

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