A garota do lago

(Carla ScalaEjcveS) #1

O IRMÃO DE BECCA ESTAVA NOIVO DE UMA GAROTA CUJOS pais
viviam em Manhattan. Assim, ele fora passar o Natal em Nova York. E sendo
um membro recém-admitido no escritório de advocacia do pai, voltaria de avião
para Greensboro na noite do dia 25, para trabalhar no dia 26. Isso tornava Jack,
Becca e os pais dela os únicos participantes da jornada natalina dos Eckersley
para Summit Lake.
A mesma pressão para se distinguir ocorreria quando Becca se associasse ao
escritório do pai. Mas primeiro ela teria de enfrentar a pós e o exame da Ordem
antes de se juntar aos outros advogados, que consideravam uma jornada de
trabalho de noventa horas semanais a única maneira de provar seu valor.
Eles se aproximaram de Summit Lake perto das seis da tarde. Mesmo sem a
luz do dia, Becca e Jack conseguiam sentir as montanhas a encará-los.
— Está vendo? — Quando eles entraram na cidade, Becca apontou para o
lago, onde duas fileiras de dez casas, sobre a água, apoiavam-se em longos
pilares.
Decoradas com luzes natalinas, as casas brilhantes eram refletidas no lago
abaixo. Um caminho estreito situava-se atrás das residências, e o sr. Eckersley
conduziu o Escalade por ali, estacionando numa pequena vaga, perto da última
casa da fileira. Todos desembarcaram. Estava mais frio naquela região do que ao
nível do mar.
Becca pegou a mão de Jack e o levou ao terraço que circundava a construção.
Os dois caminharam até os fundos, onde ficaram observando o lago.
— O que acha?
— É incrível. Agora sei por que você gosta tanto daqui. O que é aquilo? —
Jack perguntou quando fitou a luz do outro lado do lago.
— O farol de Summit Lake. Na noite de Natal, a luz alterna entre vermelho e
verde. Fica exatamente no lugar onde as montanhas acabam. Do outro lado, o
lago se abre ao longo de muitos quilômetros — Becca explicou. — Está vendo a
árvore?
Sobre os prédios de dois andares, Jack avistou o topo de um pinheiro
brilhando com luzes coloridas e uma estrela cintilante. Becca apertou a mão
dele, lendo a mente de Jack do jeito que sempre fazia.
— Não fique triste. No próximo ano, vamos passar o Natal em Green Bay.
— Sei disso. Mas consigo ver minha mãe chorando na manhã de Natal por eu
não estar ali.
— No próximo ano, minha mãe é que estará chorando. Quando eu tiver trinta
anos, ela ainda irá chorar se eu não estiver por perto na manhã de Natal.
Eles tiraram a bagagem do porta-malas, e em seguida foram para a cidade.
Becca segurava uma boneca, enquanto Jack carregava um caminhão de

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