O Estado de São Paulo (2020-04-01)

(Antfer) #1

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 1 DE ABRIL DE 2020 Economia B7


camilafarani


é o que deve movimentar


globalmente o setor em


2024, diz a consultoria


Markets & Markets


O


mundo praticamente parou para comba-


ter a pandemia de coronavírus. São dias


de incerteza, mas que terão impactos cla-


ros na economia global – haja visto a redução da


projeção do PIB do Brasil este ano. Enquanto


isso, vemos uma movimentação de empresas de


vários setores questionando como podem contri-


buir para a contenção da doença.


Entre elas, estão empresas de redes sociais. Se-


gundo o site Business Insider , gigantes como Goo-


gle e Facebook, por exemplo, estariam negocian-


do com o governo americano formas de tornar


disponíveis dados obtidos pela localização de


seus usuários, a fim de verificar se eles estão obe-


decendo a recomendação da Organização Mun-


dial da Saúde pelo distanciamento social.


Isso é possível porque, segundo a política de


dados do Facebook, por exemplo, a plataforma


pode coletar conteúdo, comunicações e outras


informações que o usuário fornece quando usa


um dos produtos da plataforma. Inclusive, quan-


do cria uma nova conta, envia mensagens ou se


comunica com as pessoas. Ainda de acordo com a


empresa, podem ser coletados a localização de


uma foto ou a data em que um arquivo foi criado.


Entretanto, a possibilidade da utilização desse


tipo de dado por parte de governos levanta diver-


sas polêmicas. De um lado, podem contribuir para


políticas públicas. De outro, é correto que as em-


presas usem esses dados para contribuir em situa-


ções de anormalidade, como a atual? E como isso


se encaixa em leis de privacidade, como a brasilei-


ra Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que


entrará em vigor em agosto deste ano?


Dividi a questão com meus seguidores no


LinkedIn e notei que os comentários estão bas-


tante divididos. Alguns argumentam que há dúvi-


das sobre como os dados serão usados de forma


coerente e ética. Outros questionam se as pes-


soas entendem o que estão compartilhando ao


clicar em “ok” para os termos e condições de uso


da internet. Há senso crítico nesse ato?


A questão é que, no caso do Facebook, a plata-


forma comunica que as informações podem ser


destinadas para realizar e apoiar pesquisas e ino-


vação sobre tópicos relacionados a bem-estar so-


cial geral, avanço tecnológico, interesse público,


saúde e bem-estar. Exemplo disso é que a plata-


forma analisa as informações sobre padrões de


migração durante crises para auxiliar na ajuda


humanitária. Também acredito que, claramente,


é o caso da pandemia do novo coronavírus.


Acredito que a discussão sobre a privacidade é


uma questão pertinente e que os usuários mere-


cem ser respeitados. Uma das saídas, talvez, seja


uma comunicação em larga escala para que os


dados sejam compartilhados com consentimen-


to do público.


]


É INVESTIDORA ANJO E PRESIDENTE DA BOUTIQUE DE

INVESTIMENTOS G2 CAPITAL

AULA DE inovação


Programa seleciona


aluno de rede pública


A ONG Junior Achievement,


de Bety Tichauer (foto) e a es-


cola de negócios StartSe lan-


çam o programa JA Startup.


Gratuito e online, o curso tem


50 vagas para alunos de ensi-


no médio da rede pública e


terá temas como empreende-


dorismo e inovação. Inscri-


ções: http://jastartup.online/.


apoio em créditos


ABStartups libera


US$ 5 mil para nuvem


A Associação Brasileira de Star-


tups (ABStartups), em parce-


ria com a plataforma de com-


putação em nuvem Amazon


Web Services, vai oferecer


US$ 5 mil em créditos pa-


ra startups do País duran-


te a pandemia de coronaví-


rus. Inscrições em:


https://bit.ly/2WWoXSg


[email protected]


Monitoramento via


dados: bom ou mau?


Conhecida pelo Enem,


carioca aportou R$ 55 mi


para lançar faculdade; já


a Quero ajuda parceiros


com matrículas online


Bruno Capelas


Em tempos de coronavírus,


muito tem se falado sobre o


potencial do ensino a distân-


cia (EAD) – afinal, ele possibili-


ta que o aprendizado conti-


nue quando o aluno não pode


sair de casa. Por outro lado,


um debate muito presente


nessa área diz respeito sobre a


eficácia desse tipo de ativida-


de, que, frequentemente, não


passa da transmissão de aulas


filmadas, pela internet, sem


nenhuma adaptação para o


ambiente digital. Uma das


principais startups de educa-


ção do País (ou “edtech”, no


jargão do setor), conhecida


por atividades de reforço para


Enem e vestibulares, a Des-


complica está tentando mu-


dar essa situação no mundo


dos cursos de graduação.


Fundada em 2012 pelo pro-


fessor de Física Marco Fisbhen,


a startup tem 5 milhões de usuá-


rios – muitos deles pagam R$ 20


por mês para ter acesso aos con-


teúdos de preparação para os


exames de ingresso numa facul-


dade. Agora, a empresa está in-


vestindo R$ 55 milhões para lan-


çar a Faculdade Descomplica,


nova divisão da empresa que vai


oferecer quatro cursos neste se-


gundo semestre: Administra-


ção, Ciências Contábeis, Recur-


sos Humanos e Pedagogia.


Já aprovados pelo Ministério


da Educação (MEC), os cursos


serão quase 100% online – a ex-


ceção fica por conta de algumas


avaliações, que terão de ser pre-


senciais por exigência do MEC.


Já as aulas não terão a duração


de uma ou duas horas, mas serão


divididas em pequenos vídeos


para chamar a atenção do aluno.


“Os cursos de EAD hoje tem


aulas de uma hora e meia, duas


horas, que distraem o estudan-


te. Nossas aulas serão de cinco


minutos, com conteúdo. As dis-


ciplinas serão todas divididas


em microaprendizados”, expli-


ca Daniel Pedrino, diretor da Fa-


culdade Descomplica. Ao fim


de um grupo de cinco vídeos, o


aluno faz uma pequena avalia-


ção para recapitular o que apren-


deu e pode também participar


de um fórum com os colegas.


“Com vídeos mais curtos, dá pa-


ra o aluno assistir pelo celular e


não ficar desconfortável.”


Certificados. Para ajudar na in-


serção dos alunos no mercado


de trabalho, os cursos também


ganharam uma nova organiza-


ção interna. “Em vez de organi-


zarmos os cursos por semestre,


estamos dividindo por temas.


No curso de Recursos Huma-


nos, por exemplo, haverá uma


vertical de recrutamento e sele-


ção, outra de teoria organizacio-


nal”, explica Pedrino. A ideia é


que o aluno se especialize em um


assunto por vez. “Quando se sa-


be o que está aprendendo dentro


de um tema, há mais vontade de


aprender.” Além disso, a cada te-


ma aprendido, o aluno recebe


um certificado intermediário,


que pode apresentar a um possí-


vel empregador mostrando que


ele já domina o assunto.


Com mensalidades que vão


de R$ 199 a R$ 219 e duração de


dois a quatro anos, os cursos co-


meçarão em agosto. Os alunos


que forem aprovados agora, po-


rém, poderão começar a assistir


às aulas já neste mês de


abril. “No momento em que es-


tamos vivendo, com o coronaví-


rus, a educação online já não é


mais o futuro, é o presente”, diz


Fisbhen, presidente executivo


da Descomplica. Por uma exi-


gência regulatória, os cursos te-


rão apenas 300 vagas cada, mas


a meta da startup é expandir is-


so nas próximas temporadas.


A oferta de cursos também se-


rá maior no futuro – a empresa


projeta cerca de 20 graduações


a mais em 2021, incluindo áreas


como Engenharia. “Para os cur-


sos que precisarem de aulas em


laboratório, vamos criar uma


plataforma que o aluno poderá


mandar os comandos da sua ca-


sa e ver um robô fazendo as ativi-


dades fisicamente, na nossa se-


de”, prevê Pedrino. Para dar


conta dessa estrutura, a empre-


sa pretende fazer um bom nú-


mero de contratações, saltando


de uma equipe de 120 pessoas


na Faculdade Descomplicada


para cerca de 300 – entre as va-


gas, haverá espaço para desen-


volvedores, roteiristas, profes-


sores e produtores de vídeo. Já


a Descomplica, ao todo, tem


320 funcionários hoje.


Para Arthur Garrutti, executi-


vo da área de startups da empresa


de inovação Ace, a Faculdade Des-


complica chega em boa hora.


“Existe um grupo ávido por esse


tipo de produto”, diz. Já Amure


Pinho, presidente da Associação


Brasileira de Startups (ABStar-


tups), o grande trunfo da empre-


sa é ter conhecimento de tecnolo-


gia, mas também profissionais


que vieram das salas de aula. “O


Descomplica vai conseguir usar


muito forte dados, inteligência ar-


tificial e outras tecnologias para


apoiar o aprendizado. É um dife-


rencial”, afirma. Na visão dele, a


diferença de preço entre o valor


do reforço para vestibula-


res e da faculdade não


é um problema. “O aluno vê as


duas coisas de forma diferente.”


Vestibular digital. Quem tam-


bém está de olho em como aju-


dar alunos em meio ao coronaví-


rus é a QueroEducação, de São


José dos Campos. Dona de um


sistema que ajuda estudantes a


conseguirem descontos em


uma rede de 1,3 mil faculdades


parceiras em todo o País, a em-


presa lançou uma espécie de “se-


guro-desemprego” para quem


não conseguir pagar o boleto da


faculdade por não ter renda du-


rante a crise da covid-19.


A empresa também estendeu


às faculdades parceiras dois pro-


gramas que antes estavam dis-


poníveis apenas para os alunos


que usavam seus serviços: vesti-


bulares e matrículas totalmen-


te digitais. “Sabemos que as ins-


tituições terão problemas e é


bom ajudá-las”, afirma André


Narciso, presidente executivo


da QueroEducação.


Outra ferramenta que a em-


presa lançou mão é a utilização


de seu canal de atendimento aos


alunos para orientá-los sobre ati-


vidades acadêmicas – divulgan-


do se há interrupção de aulas ou


substituição por atividades onli-


ne, por exemplo. “Criamos até


um sistema para que os atenden-


tes possam trabalhar de casa, fa-


lando com os alunos sem se des-


locar até a empresa”, diz Narci-


so, que tem liderado a expansão


da startup – nos últimos anos, a


Quero saltou de 350 para cerca


de 550 pessoas.


Para Garrutti, da Ace, o impac-


to da QueroEducação irá além da


época da pandemia. “Ela vai con-


seguir surfar nas plataformas físi-


cas e vai ajudar empresas tradicio-


nais a migrarem para o mundo


digital, além de gerar indicações


para as parcerias”, afirma. “É


uma grande oportunidade.”


startups brasileiras criam


tecnologia esportiva, segundo


estudo da Liga Insights


US$ 31,1 bi


PATRICIA CANÇADO./30/3/2020

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insight


“Só o fato de o


aluno já conseguir


fazer vestibular e


matrícula de casa


nesse momento


conta muito.


Sabemos que as


faculdades terão


momentos difíceis


por conta do


coronavírus e é


bom ajudá-las.”


QUEROEDUCACAO

Descomplica e QueroEducação investem


para deixar educação mais digital


DESCOMPLICA

Passo. Após


aulas de


reforço,


Fisbhen, do


Descomplica,


aposta na


graduação


André Narciso


Presidente


executivo da


QueroEducação


DE LONGE

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