CHARLOTTE

(Casulo21 Produções) #1

  • Incrível, Bernadete. Você está aí chorando, cantando, rezando porque a
    sua filha nasceu diferente, e essa mãe chora e grita porque acabou de perder uma
    filha. Uma menina linda, loira, de olhos azuis, primeira aluna da classe.

  • É?
    Outro soco no estômago. "Aí eu disse: Para quê, senhor? E não mais: Por
    que eu? Ba de novo na porta: Dai-nos sabedoria para colhermos o que não
    conseguimos entender, e perdoa-me pela minha pequena fé, por eu estar tão
    destroçada porque minha filha nasceu diferente." Ela então saiu da posição de
    joelhos, pegou a filha e fez, sem saber, a primeira terapia de pele com ela.
    Arrancou os botões da camisola, rou a roupinha do bebê e, com o corpo unido
    ao dela num terno abraço, tentava buscar uma résa de vida naquele ser tão
    próximo e tão desconhecido: "Sente os órgãos da mãe. Existe um som de vida no
    meu corpo que tu conheces. Entra de novo nesse som e que a mãe possa senr
    nesse toque o que é preciso fazer pra te melhorar, pra te abrir os olhos. A mãe
    não sabe nada a teu respeito. Perdoa a ignorância da mãe."
    Na época em que Charloe nasceu não se falava em terapia de pele, hoje
    tão difundida e reconhecida pela sua importância. É provado que crianças
    recém-nascidas, as prematuras principalmente, têm seu desenvolvimento
    acelerado através do contato cutâneo, e que as mães podem servir até de
    "incubadoras" humanas para seus bebês. Outro po de esmulo que Bernadete
    aplicou na filha, e do qual também não sabia na ocasião qual seria o resultado, foi
    um exercício nos músculos bucais. Com as noções que possuía de anatomia
    humana, aprendidas durante um curso feito em São Paulo quando iniciou-se na
    profissão de estecista, ela começou a massagear a língua e o palato da
    criancinha com os dedos polegar e indicador. Repea 80 , 100 vezes. "Eu não nha
    o que fazer na maternidade, meu corpo sico estava em estado de relaxamento.
    Quando isso acontece, as nossas percepções, o nosso eu verdadeiro, aflora. A

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