ela é assim..." Bem, o menino não sabia explicar o que era síndrome de Down,
mas as crianças da sala entenderam. A professora não.
Ficou assustada, não sabia o que falar aos alunos, o que fazer diante
daquela situação inesperada. Um garo nho de seis anos havia lhe rado o chão. A
cena protagonizada pelo filho trouxe Bernadete, dias mais tarde, àquele local,
para par cipar de uma reunião promovida pela coordenação e com par cipação
dos pais dos alunos. A síndrome de Down, ao menos para o grupo que esteve
presente lá, nha sido desmis ficada.
Duas mudanças de estação ocorreram desde o curso de yoga em Belo
Horizonte. O clima já não era tão frio. As flores voltavam a brotar. Em casa, nos
consultórios, nas clínicas, a pequena flor con nuava a ser regada. E os resultados
desabrochavam. Charlo e já era um lindo girassol naquela primavera de 1986.
As mãos da mãe não desanimavam. Fazendo massagens levavam vida para
a filha, traziam rendimento para a casa. As mesmas mãos de que já sen ra
vergonha agora eram seu instrumento, seu sustento.
Logo que o pai morreu e a mãe casou-se novamente, a menina Bernadete,
revoltada, dona da verdade aos seis anos de idade, resolveu morar com os avós
maternos. A casa ficava na mesma rua Ipiranga onde viria a ter sua residência com
José, após voltar de São Paulo, viúva, com o filho.
Muito verde, muitas árvores, tantas tarefas a cumprir diariamente. A lenha
para alimentar o fogo era cortada e carregada pela menina. Os grãos para
abastecer os animais eram lançados por entre as grades pelas mãozinhas que com
o passar dos anos foram ficando rudes.
Sete anos mais tarde, as mesmas mãos, ainda ásperas, carregavam uma
única mala com os pertences da jovem tomada de ilusões. Chegara enfim à cidade
grande.
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(Casulo21 Produções)
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