Aos quatro anos, Maicon brincava com um carrinho de metal, desses que
vêm em grandes caixas, com vários exemplares diferentes. Puxava o carrinho para
trás e ele seguia veloz. Puxava novamente e o brinquedo quase levantava voo. De
novo. Mais uma vez. Dentro em breve a brincadeira perdera a graça. Movido pela
curiosidade comum às crianças, o garoto resolveu desmontar a engenhosa
engrenagem de peças miúdas. Uma delas, por descuido, entrou na parte superior
da pálpebra e chegou ao cérebro. Maicon entrou em coma.
Desesperado à procura de uma solução, o avô do menino foi procurar
Bernadete. Tinha ouvido falar dela e dos resultados ob dos com várias crianças.
Desde então, Maicon frequenta a escola. Aos doze anos sabe ler, escrever e não
perde a oportunidade de demonstrar carinho pelas pessoas. É uma das crianças
mais meigas que já conheci.
As sequelas resultantes do coma foram, além do retardamento nas funções
cerebrais, dificuldades de mobilidade nos membros do lado destro do corpo. A
planta do pé direito não chega a tocar o chão. A mão direita não pode ser
es cada.
Entre todos os exercícios de rastejar, rolar e caminhar, o menino u liza o
braqueador. Sobe a escada lateral, segura na parte superior e solta o corpo.
Bernadete está embaixo. Maicon ra a mão esquerda e passa para o degrau da
frente. Por alguns breves instantes ele fica pendurado apenas pela mão lesada. No
próximo passo, que é rar esta mão e passá-la para a frente, ele cai. Bernadete
pede que repita o exercício. Mais uma queda. Repe ção. Queda. Repe ção.
Queda. Por hoje chega.
Maicon consegue suportar o peso do corpo segurando-se com a mão
direita, exatamente a que tem problema. A esquerda, perfeitamente normal, não
lhe passa segurança. O que impede o garoto de realizar o exercício não é a falta de
força nessa mão, mas a falta de confiança. Bernadete fica observando,
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(Casulo21 Produções)
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