De volta à escola, já na semana seguinte, eu e Bernadete con nuamos a
conversar. Na sala ao lado, os gêmeos Lucas e Gabriel diver am-se com as
professoras, riam, brincavam. Estavam felizes, talvez intui vamente, porque não
precisariam mais vir à escola e fazer os sacrificantes exercícios. Em dois meses os
meninos haviam do uma melhora considerável nos movimentos.
Só que, segundo Bernadete, eles teriam que ser mais es mulados, ainda
não nham rendido o máximo, poderiam ficar ainda melhores.
A decisão de não mais frequentar a escola fora tomada pela mãe dos
meninos. Ela vinha todas as manhãs com os filhos. Mora longe. Trazê-los até ali
lhe dava trabalho.
A escola não cobra mensalidade dos alunos, já que a maioria deles vem de
famílias pobres. O transporte até o local, muitas vezes é dado pela prefeitura,
como no caso da mãe dos gêmeos. O sustento da escola provém de doações,
promoções, eventos e das aulas de yoga, ministradas à noite por Bernadete e por
outra professora.
Numa das primeiras vindas à Escola Charlo e, pude presenciar uma cena
ocorrida logo após a realização de uma feira, que arrecadou fundos para a
ins tuição. Bernadete me chamou na secretaria onde estava a tesoureira da
escola e Zequinha, secretário e seu irmão. Sobre a escrivaninha havia várias pilhas
de dinheiro. Pensei que ela fosse logo querer saber quanto a feira nha rendido,
como inves riam aquela quan a ou se haveria contas para pagar. Bernadete uniu
as mãos em oração e agradeceu.
De imediato me veio à lembrança uma frase escrita por Victor Hugo, poeta
francês: Desejo que você tenha dinheiro e que pelo menos uma vez por ano
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(Casulo21 Produções)
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