Mostro também uma miniatura de tear já pronta, com os fios passados e realizo o
movimento da lançadeira tramando.
Esta ação foi incluída no roteiro para demonstrar visualmente a
grandiosidade de um trabalho de tecelagem manual, e toda a paciência e habilidade
que ela requer. Também pretende incentivar a prática de uma atividade simples,
com materiais acessíveis, que aperfeiçoa a coordenação motora fina, a concentração
e retoma o prazer em se produzir algo com as próprias mãos. Além do mais, acredito
que na experimentação se aprende a dar valor ao trabalho do outro, percebendo as
razões de uma obra artesanal ser mais dispendiosa do que uma fabricada
industrialmente.
Para ilustrar a menção ao bordado no texto, pego da cestinha sobre a mesa
um pedaço pequeno de tecido branco com motivos de flores bordados. Por fim, ao
me referir à seda, puxo do cesto que está no chão, um lenço feito desse material e
que será usado como elemento cênico na história seguinte.
Nesse país viveu certa vez uma senhora viúva, mãe de três filhos. Ela
trabalhava fazendo lindos brocados de cores radiantes, desenhos incríveis.
Com o que conseguia vendendo os tecidos, ela sustentava sua família. Eram
muito pobres. Moravam numa casa muito velha, num lugar seco, feio, um
terreno onde nada brotava.
Um dia, ao voltar para casa da feira, passou em frente a uma loja. Viu,
no alto da parede, um quadro, uma tela pintada por um artista, em que havia
uma paisagem maravilhosa. Era uma paisagem dos sonhos. A mulher ficou
olhando quase que hipnotizada, pensando que seria tão feliz se pudesse morar
num lugar como aquele. Havia na paisagem uma grande árvore, bem verdinha.
Também uma casa branca com janelas azuis, uma lagoa de águas cristalinas,
muitas flores e borboletas coloridas. A mulher foi pra casa sem conseguir tirar
aquela imagem da cabeça.
Chegando em casa ela contou aos filhos sobre o quadro, a paisagem, e
que era um lugar onde ela gostaria de morar. O filho mais velho riu: “Só se for
em sonho”. O filho do meio desdenhou: “Ou talvez numa outra vida”. Com
pena da mãe, o caçula sugeriu: “Por que você não tece um brocado com essa
imagem? Assim, enquanto estiver trabalhando, haverá de sentir como se
morasse mesmo num lugar tão bonito”.