mas logo aceitou a troca. Ficou contente da vida por ter ganhado um casaco
novo e muito quente. Khaim ficou mais feliz ainda. Voltou pra casa.
Ele e a família colocaram o casaco de retalhos sobre a mesa e abriram
os retalhos, tirando todo o dinheiro de lá. A quantia que tinha conseguido
serviria para sustentá-los por um bom tempo.
Com essa história, Khaim aprendeu também que tinha uma profissão:
era violinista! Desse dia em diante passou a tocar seu violino profissionalmente,
em teatros e também nas praças onde todos podiam apreciar a beleza das
melodias que tocava.
O primeiro parágrafo deste conto é narrado enquanto costuro o panô de
feltro, em continuação ao texto anterior, o que não delimita para o espectador onde
acaba um e começa outro, ou onde é conto pesquisado e onde é narrativa autoral.
Quando Khaim toma a decisão de sair a pedir esmolas, levanto-me e passo a contar
de pé. Assim permaneço até o final do espetáculo.
Conciliar a atuação, com a lembrança do texto, improvisação, interação com
a plateia e a costura foi uma das coisas mais difíceis de fazer. Só depois de algumas
apresentações é que fui encontrando o tempo certo, o jeito de realizar naturalmente
todas as ações simultâneas. Como o panô é exibido ao final, teria de realizar sua
feitura de forma harmoniosa e visualmente agradável. Os pontos teriam que sair
simétricos, regulares. Facilitou-me usar o feltro, que é mais rígido, simples de
manusear e não puxa fios. Por outro lado, não tendo uma bancada para apoiar o
tecido ou almofada sobre as pernas para ganhar altura, tinha a dificuldade de segurar
o trabalho, mantendo-o esticado, na posição ideal para enxergar onde dar os pontos.
O panô já estava costurado em boa parte no início do espetáculo. Dos quatro
quadrados que o completam, três já encontravam-se unidos, mais uma barra em
forma de cós, onde passa uma agulha de tricô para dar-lhe sustentação ao ser
pendurado. Em cada quadrado também já estavam aplicadas figuras alusivas a cada
conto: uma tenda, um cavalo, um violino e uma tesoura. Restava apenas costurar
em cena duas laterais do quadrado solto, completando o panô. Porém, não é tão
simples quanto parece.
Além do manuseio ser desfavorável e da combinação com a narração, há
outro fator complicador e que só fui constatar na primeira apresentação. Nunca
havia costurado em público e, como esta não é uma atividade que faço com