Revista Agilize

(Gabriel AmorimjpWIKH) #1

que acaba de passar por um epi-
sódio traumático após perder sua
filha poucas horas após o início
do surto do fungo Cordyceps,
que transforma as pessoas em
uma espécie de zumbis. Após
um salto temporal de vinte anos,
o personagem virou um contra-
bandista violento que faz de tu-
do para sobreviver, e agora tem
a missão de cruzar os Estados
Unidos com uma garota que
pode ser a chave para a cura da
pandemia que devastou o plane-
ta. A menina é Ellie, uma ado-
lescente órfã, desbocada e so-
nhadora, que nasceu durante o
surto e somente conhece o
mundo na forma que ele se
encontra no game.


Escalados a dedo e com ma-
estria, Pedro Pascal e Bella
Ramsey dão vida a Joel e Ellie,
respectivamente. Quando o
foco da narrativa está nos dois
astros, The Last Of Us con-
segue transcender o jogo ao
maximizar as emoções e senti-
mentos, em uma espécie de es-
tudo de personagem. Aqui, Joel
não é só mais um ameaçador
traumatizado, mas um homem
que busca uma razão para viver
e sente o peso das perdas ao
longo de sua jornada. No mes-
mo degrau de perfeição, a Ellie
de Ramsey consegue caminhar
entre a leveza - nos poucos
momentos de diversão da série


  • e a vulnerabilidade, sentida a


Um pai sem filha, uma
filha sem pai
Entre olhares silenciosos de
Joel às piadas sem graça de Ellie,
a relação entre os dois persona-
gens se desenvolve aos poucos,
capítulo a capítulo, enquanto
lutam pela sobrevivência contra
os infectados e, pior que isso,
contra os nefastos seres-huma-
nos que sobreviveram.
Em uma jornada épica, os
traumas compartilhados acabam
aproximando os dois e a dinâ-
mica entre a dupla, formada por
um homem devastado pela tra-
gédia e uma menina que só co-
nheceu a desgraça desde que
nasceu, formam o coração do
game - e que é traduzida com
perfeição na adaptação.

Igual, mas diferente
A intenção de ser fiel ao ma-
terial original foi ainda mais
fortalecida após o criador do
jogo, Neil Druckmann, ser a-
nunciado como cocriador da
série ao lado de Craig Mazin (o
showrunner de Chernobyl). Am-
bos aproveitam a trama origi-
nal e conseguem transparecer
em tela a ideia de fidelidade ao
original, com a replicação de
diálogos e até mesmo enqua-
dramentos. Ainda assim, sobra
espaço para pequenas adições
que não só expandem o uni-
verso, mas também servem pa-
ra preencher alguns buracos
que o game deixou.

Pascal e Ramsey. Foto: Liane Hentscher/HBO
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