A essa vertente, o cinema de
guerrilha, faz questão de evi-
denciar a importância das par-
cerias, sejam elas indígenas ou
não.
“Trabalho com crianças indí-
genas, numa visão de futuro.
[Trabalho] com os mais velhos
para imortalizá-los, pois o au-
diovisual tem essa potência.
Trabalho também com pesqui-
sadores não indígenas, pesquisa-
dores sérios, que são colaborati-
vos e não extrativistas. Parceria
com universidades dentro e fora
do Brasil, como em Coimbra,
fundado por Boaventura.”
Marcelo destaca que o cinema
está presente em território ala-
goano desde a década de 1980,
quando se iniciou o processo de
reconhecimento territorial.
Pesquisador das áreas biológi-
cas, tem na saúde coletiva uma
pauta recorrente. A ela, juntam-
se as questões da terra e do ter-
ritório, além do ecocídio, como
principais temas de interesse,
especificamente no nordeste
brasileiro. Versátil, o produtor
também é fundador de um co-
letivo de audiovisual composto
por indígenas do povo tingui-
botó, a Tingui-Botó Filmes.
Há várias produções indepen-
dentes. Alguns dos documentá-
rios encontram-se disponíveis
nas plataformas Narrativa indí-
genas do Nordeste e YouTube.
É uma produção de cinema
etnocêntrico, através da qual
valoriza-se as práticas culturais
como uma estratégia de resis-
tência em meio ao modelo an-
tológico hegemônico posto na
sociedade atual.
Perguntado sobre as dificul-
dades mais comuns em seu tra-
balho, o também diretor desta-
cou os apoios para projetos, pois
não basta ter editais; estes de-
vem ser adequados ao perfil da
produção de autoria indígena.
Em sua maioria, são voltados a
um público artístico que mora
nas capitais e sua construção de
escrita é algo que fere direta-
mente a lógica das comunida-
des, pontuou. Além dos equi-
pamentos audiovisuais, que são
comercializados por valores e-
xorbitantes, o que os tornam de
difícil aquisição para quem
trabalha atualmente com cine-
ma.
GRUPO INDÍGENA NO AUDIOVISUAL. Foto: Divulgação